Já é possível fazer música boa online com parceiros a milhares de quilômetros. Foto / Henrique Macedo

Henrique Macedo é jornalista (MTb nº 29.028) e músico. Mora há 40 anos na Vila Ema.

– Ciao, Masoni, tutto bene?

– Josten, how about we play another standard?

É assim, gente do mundo todo, uma grande Babel. Mas quando tocamos os primeiros acordes, a linguagem universal da música supera todas as barreiras linguísticas e a jam session começa. Cada um em sua casa, alguns a milhares de quilômetros de distância, outros a poucos quarteirões, não importa. O barato de poder tocar com outro músico ao vivo, mesmo à distância, não tem preço.

Sem poder sair de casa para tocar nos bares ou ensaiar com minha banda de jazz, comecei a pesquisar programas para tocar online disponíveis na internet. Já conhecia o JamKazam, um dos mais famosos, mas a experiência havia sido ruim por questões técnicas. Há outros programas também como o Jamulus e Sonobus (este com uma qualidade de áudio muito boa). Com internet mais veloz, cabo de rede (esqueça wi-fi), uma interface de áudio e um notebook, comecei a fuçar.

A configuração do programa é um pouco confusa e exige certo conhecimento técnico, mas já tem tutoriais na internet para auxiliar quem tiver dificuldade. Assim que consegue entrar, o músico pode iniciar uma sessão ou procurar alguma que esteja aberta. Pronto: diversão garantida.

Atraso

Tudo se resume a uma palavra: latência. É o termo que na internet quer dizer a quantidade de atraso (tempo) que uma solicitação leva para ser transferida de um ponto para outro e é medida por milissegundos (ms). Já consegui tocar com Antonio Masoni, pianista italiano citado no início do texto, como se estivéssemos na mesma sala, com uma qualidade de áudio muito boa. Detalhe: o cara mora em Firenze, a 9.450 km de São José dos Campos. Josten, também citado, é um guitarrista alemão. Tocamos vários temas, ele adora Bossa Nova!

Mas tem dia que não dá pra tocar nem com músicos da mesma cidade. As variações da internet e o volume de acesso muito alto acabam comprometendo a brincadeira. Os desenvolvedores do JamKazam e de outras plataformas estão aperfeiçoando os programas continuamente, sempre tentando diminuir a latência entre os músicos.

Banda virtual

Numa dessas salas acabei encontrando dois irmãos músicos –Álvaro (trompete) e André (bateria). A conexão –sem trocadilho– foi imediata. Começamos a ensaiar algumas músicas e agregamos novos colegas: Leo, guitarrista, e Eduardo, tecladista. Já fizemos algumas gravações (usando a própria plataforma e em canais separados!), com ótimos resultados. A banda já tem nome: Virtual Jam Band.

Fizemos até lives no Youtube. A primeira, no ano passado, não rolou muito bem. Tentamos de novo há poucos dias e o resultado foi bem melhor. Ainda tem alguns ruídos, mas é questão de alguns ajustes pra ficar redondo.

Pra entender: numa live tradicional (como as centenas que têm pipocado por aí) os músicos estão todos fisicamente no mesmo local. Nesta que estamos testando, cada um está na sua cidade (ou país).

Mas a diversão continua… pelo menos até podermos tocar presencialmente. Viva a tecnologia!

 

Abra os links abaixo e veja o resultado:

Redes sociais Virtual Jam Band

Instagram – virtualjamband

Facebook – www.facebook.com/Virtual-Jam-Band-108723671302627

Youtube –https://www.youtube.com/channel/UC1hH9x25EXX6sa8N2mfUjYA

Músicahttps://www.youtube.com/watch?v=foPWVOqY-80

 

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