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Foram quase 22 anos na afiliada da TV Globo em São José dos Campos e região. Aprendi muito, fiz grandes amigos, comecei minha carreira de jornalista incentivado pelo querido diretor de redação Antônio Augusto, grande figura, bonachão, gostava de blues e jazz. Então, o papo era sempre bom.
Na segunda-feira (10), li numa rede social o post de despedida de mais uma repórter da emissora. Sem lamúria, mas com sentimento e educação, ela agradecia a todos que sempre a incentivaram, mesmo em momentos difíceis como a ‘geladeira’ a que foi submetida por conta dos quilinhos a mais.
É de causar espanto a postura da empresa. Demitir uma profissional que havia voltado da licença-maternidade um dia depois do Dia das Mães é um caso único de como arranhar a própria imagem perante a audiência. É de chorar.
E assim, a emissora conseguiu o que era quase impossível: repetir o que já havia feito, pois em março de 2019 demitiu outra repórter e apresentadora, que havia atuado por mais de 16 anos no canal. Na ocasião, ela disse: “Fui informada pela diretora de jornalismo que a emissora optou pelo meu desligamento por eu não ter atingido o objetivo, que era emagrecer”.
Nesta terça-feira (11), o Ministério Público do Trabalho (MPT) reabriu um inquérito que havia sido arquivado em março sobre as práticas discriminatórias (com relação ao “padrão estético dos funcionários da emissora”), em função da publicação pelo UOL do relato da repórter demitida nesta semana.
Em pleno 2021, com tantos movimentos e avanços conquistados na luta pela maior diversidade em todos os setores, vemos este retrocesso.
O grande público que esta emissora conquistou ao longo dos anos foi, em grande parte, fruto do incansável trabalho de repórteres, editores, jornalistas, cinegrafistas e tantos outros profissionais de diferentes raças, credos, opções sexuais, magros, gordos. Enfim, gente.
Procurado, o RH da TV não retornou os meus pedidos de esclarecimento sobre tal situação.
> Henrique Macedo é jornalista (MTb nº 29.028) e músico. Mora há 40 anos na Vila Ema.
