Dislexia: observação atenta pode garantir cuidados especiais aos portadores. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Quanto olhamos, realmente, para os nossos filhos, netos, sobrinhos, enteados, afilhados e outras crianças que nos circundam? Sabemos diferenciar dispersão, distração, de déficit de atenção? Ela está com pressa para brincar ou foge da tarefa escolar por não saber decodificar um símbolo gráfico? Prefere brincar sozinha ou tem dificuldade de socialização? Abandona os livros por desleixo ou pelo óbice de algum transtorno de linguagem? Se damos educação semelhante a todas as crianças da família, por que algumas se desenvolvem melhor e mais rapidamente que outras? Será que compará-las é algo motivador ou desanimador para elas?

Muitas vezes preferimos dar o nome de desobediência àquela resposta mais agressiva de uma criança, desconhecendo que pode ser sua única arma de defesa para aquilo que não sabe definir de si mesma e do mundo ao seu redor, sejam imagens, sons e até mesmo toques físicos.

“Taare Zameen Par” (em inglês: “Every Child is Special”) é o título original do filme indiano “Como Estrelas na Terra”, que em 2h44min nos envolve, comove e abre uma fresta para refletirmos sobre a dislexia e o quanto podemos seguir por caminhos equivocados na educação de nossas crianças.

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Baseado em fatos reais, o filme apresenta Ishaan (Darsheel Safary: “Os Filhos da Meia-noite”), um menino indiano, que aos 9 anos tem dificuldades na escola, especialmente em disciplinas de idiomas e matemática. Visto como distraído e desleixado, o garoto é incompreendido e punido pelos professores e pelos pais, que perdem a paciência por algumas atitudes, ritmo lento e pensamento absorto do filho.

Ishaan encontra compreensão e carinho no irmão mais velho, um aluno e esportista exemplar, que dá atenção aos desenhos e quebra-cabeças do caçula. Prestes a ser expulso da escola por repetir novamente de ano e mostrar um comportamento destoante dos demais alunos, o pai decide colocá-lo num colégio interno, especializado em “domar cavalos selvagens”, com regras rígidas e longe de casa. Triste, se sentindo abandonado pela mãe e recebendo contínuas punições físicas dos professores de métodos arcaicos, Ishaan se torna calado e apaga a sua criatividade.

Quando o professor substituto, Ram Nikumbh (também produtor e diretor do filme, Aamir Kahn: “Dangal”, “Fanaa”), começa a dar inovadoras aulas de artes no internato, pequenas mudanças começam a ocorrer e um novo mundo se descortina para os alunos, exceto Ishaan. Ao perceber a apatia do menino, o novo professor –que também leciona numa escola para crianças especiais– passa a pesquisar o histórico dele e constata, ao ver seus cadernos, que está diante de um caso de dislexia, que ele próprio viveu, um transtorno da linguagem em que há dificuldade de decodificar o estímulo escrito ou o símbolo gráfico.

A título de curiosidade, Nikumbh cita grandes gênios da humanidade que eram disléxicos: Albert Einstein, Agatha Christie, Pablo Picasso e Leonardo Da Vinci, despertando em Ishaan a vontade de aprender e reacendendo sua criatividade.

Disponível na Netflix, o filme é um convite a todos da família! Dispa-se de preconceitos e assista com o coração.

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Série

“Do Nada, Grávida”

O frio da Dinamarca não congela o bom humor nesta série da Netflix. Nana (Josephine Park: “Zona de Confronto”; série “The Rain”) é uma especialista em fertilização; numa noite, depois do expediente, ela e a amiga Simone (Olivia Joof: “O Efeito Vênus”; série “DNA”) tomam um porre na clínica onde trabalham, culminando com uma autoinseminação com o esperma do ex-namorado, Mathias (Simon Sears: “Zona de Confronto”, “9 de Abril”).

Quando se vê grávida, Nana passa a ter sucessivas atitudes desastrosas –muitas delas, típicas de comédias norte-americanas– e, sem saber como explicar sua condição, tenta reconquistar Mathias. Leve e descomprometida, “Skruk” (título original) combina com chocolate quente nestas noites frias.

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> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há dez anos na Vila Ema.

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