Itapemirim: problemas no ar e no solo. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Como se previa, o contrato de concessão do transporte coletivo entre a Prefeitura de São José dos Campos e uma das empresas de ônibus do Grupo Itapemirim está a um passo de ser rescindido. Tudo indica que esse será o final da história, porém antes que o rompimento ocorra é normal que as duas partes se entreguem a um enfadonho jogo de gato caçando rato.

Na terça-feira (4), a Secretaria de Mobilidade Urbana notificou a Itapemirim Transportes Urbanos Ltda. pelo descumprimento da apresentação do contrato de aquisição da frota para operar o novo transporte público da cidade a partir de 13 de maio de 2022. A Prefeitura deu 72 horas para a empresa prestar esclarecimentos.

Na última sexta-feira (7), a Mobilidade Urbana moveu a peça mais recente desse jogo, informando que o grupo solicitou “mais prazo para o cumprimento das exigências contratuais, em especial a apresentação dos contratos de aquisição de frota para a operação do serviço”.

Ao mesmo tempo, adiantou que “o pedido de prorrogação de prazo foi analisado pelas equipes técnicas e jurídicas da Prefeitura, que concluíram não haver elementos concretos que justifiquem a prorrogação solicitada”.

A Itapemirim ainda teve a cara-de-pau de queixar-se de estar sofrendo “ataques midiáticos”, o que estaria prejudicando a sua imagem e a obtenção de crédito no mercado, e ainda dificultando a aquisição de ônibus com os fornecedores. E teve a coragem de fazer uma proposta de locação de veículos, também rejeitada pela Prefeitura.

“Pau” de todos os lados

Além dos “ataques midiáticos” sofridos só porque a empresa deixou no chão milhares de passageiros que queriam voar, existe uma fila de candidatos para bater nas empresas do grupo. Em São José dos Campos, o Sindicato dos Condutores do Vale do Paraíba exigiu uma ação imediata do prefeito Felicio Ramuth (PSDB), lembrando o fracasso da Viação Itapemirim na cidade de Nova Friburgo (RJ), onde teria deixado prefeitura, passageiros e funcionários “à própria sorte”.

Na fila do “pau”, vereadores de oposição, especialmente Amélia Naomi (PT), procuraram faturar na crise alegando que a Prefeitura só tomou uma atitude depois das críticas recebidas. Nem tanto…

Cautela e caldo de galinha…

O que parece claro é que a Prefeitura não pretende correr nenhum risco na operação de rescisão unilateral do contrato. Afinal, todo mundo conhece a história do “abraço de afogado”. Sem nada a perder, a Itapemirim pode resolver se agarrar a ela para tentar perder de pouco ou levá-la junto para uma crise mais demorada, quem sabe na Justiça.

Segundo fontes ouvidas pela coluna, se a Prefeitura errou em algo foi na avaliação das garantias oferecidas pela empresa, que estão se desfazendo como poeira. O restante é a sequência normal da lei de licitações, a famosa 8.666, que tem suas falhas, mas é a que existe e é seguida em todo o país.

Os mais velhos ainda devem se lembrar do fiasco que a Prefeitura cometeu em meados da década de 1980, quando o então prefeito Robson Marinho resolveu promover uma intervenção na Empresa de Ônibus São Bento, que detinha o monopólio do transporte no município.

Depois de várias “violências” jurídicas cometidas, com o empresário Ferdinando Salerno expulso de sua cadeira e de longos nove meses operando a empresa, no final o prejuízo ficou com a Prefeitura enquanto Salerno, depois de gozar suas férias sem perder um centavo, ainda conseguiu vender a São Bento.

De qualquer modo, existe tempo hábil para a crise atual ser resolvida sem que o sistema de transporte coletivo seja afetado e sem prejuízo para os passageiros. Afinal, a atual concessão, que reúne três empresas, só irá vencer em outubro.

Só não dá para perder muito tempo.

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PONTO A PONTO

Primeiro reencontro

Doria, Cury e Felicio na inauguração do Copom: distância regulamentar. Foto / Governo de SP/Divulgação

Foi bastante formal o primeiro reencontro oficial entre os líderes do PSDB joseense –prefeito Felicio Ramuth e deputado federal Eduardo Cury– e o governador João Doria depois das prévias tucanas para presidente da República. Afinal, São José apoiou o gaúcho Eduardo Leite contra o paulista Doria, que venceu a consulta.

Tudo ocorreu na quinta-feira (6) durante a inauguração do novo Copom da Polícia Militar, no Comando de Policiamento do Interior (CPI-1). A foto em que os três estão mais próximos é a mais oficial de todas, o descerramento da placa de inauguração. Fora esse momento, Doria teve entre ele e os dois joseenses uma barreira de quase uma dezena de oficiais da PM.

O importante é que o novo Copom já está funcionando. Com investimento de R$ 22 milhões, o centro pode atender ocorrências das 39 cidades da RMVale com uma estrutura adequada.

Além de recursos do governo do estado, o novo Copom e a construção do alojamento do 3º Baep (Batalhão de Ações Especiais da Polícia) têm o apoio da Prefeitura de São José dos Campos, integrando o Plano de Gestão 2021-2024.

Apenas três vereadores –Juvenil Silvério (PSDB), Marcão da Academia (Democratas) e Milton Vieira Filho (Republicanos) compareceram à cerimônia.

Vacina & pré-campanha

A notícia de que as crianças de 5 a 11 anos serão o próximo grupo a receber vacina contra a covid-19 não poderia ser mais oportuna para João Doria. É a oportunidade de o tucano voltar a usar o seu maior trunfo como pré-candidato à presidência da República nas eleições de outubro. Mais uma vez, Doria vestirá o uniforme de maior vacinador do Brasil.

