Gritar, xingar, mandar calar a boca, tirar a máscara em público. Parece briga de boteco. Mas não. Isso ocorreu numa breve coletiva de imprensa em Guaratinguetá, logo após o presidente Jair Bolsonaro visitar um hospital na cidade, na segunda-feira (21).
O destempero verbal mostra uma irritação acima do normal, típica de quem não tem equilíbrio emocional para comandar o que quer que seja. Perder a estribeira por causa de uma ou duas perguntas da repórter?
Penso que atacar e xingar a maior rede de televisão do país não é uma estratégia inteligente. Jogo de cena, jogar “pra galera”, como se diz por aí? Talvez. A massa que apoia Bolsonaro estava ávida por ver a cena em horário nobre.
Num jogo calculado, o JN não exibiu as imagens da grosseria. Bonner apenas leu uma nota relatando o ocorrido e hipotecando solidariedade à repórter da afiliada local. Ou seja, não deu muita moral para o episódio, como provavelmente até o maior envolvido na refrega imaginaria que pudesse ocorrer.
Meu caríssimo colega de coluna, Wagner Matheus, publicou uma excelente matéria sobre esse mesmo fato. Concordo em alguns pontos com a abordagem sobre o ocorrido, principalmente quanto a escolha da repórter para cobrir a visita de tão polêmica figura.
Não desmerecendo a jovem jornalista, mas era previsível que o cidadão iria “crescer” pra cima do repórter que questionasse suas erráticas condutas, como já fez inúmeras vezes. Ponto para a jornalista, que não se intimidou com a virulência do presidente. E ponto para a Imprensa livre deste país.
> Henrique Macedo é jornalista (MTb nº 29.028) e músico. Mora há 40 anos na Vila Ema.