Foto / SBT/Reprodução

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Desde criança me pego fazendo esse tipo de pergunta. Como pertenço à raça humana –não sou nenhum ET–, suponho que a maioria das pessoas também tenha esse tipo de curiosidade. Ou ansiedade.

Sempre me perguntei coisas do tipo: “Como será o dia em que o Pelé morrer?”, ou “Já imaginou como vai ser quando anunciarem que o Roberto Carlos morreu?”, ou ainda “Já pensou como vai ser a reação do povo no dia em que o Silvio Santos morrer?”.

Mudando os nomes que você preferir, é sempre uma expectativa enorme imaginar a perda de ídolos nacionais, gente que tem milhões de fãs, seguidores, simpatizantes. E a gente se faz essas perguntas porque não imagina o cotidiano sem esses ícones de popularidade. É gente que parece fazer parte da nossa família.

Nos casos acima, o Pelé e o Silvio Santos já morreram. E, com todo o respeito, o mundo não acabou. Até porque os dois viveram acima da expectativa de 76,4 anos, atualizada nessa semana pelo IBGE para todos os brasileiros. Pelé, aos 82 anos, Silvio aos 93.

Quanto ao ídolo da “Jovem Guarda” –nome que se dava aos jovens dos anos 60–, Roberto Carlos está vivinho da silva, graças a Deus, aos 82 anos. Continua fazendo shows e dizendo “são tantas emoções”, mas a idade já não lhe permite dizer que está amando loucamente a namoradinha de um amigo dele. Vida longa ao rei!

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O IBGE também constatou no seu relatório que o país está envelhecendo rapidamente. Os maiores de 60 anos, que eram 8,7% da população no ano 2000, agora em 2023 chegaram a 15,6%. E, acredite se quiser, serão 37,8% em 2070, ou seja, quase quatro em cada dez brasileiros.

Esse envelhecimento também traz, imagino, mais maturidade e compreensão dos mistérios da vida e da morte. Talvez isso explique a reação cada vez mais madura da população diante da morte de um ídolo. Diferentemente do que ocorreu, por exemplo, com Getúlio Vargas (1954), Tancredo Neves (1985) e até Ayrton Senna (1994). Pelo menos nesses três casos, o país quase perdeu o rumo, houve uma espécie de depressão coletiva, parecia que a vida não valia mais a pena. Até que, inevitavelmente, as coisas foram voltando ao normal.

No caso de Pelé, as homenagens foram tocantes, mas sem nenhum exagero. No de Silvio Santos, que optou em vida por uma cerimônia discreta, sem velório, a mesma coisa. Tristeza, mas sem depressão.

Esse amadurecimento do brasileiro é uma boa constatação. É sinal de equilíbrio, de sensatez, de evolução. Afinal, como diz o samba, “se a morte faz parte da vida / e se vale a pena viver / então morrer vale a pena”. Ou quase isso.

Outras perguntas bobas que eu me fazia ou ouvia serem feitas:

– Como vai ser o dia em que o Corinthians for campeão?

Foi, em 1977, depois de 23 anos na fila. Normal.

– Será que o mundo vai aguentar até o ano 2000?

Aguentou e já passou 24 anos de 2000. E, em muitos casos, está melhorando.

E você, que perguntas ficaram na sua cabeça enquanto o planeta girava e a vida seguia em frente?

 

> Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 48 anos. É editor do SuperBairro. Mora na Vila Guaianazes há 23 anos.

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