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Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

− Bom dia, doutor! Já comprou o presente da patroa? Esta semana tem o Dia dos Namorados!

Já a palavra patroa me soou brega, linguagem dos anos 1950, a me assombrar. Sorri de volta e nada disse. Nem direi.

Dia dos Namorados, saibam, é uma criação daquele João Doria, pai do cidadão que foi governador, numa jogada de publicidade nessa mesma década. Foi na esteira do Dia de São Valentim, nos Estados Unidos e no mundo, que celebram a data, porém em fevereiro, tendo origem na celebração da morte do mártir cristão Valentim, padre de Roma.

Não por coincidência, em cima da festa pagã Lupercália, dos antigos romanos, que celebrava a fertilidade. Conexão de ideias, roupa nova. Nesse influxo, aproveitou o publicitário para colocar o Dia dos Namorados aqui na terra tupiniquim na véspera do dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro, dia 12 de junho. Criou uma festa de grande sucesso comercial em todo o Brasil. Bom e merecido, sobretudo para os comerciantes.

E eu com isso, perguntará o leitor impaciente com essa súmula do tio Google? Isso eu revelo. Mudei de ideia, pois só não muda quem é burro ou acomodado.

Na verdade, passei todas as minhas décadas de casado negando veementemente que não tinha mais namorada, mas algo muito mais importante: esposa. Por consequência, não sentia obrigação de atender a um mero chamado comercial e comprar presente, só fazer uma econômica e discreta comemoração.

Não é? Só que não, como se diz hoje. Acabei por concordar depois de conseguir ver que minha mulher ficava amuada, sempre esperava por um mimo. O que fazer?

Resolvi dar presente, novo hábito. Não sem dificuldade, pois é complicado comprar presente para a mulher. Se ela demora horas para achar o que quer, imagine este marido pobre mortal, a deambular impaciente pelos shoppings ou pelo Calçadão do Centro!

Ah, tem o dia propriamente dito, também, agora a demandar um jantar romântico, num restaurante, a dois. Os netos já crescidinhos ainda olham torto e pedinchões, como se quisessem participar. Contudo, ficam só no desejo, pena.

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Restaurantes? Está aí uma dificuldade, a mesma do Dia das Mães ou do Natal: é um inferno conseguir almoçar ou jantar nesses dias, tal a procura dos interessados. Não aceitam reservas, é supercheio, um parto para achar uma vaguinha. É preciso mesmo reza brava e dose de paciência com a espera.

Em São José dos Campos não se foge à regra, vamos ao Vila Velha comer um pintado na brasa? Iremos ao Coco Bambu, provar camarões abundantes? Ao Chinese House, para o frango xadrez e carne de porco agridoce? Ou ao Edo Zushi saborear a culinária japonesa? Tem ainda a bela churrascaria rodízio Boigalê ou o Dom da Carne para os mais comedidos. Não sei, tem muito mais, não se faz propaganda, as referências são merecidas.

Não poderia deixar de lado a tia Filoca e até levá-la conosco, em que pese sua ácida observação:

− Eu vou, mas sob protesto! Onde já se viu fazer a gente comemorar só nesse dia a namorada? Tem de festejar o ano inteiro, todo santo dia, seja namorado ou casado, ou ainda ajuntado, valorizar principalmente as mulheres, seus benditinhos!

 

> José Roberto Fourniol Rebello é formado em direito. Atuou como juiz em comarcas cíveis e criminais em várias comarcas do estado de São Paulo. Nascido em São Paulo, vive em São José dos Campos desde 1964, atualmente no Jardim Esplanada. Participou do movimento cultural nascido no município na década de 60.