Alta da taxa em 1 ponto percentual superou a expectativa do mercado financeiro; Copom já anunciou nova elevação de 1 ponto, em sua próxima reunião, em março
DA REDAÇÃO*
Por unanimidade, em reunião na quarta-feira (29), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou em 1 ponto percentual a taxa Selic, que define os juros básicos da economia.
A decisão eleva a Selic para 13,25% ao ano, superando a expectativa do mercado financeiro. A reunião desta quarta-feira foi a primeira sob o comando de Gabriel Galípolo, indicado para o cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na reunião de dezembro, a taxa já havia subido 1 ponto.
Em comunicado, o Copom afirmou que as incertezas externas, principalmente nos Estados Unidos, suscitam dúvidas sobre a postura do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano). Em relação ao Brasil, o texto informa que a economia está aquecida, com a taxa de inflação cheia e os núcleos (medida que exclui preços mais voláteis, como alimentos e energia) acima da meta de inflação. Também mencionou as incertezas sobre os gastos públicos, que provocaram perturbações nos preços dos ativos.
Nova alta
Em relação às próximas reuniões, o Copom confirmou que elevará a Selic em mais 1 ponto percentual na reunião de março, mas não informou se as altas continuarão na reunião de maio. “Para além da próxima reunião, o comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação”, ressaltou.
Esta foi a quarta alta seguida da Selic. A taxa está no maior nível desde setembro de 2023, quando também ficou em 13,25% ao ano. A alta consolida um ciclo de contração na política monetária.
Após chegar a 10,5% ao ano de junho a agosto do ano passado, a taxa começou a ser elevada em setembro, com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto e uma de 1 ponto percentual.
Inflação
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que ficou em 0,52% em dezembro. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar da bandeira verde nas contas de luz, o preço dos alimentos, principalmente da carne e de algumas frutas, continuou a subir.
Com o resultado, o indicador acumula alta de 4,83% em 2024, acima do teto da meta do ano passado. Pelo novo sistema de meta contínua em vigor a partir deste mês, a meta de inflação, a ser perseguida pelo BC e definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior é 4,5%.
No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a previsão de que o IPCA termine 2025 em 4,5%, mas a estimativa pode ser revista, dependendo do comportamento do dólar e da inflação. O próximo relatório será divulgado no fim de março.
Crédito mais caro
O aumento da taxa Selic ajuda a conter a inflação, mas os juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo, dificultando o crescimento econômico. No último Relatório de Inflação, o Banco Central elevou para 2,1% a projeção de crescimento para a economia em 2025.
O mercado projeta crescimento um pouco menor. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 2,06%.
*Com informações da Agência Brasil.