Presidente discursou em ato contra as manifestações golpistas de 2023; presidente disse que “os responsáveis pelo 8 de janeiro estão sendo investigados e punidos”
DA REDAÇÃO*
O governo federal promoveu uma cerimônia nesta quarta-feira (8), exatamente dois anos após as manifestações golpistas realizadas no Distrito Federal com invasão de prédios públicos e atos de vandalismo. Após discursos no salão nobre do Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e autoridades desceram a rampa do palácio para um ato na Praça dos Três Poderes, batizado de Abraço da Democracia, com a presença de populares e movimentos sociais.
A cerimônia no Planalto contou com a presença de ministros, parlamentares, governadores e representantes dos Três Poderes, além dos comandantes das Forças Armadas, a quem o presidente fez questão de agradecer a participação no episódio da tentativa de golpe.
“Hoje é dia de dizermos em alto e bom som: ainda estamos aqui. Estamos aqui para dizer que estamos vivos e que a democracia está viva, ao contrário do que planejavam os golpistas de 8 de janeiro de 2023”, disse Lula em seu discurso. “Estamos aqui para lembrar que, se estamos aqui, é porque a democracia venceu. Caso contrário, muitos de nós talvez estivéssemos presos, exilados ou mortos, como aconteceu no passado. E não permitiremos que aconteça outra vez”, disse Lula.
A frase fez referência ao filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles Jr. e estrelado por Fernanda Torres, ganhadora do Globo de Ouro.
Antes, o presidente recebeu de volta 21 obras de arte e peças do acervo cultural do Palácio do Planalto que haviam sido vandalizadas pelos invasores no dia 8 de janeiro de 2023, entre elas um relógio suíço do século 18 que pertenceu a Dom João VI e a pintura “As Mulatas”, de Di Cavalcanti.
Investigação e punição
Sobre a tentativa de golpe de Estado e as investigações que apontam uma trama para assassiná-lo, assassinar o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o presidente voltou a cobrar punição e pregar direito de defesa.
“Os responsáveis pelo 8 de janeiro estão sendo investigados e punidos. Ninguém foi ou será preso injustamente. Todos pagarão pelos crimes que cometeram, inclusive os que planejaram os assassinatos do presidente, do vice-presidente da República e do presidente do Tribunal Superior Eleitoral”, garantiu.
Lewandowski
Ao participar da cerimônia, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse que a verdadeira essência da democracia está na capacidade do povo de desenvolver e manter uma sociedade mais justa, igualitária, fraterna e solidária.
“Há dois anos, fomos testemunhas de um episódio lastimável da nossa história. Vimos, perplexos, a invasão aos prédios dos Três Poderes, em Brasília”, lembrou. “Logo nos demos conta, porém, de que o ataque à nossa democracia não começou ali, em 8 de janeiro. O processo foi mais sutil, mais gradual. Vimos todos o discurso de ódio e a disseminação de notícias falsas cresceram, alimentando a polarização e criando a narrativa de ‘nós contra eles’. Vimos surgir um nacionalismo exacerbado e anacrônico que, sob o disfarce de combater a corrupção ou defender a segurança nacional, abriu espaço para práticas que atacavam o próprio coração da nossa democracia”, disse o ministro.
Moraes
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relembrou os atos golpistas de 8 de janeiro e afirmou que o “populismo digital extremista” não está vencido. Ele recordou o que chamou de “cronograma golpista”, citando os acampamentos bolsonaristas na frente dos quartéis e o bloqueio de rodovias após vitória de Lula nas eleições presidenciais de 2022.
Para o ministro, os atos foram inflados por perfis nas redes sociais, ressaltando que os manifestantes contaram com o apoio de grupos extremistas na internet. Moraes voltou a criticar a atuação da Polícia Rodoviária Federal nas eleições de 2022. O ministro falou em “corpo mole” da corporação e citou a “utilização da máquina do Estado” no governo Jair Bolsonaro (PL) durante os atos golpistas nas estradas.
O ex-presidente Jair Bolsonaro não se manifestou sobre o ato desta quarta-feira.
*Com informações da Agência Brasil.