Mais chuvas e temperaturas mais altas estão criando o cenário ideal para a proliferação do mosquito da dengue no Brasil. Foto / Governo de SP/Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Calor e chuvas intermitentes facilitam a proliferação do mosquito e, consequentemente, contribuem para a explosão de casos de dengue no Brasil neste início de ano

 

DA REDAÇÃO*

As alterações climáticas provocadas pelo fenômeno conhecido como El Niño contribuem para infestações por Aedes aegypti e para a explosão de casos de dengue registrada no Brasil. O alerta é de infectologistas ouvidos pela Agência Brasil e pela Rádio Nacional. A combinação de altas temperaturas e chuvas intermitentes é a combinação perfeita para a proliferação do mosquito.

Infectologista graduado pela Universidade Federal da Bahia e descobridor do vírus zika no Brasil, o médico Antonio Carlos Bandeira explicou que um corredor climático que sai do Centro-Oeste e desce pela porção oeste das regiões Sudeste e Sul do país contribui para o aumento de casos de dengue não só no Brasil, mas em países vizinhos, como Paraguai e Argentina.

“Você tem esse corredor de calor e ele fica oscilando, com muita precipitação pluviométrica, de forma intensiva. Isso facilitou demais. Calor e muita chuva intermitente são a combinação principal para a dengue”, disse. “O Aedes aegypti se reproduz mais rápido e vive mais quanto mais elevada é a temperatura. A situação é essa. Ele vive mais e se multiplica mais.”

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O infectologista e consultor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para dengue, Kleber Luz, detalhou que o El Niño de fato contribui para o aumento do número de casos da doença, uma vez que eleva a temperatura do mar e, consequentemente, do continente. “Quando aumenta a temperatura, aumenta o número de mosquitos, a reprodutibilidade e o tempo de vida deles. Cada mosquito vai viver mais tempo, aumentando a chance de transmissão”, explicou.

“Não só haverá um aumento do número de casos, como também uma expansão da área de acometimento por dengue. O sul do Brasil que antes praticamente não tinha dengue, agora é sempre a região vice-líder no número de casos”, disse. O estado do Paraná, por exemplo, já contabiliza quase 17 mil casos e quatro mortes provocadas pela doença desde julho.

Questionado se os sintomas da dengue estão mais fortes em 2024, dado o número de internações pelo país, o médico respondeu que essa tese não se confirma. “A dengue é sempre a mesma. Ela não é mais forte por conta das mudanças climáticas. Isso apenas aumenta o número de casos. E quando aumenta o número de casos, aumenta o número de formas graves da doença porque mais gente precisa ser hospitalizada e mais gente pode vir a falecer”, concluiu.

 

*Com informações da Agência Brasil.

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