Do alto de seus 15cm, Johnny inundou nossas vidas de amor. Foto / Arquivo pessoal

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Quem acompanhou a minha coluna semana passada ficou sabendo como é que o Kinder, um cachorro da raça poodle, chegou para morar comigo e com o meu marido, tão logo nos casamos. A história não começou muito bem, mas os acontecimentos que se sucederam fizeram dela uma história única (se você não leu, dá um clique aqui para conferir).

Kinder marcou muito a minha vida, de meu marido e filho e, por isso mesmo, demorou muito para que criássemos coragem de ter um novo membro para a nossa família. Foi então que eu (sempre eu) acabei encontrando um casal de idosos –muito fofinhos, por sinal– que tinha um casal de poodles que tinha acabado de ter um casal de poodles. Deu pra entender?

Não era a minha intenção ter um outro cachorro da raça poodle, mas o destino assim o quis, e lá fui eu buscar a cachorrinha –sim, resolvi que seria uma fêmea. O problema é que a danadinha começou a correr feito louca no quintal, doidinha, doidinha. Meu marido, que estava comigo, disse assim: não vai rolar essa doidinha dentro de um apartamento, melhor não levar.

Percebendo a situação, a dona dos animais perguntou se eu não queria ficar com o machinho, que era mais calmo. Eu, que nem imaginava sair de lá de mãos abanando, rapidamente aceitei a oferta e saí antes que o maridão dissesse algo.

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Quando chegamos em casa percebi que o cachorrinho andava por tudo, como se já conhecesse todos os ambientes. Resolvemos dar a ele o nome de Johnny. E toda vez que a gente o chamava, ele fazia exatamente igual ao Kinder: parava na nossa frente e ficava de costas para que a gente o pegasse. Já começamos a achar aquilo esquisito.

A primeira visita que recebemos foi da minha melhor amiga, a também jornalista Gisela Natal. Tão logo ela entrou em casa, o Johnny correu na direção dela, todo feliz –como se já a conhecesse– e ficou de costas esperando que ela o pegasse no colo. Minha amiga começou a chorar abraçada a ele e falando: “Esse aqui só pode ser o Kinder”. Foi então que eu chorei junto. Duas tontas…

Na primeira consulta com o veterinário –o mesmo do Kinder–, mais coincidências. O médico percebeu que o Johnny só possuía um testículo, igualzinho o Kinder, e que o outro testículo estava parado no mesmo lugar que o de seu antecessor. O veterinário riu da coincidência, mas eu já estava achando tudo aquilo pra lá de esquisito.

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Passando informações

Quando o Johnny estava com uns 8 meses de vida, fomos na praia e ele, correndo pra lá e pra cá, acabou quase que desmaiando de cansaço. Estranhei aquilo porque ele era muito novo para se cansar daquele jeito, e assim que voltamos levei-o no veterinário. Então, tome mais coincidências…

O veterinário –dessa vez– não conseguiu sequer disfarçar a surpresa ao constatar que o Johnny tinha a mesma doença cardíaca do Kinder e iria tomar os mesmos remédios. “Nossa, se eu acreditasse em reencarnação, diria que o Kinder reencarnou”, falou o médico, com um sorriso meio bobo.

Kinder passou muita informação para o Johnny, que captou tudo… Foto / Arquivo pessoal

Eu, que já tinha percebido um monte de coisas parecidas entre um e outro –jeito de brincar, comidas preferidas, até o jeito de correr–, fiquei sem saber o que dizer para o médico. O fato é que eu realmente achava que aquele cachorro era a cópia do Kinder, mas como dizer isso em voz alta?

Como sou espírita, resolvi pesquisar um pouco mais sobre o que acontece com os animais quando eles morrem, principalmente os animais domésticos, que convivem diariamente com a gente. Mas a literatura sobre esse assunto –quer dizer, literatura boa, confiável– é muito pouca, quase nada.

Pelo que pesquisei, quando nos apegamos muito a um animal e ele morre, o amor que demos a ele é uma das melhores energias para o seu crescimento espiritual e, às vezes, ele retorna para passar para um outro animal que vai ficar naquela casa “informações” (entre aspas) sobre como se comportar, do que aquela família gosta, de como ele deve fazer determinadas coisas. Isso tudo para agradar as pessoas com as quais ele conviveu e que o fizeram sair com uma bagagem maior de amor.

Isso é até difícil de explicar e, claro, ninguém é obrigado a aceitar essas minhas conjecturas. Talvez sejam apenas coincidências mesmo. Por amar tanto esses danadinhos, queremos que eles vivam para sempre, mesmo que em outra pelagem.

O nosso melhor

Johnny fez 15 anos, ontem, dia 29 de dezembro. É um senhorzinho lindo, cara de bebê, jeito de moleque e um amor tão grande por nós que nunca, nesses 15 anos, conseguimos viajar sem que ele estivesse por perto.

Johnny é um fiel companheiro, inclusive enquanto escrevo esta coluna. Foto / Arquivo pessoal

Ele não fica com absolutamente ninguém, muito menos em hotelzinho ou seja lá o que for. Ele simplesmente não consegue ficar sem um dos membros da família por perto. Isso é a única coisa que depõe contra ele. Mas, espera aí: será que depõe mesmo? Desde quando ter muito amor é algo ruim? Por isso mesmo, lá em casa a gente se reveza para receber esse amor e dar ainda mais do nosso.

Tanto o Kinder quanto o Johnny nos ajudaram e ainda nos ajudam na nossa caminhada evolutiva. Tenho certeza de que esses animais fantásticos nos fazem seres humanos melhores e, nós, todas as vezes que os tratamos com respeito e carinho, fazemos com que eles experimentem o que nós, seres humanos, temos de melhor: o nosso amor. Acho que é por isso que eles sempre voltam…

Adote

> Edna Petri é jornalista (MTb nº 13.654) há 39 anos e pós-graduada em Comunicação e Marketing. Mora na Vila Ema há 20 anos, ama os animais e adora falar sobre eles.

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