A campanha eleitoral ainda nem começou. Oficialmente, vai valer a partir do dia 16 de agosto, quando a Justiça Eleitoral fixou a permissão para o início da propaganda dos candidatos. Por enquanto, estamos na pré-campanha.
Na pré-campanha, os candidatos são chamados de pré-candidatos. Só poderão ser chamados de candidatos depois de serem aprovados nas convenções dos partidos políticos. O prazo máximo para a realização das convenções é 5 de agosto.
Depois de todo esse blablabla, você pode perguntar o que eu quero dizer com este texto. Respondo: quero dizer que, na minha modesta opinião, é uma bobagem essa história de pré-campanha e campanha eleitoral. Afinal, a propaganda já está rolando solta por aí, principalmente nas redes sociais.
Chamou a minha atenção, de uns 15 dias para cá, a quantidade de postagens de pré-candidatos, principalmente no Facebook, pagando para serem vistos por mais e mais internautas. É o que a gente chama de impulsionamento, ou de turbinar a postagem. Para quem ainda não sabe, isto significa dar uma grana para o Facebook ou Instagram levar a postagem para um maior número de pessoas.
Fala a verdade: isso é propaganda, pois não existe pré-propaganda. Mas, como a Justiça Eleitoral –e todas as demais justiças deste planeta– tem sempre razão, vamos fingir que isso é uma pré-campanha.
Fiz toda esta introdução para dar a você uma péssima notícia. Se você achava que iria fugir da papagaiada eleitoral navegando nas redes sociais, “se enganou, meu bem”, como dizia a letra de uma música antiga. Você vai viver nos quintos dos infernos até quase às vésperas da eleição, que será no dia 6 de outubro.
Digo que é uma péssima notícia porque não vai dar para fugir da bobajada que vão querer enfiar na sua cabeça nesse período. Antes, era possível. A gente sabia que o horário da propaganda eleitoral no rádio e na televisão era dividido em dois blocos diários, um de dia e outro à noite. Era muito fácil fugir dela, bastava desligar os aparelhos naqueles horários.
Mas agora, cada vez mais, a propaganda eleitoral invade as redes sociais. Este é, ou era, o seu refúgio predileto para fugir do horário eleitoral e de outras chateações, mas isso acabou porque centenas de candidatos prometem infernizar a sua vida. Vão papagaiar todas as suas qualidades, todos os cursos que fizeram, todas as pessoas –e pets!– que ajudaram, enfim, tudo o que pode levá-los a ser o seus melhores amigos ou amigas. Defeitos? Nenhum, é claro.
Você talvez me questione: “Ô, jornalista, se é campanha eleitoral, os candidatos não têm o direito de se apresentar para os eleitores?”. Opa, sim, têm mais que o direito, têm a obrigação. Porém, o que eu quero mostrar ao eleitor é que não basta confiar no que o candidato diz, é preciso verificar se ele está falando a verdade ou se está mentindo.
É por isso que, mais importante do que ver e ouvir os candidatos, é pesquisar melhor a vida de cada um. Comece pelos candidatos a prefeito. Quem são eles? De onde vieram? O que fizeram? A quem eles são ligados? Já tiveram beós na vida? São mesmo independentes? A sua investigação começa por aí e vai embora. A imprensa e o Google são boas fontes para você pesquisar.
O mesmo deve ser feito com quem quer ser o seu vereador. Pelo menos sabe ler e escrever? (rsrs…). Já fez alguma coisa pela sua comunidade sem ganhar nada? Tem “capivara” na polícia? A família suporta o candidato? Está querendo ajudar a comunidade ou só arrumar um emprego?
Me desculpe se este texto parece muito pessimista em relação aos candidatos às eleições de outubro. A intenção não é esta. O que eu estou procurando mostrar é que a propaganda eleitoral não basta, é preciso pesquisar. Tem muita gente boa, mas é igual a procurar uma agulha no palheiro. Tem que ter paciência.
Dito isto, ficam algumas sugestões para amenizar a vida difícil que você terá nos próximos meses:
– Não fique ligado nos bate-bocas entre os candidatos. São até amigos entre eles, mas querem destruir os adversários nesse período.
– Tome cuidado com as mentiras. Os candidatos não precisarão responder por elas na Justiça.
– Pesquise se quem está “metendo o pau” no adversário não estava aliado a ele até bem pouco tempo.
– Entre os que se apresentam na TV, rádio e redes sociais, prefira os que também mostram a cara no seu bairro e na sua rua quando não é época de campanha.
– Desconfie de quem apresenta muitas soluções, mas nenhum caminho seguro para resolver os problemas reais.
– Em vez do blablabla da campanha eleitoral nos meios de comunicação, chame o candidato para ser sabatinado pela sua comunidade.
Boa sorte!
> Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 48 anos. É editor do SuperBairro. Mora na Vila Guaianazes há 23 anos.