O governador paulista já avisou que a capacidade de imunização estadual permitirá que todas as 4,3 milhões de crianças nessa faixa etária tomem pelo menos uma dose em no máximo três semanas.

“Temos a vacina infantil contra a covid-19 aprovada há quase um mês pela Anvisa. Por ações deliberadamente protelatórias, o Ministério da Saúde ainda não disponibilizou a vacina para que as crianças possam ser imunizadas”, criticou Doria.

Segundo o governo do estado, a capacidade de vacinação infantil em São Paulo é de cerca de 250 mil crianças por dia, além dos jovens e adultos que já vêm sendo imunizados. Há 5,2 mil locais de vacinação disponíveis, número que deverá ser ampliado com postos volantes em escolas da rede estadual.

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HOMENAGEM

Felipe Cury: homenagem merecida e, melhor ainda, em vida. Foto / YouTube/Reprodução

Felipe Cury é nome de teatro

Por isso é que eu penso assim

Se alguém quiser fazer por mim

Que faça agora

Depois, que eu me chamar saudade

Não preciso de vaidade

Quero preces e nada mais

O mineiro Felipe Cury, de longa e vitoriosa carreira na área empresarial, em entidades como Ciesp e Fiesp e, mais recentemente, como presidente da ACI, a Associação Comercial e Industrial da cidade, deve ter se lembrado do belo samba “Quando Eu me Chamar Saudade”, de Nelson Cavaquinho, que tem dois versos reproduzidos acima.

Cury foi homenageado no mês de dezembro e vai dar seu nome ao Teatro do Sesi, no Bosque dos Eucaliptos. [Veja aqui] o vídeo em que empresários amigos anunciam a homenagem. Com direito à presença de Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Pela emoção que tomou conta dele, parece que a notícia foi mesmo surpresa.

NA CÂMARA

Creches noturnas?

Renato Santiago: combinou com os russos? Foto CMSJC/Divulgação

Enquanto o Legislativo vive o seu período de recesso, surgem alguns projetos que deverão ser debatidos a partir de fevereiro. Um deles, de autoria do vereador Renato Santiago (PSDB), agrada em cheio a muitas mães e pais que trabalham ou estudam à noite e não têm onde deixar os filhos.

O PL 585/21 autoriza o funcionamento em horário noturno dos Centros de Educação Infantil (Cedins) e das creches conveniadas à rede municipal de ensino que atendem crianças de zero a 3 anos e 11 meses de idade. Segundo o texto, o tempo total de permanência da criança em creches, diurno e noturno somados, não poderá exceder dez horas diárias.

A proposta foi protocolada e recebeu parecer favorável nas comissões de Justiça, Economia e Educação. Deve entrar na pauta de votação ainda no primeiro trimestre.

Sendo um projeto autorizativo, o problema é saber, como diz o “causo” antigo com Garrincha, o ingênuo craque das pernas tortas, se o vereador Santiago já combinou com os russos. Ou seja, se a Prefeitura não abraçar a causa, o projeto pode até ser aprovado, mas não acontece nada.

GESTÃO

Jeferson Cheriegate chega para o lugar de Marco Antonio Raupp como diretor-geral do Parque. Foto / PMSJC/Divulgação

Parque tem novo diretor-geral

Tomou posse nesta segunda-feira (10) o novo diretor-geral do Parque Tecnológico de São José dos Campos. Trata-se do engenheiro Jeferson Cheriegate, que chega para substituir Marco Antonio Raupp, falecido em julho do ano passado.

O novo diretor foi escolhido após um processo seletivo que durou dez meses e teve a consultoria de uma empresa de contratação de executivos. Cheriegate é formado em engenharia de materiais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e também tem graduação em administração de empresas pelo Kensington College of Business. Além disso, possui MBA executivo pela Fundação Dom Cabral.

Segundo nota da assessoria do Parque, o novo diretor tem 20 anos de experiência como executivo sênior em indústrias de bens de consumo, serviços e governo, em companhias de diferentes portes e focos de atuação.

O cargo vinha sendo ocupado interinamente por Marcelo Nunes, que agora assume a diretoria de Desenvolvimento de Negócios.

Inovação: moradoras de abrigos (na fila de trás) concluem cursos de qualificação. Foto / PMSJC/Divulgação

Do abrigo para o emprego

A Prefeitura de São José dos Campos está inovando no tratamento dispensado às pessoas acolhidas em abrigos municipais. A Secretaria de Apoio Social ao Cidadão (Sasc) tem promovido palestras, rodas de conversas, oficinas e cursos de capacitação para esse público. Em dezembro, onze moradoras de abrigos concluíram cursos de aperfeiçoamento profissional no Senai (Serviço Nacional da Indústria).

Os cuidados com os moradores de abrigos –homens, mulheres e população LGBTQIA+– começa por um serviço de ronda social realizado 24 horas por dia, inclusive nos finais de semana e feriados, com atendimento humanizado; passa pela qualificação profissional promovida junto com entidades parceiras visando a reinserção no mercado de trabalho e as pessoas que querem empreender; dá acesso para essas pessoas ao Pró-Trabalho, programa da Prefeitura que oferece bolsa-auxílio qualificação no valor de R$ 1.000 por mês, por até um ano e renovável por igual período, vale alimentação de R$ 100 e vale transporte.

O atendimento se completa com o programa Pós-Medidas, destinado a egressos do sistema prisional, e o Centro de Referência Afro-brasileira, que tem o objetivo de promover a cultura afro-brasileira no município e incentivar o diálogo sobre igualdade racial e defesa de direitos da população negra e o combate à discriminação e à intolerância.

Bem conduzido, pode ser o caminho para tirar muita gente das ruas.

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TOQUE FINAL

Google/Reprodução