Zeus esconde a cara, chateado com a nova integrante da família. Foto / Facebook/Reprodução 
E quando aquele cãozinho ou gatinho que reinava feliz pela casa, ganhando todo o carinho do seu dono ou de sua dona, se vê obrigado a dividir essa atenção e amor com a chegada de um novo membro, que pode ser um outro animalzinho, um bebê, um namorado ou namorada? E aí, será que rola um ciúme?
Pois saiba que a resposta não é tão simples como a gente pensa, tipo: claro que eles sentem ciúmes! Ou então: animais não têm esse tipo de sentimento. Ciúme é um assunto muito mais complexo do que a gente imagina e, por incrível que pareça, tem raízes lá nos nossos antepassados.
Vou tentar resumir aqui um pouquinho do que aprendi sobre isso. Desde que o ser humano começou a viver em grupos –isso há milhões de anos–, deu logo para perceber o quanto era importante o afeto de outro ser humano para a nossa sobrevivência; e vem daí esse sentimento chamado ciúme, que nada mais é do que uma reação à perda ou mesmo à possibilidade da perda. A atenção, o carinho do outro, é muito importante para nós.
Dito isso, vamos falar sobre os cães, que praticamente saíram de uma intervenção humana –não forçada– sobre os lobos. Explico: os lobos foram se chegando aos grupos humanos e em pouco tempo se transformaram em melhores amigos, dando origem aos cachorrinhos que hoje habitam nossos lares.
Acontece que essa proximidade fez com que os cães criassem uma dependência do ser humano, não só em relação à alimentação, mas ao afeto e atenção também. E quando vemos um cão protegendo seu território ou sua comida, ele está simplesmente protegendo os seus recursos. E, diga-se de passagem, o ser humano para ele se transformou num recurso tão ou mais importante que tudo na sua vida. E isso também pode ser estendido aos gatos, que apesar de mais independentes, são extremamente possessivos.
Estou de mal…
As redes sociais estão repletas de fotos e vídeos de animais dando chiliques por conta de ciúmes. Na semana passada, eu nem acreditei quando vi o vídeo de uma mulher que trouxe um gatinho para viver na sua casa, e a sua gata, extremamente nervosa, saiu do ambiente miando muito. E o que se ouve em seguida é o barulho de coisas se quebrando. Na legenda, a mulher explica que a gata ficou com tanto ciúme que quebrou vários objetos que estavam na cozinha. Fala a verdade se isso não é a mais pura demonstração de uma gata enciumada?
Uma outra cena que viralizou é a do pitbull Zeus sendo apresentado para a mais nova cachorrinha da família, a Safira. Por mais que o seu dono insista na aproximação dos dois, ele se recusa a olhar, fica de costas, com a cara enfiada na parede, como que querendo dizer que aquilo estava sendo demais pra ele. Já um outro vídeo mostra uma mulher tentando se aproximar do namorado, mas a cachorra dele simplesmente não permite, avança, fica nervosa, impondo uma linha imaginária até onde essa mulher pode chegar.
Num primeiro momento, a gente ri dessas situações, mas se pararmos pra pensar, esses animais estão sofrendo porque estão sendo obrigados a dividir o bem mais precioso que conquistaram: o afeto de seus donos.
Mas é importante lembrar que, com muito carinho e jeitinho, é possível resolver essas situações e fazer com que todos vivam na mais santa paz. No caso de Zeus e Safira, por exemplo, hoje eles são melhores amigos, com vídeos e fotos que os mostram se derretendo de amor um pelo outro. Não consegui notícias da mulher e de seu namorado –não sei se continuam juntos e se ela ainda está com todos os dedos das mãos– e quanto à gatinha nervosa que descontou o ciúme que sentiu nas coisas da sua dona, também não sei dizer se ela já a perdoou.
A verdade é que ciúmes ou posse de recursos são sentimentos idênticos que tanto seres humanos quanto animais de estimação possuem. Portanto, toda atenção é pouca caso você provoque uma crise de ciúme em seu bichinho de estimação. Aconselho pedir desculpas e dar muito carinho a ele, porque um pet enciumado é capaz de tudo para defender o seu bem mais precioso: você.
Adote
> Edna Petri é jornalista (MTb nº 13.654) há 39 anos e pós-graduada em Comunicação e Marketing. Mora na Vila Ema há 20 anos, ama os animais e adora falar sobre eles.
