Moradores temem que área de água parada com cerca de 300 m2 provoque casos de dengue no bairro; Prefeitura diz que tem feito inspeções e nebulizações, mas não explica a existência da lagoa
DA REDAÇÃO
Há cerca de seis meses, uma lagoa de água parada com aproximadamente 300 m2 está ocupando quase toda a largura da rua Nestor Soriano, na Vila Guarani, bairro da região central. Moradores estão preocupados com a formação de criadouros do mosquito da dengue no local, que também acumula lixo e entulho.
Na segunda-feira (18), alertada por um morador por meio de vídeo, a reportagem do SuperBairro foi até o local e encontrou uma área com cerca de 10 metros de largura por 30 metros de comprimento onde a água parada invade a rua, que não tem calçamento e nem trânsito regular.
Em frente à lagoa existem dois estabelecimentos comerciais, a Aço Vale, que trabalha com sucatas de equipamentos industriais, e a Lear Funilaria. A Aço Vale estava com os portões fechados. Na Lear, o proprietário Luciano Pereira disse que “está todo mundo no bairro com a pulga atrás da orelha” por causa da lagoa.
Segundo Pereira, há cerca de um ano foi executada uma obra de galeria na rua e, mais recentemente, quando chove o local fica coberto pela água. “O pessoal da Prefeitura vem sempre, olha, tira fotos, mas nunca fez nada”, contou.
Para o funileiro, a solução é aterrar a lagoa porque, do jeito que está, há risco até de alagamento de uma casa próxima. Além disso, ele reclama do lixo que é jogado na rua. “É preciso recuperar essa via”, pediu.
O funileiro disse que a Prefeitura tem feito inspeções em sua oficina para prevenir criadouros do Aedes aegypti, mosquito responsável pela dengue. “Eles olham, passa o carro da nebulização, mas é preciso eliminar a água parada, está morrendo gente por causa da dengue”, opinou, informando que recentemente uma mulher de 39 anos teria morrido de dengue na Vila Maria, bairro separado da Vila Guarani pela avenida Sebastião Gualberto.
Mina brota água
Segundo Valdomiro de Assis, 61 anos, morador na Vila Guarani há 15 anos e ministro da paróquia de São José, cuja igreja está dentro do bairro, a lagoa se formou há pelo menos seis meses. “A Prefeitura retira o lixo e passa máquina na rua quando é necessário, mas na lagoa ela nunca mexeu”, disse.
Apesar de afirmar que não tem conhecimento de casos de dengue no bairro neste ano, ele alertou que os moradores estão correndo risco de contrair a doença devido à água parada e não tratada. “Na semana passada passou a nebulização no bairro inteiro”, explicou Valdomiro. Porém, ele considerou urgente uma solução para a lagoa. “Existe uma mina entre a Sebastião Gualberto e a Nestor Soriano que fica brotando água e deve ser a responsável pela formação da lagoa”, disse. “É preciso canalizar a mina e recuperar a rua.”
Saúde responde
Depois de visitar a lagoa da Vila Guarani, o SuperBairro enviou perguntas a três secretarias da Prefeitura: Saúde, Manutenção da Cidade e Gestão Habitacional e Obras. Até as 14h desta sexta-feira (22), apenas a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde havia enviado respostas às indagações.
“A Prefeitura de São José dos Campos tem intensificado as ações de combate à dengue em todas as regiões da cidade. Desde a última segunda-feira (18), está sendo realizada nebulização no Monte Castelo e adjacências, abrangendo a Vila Guarani. O trabalho prossegue até a próxima segunda-feira (25)”, informou a secretaria.
A nota acrescentou que entre os dias 11 e 15 de março “foram realizadas ações de controle de criadouros, nebulização e aplicação veicular de larvicida biológico na Vila Guarani. No dia 16, também teve nebulização no bairro”.
Perguntada sobre o risco de estarem se formando na lagoa criadouros para o mosquito Aedes aegypti, a secretaria não respondeu. Também não houve resposta à pergunta sobre quantos casos de dengue foram registrados no bairro neste ano.
A Secretaria de Saúde é responsável pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), onde atuam os agentes de combate a endemias. O órgão é responsável por todo o controle de criadouros de Aedes aegypti no município, mas no caso da Vila Guarani não incluiu a lagoa na inspeção.
[Veja no final deste texto todas as perguntas do SuperBairro enviadas à Secretaria de Saúde e a íntegra da resposta.]
Sem solução
As perguntas endereçadas à Manutenção da Cidade e Gestão Habitacional e Obras questionaram o motivo da formação da lagoa na rua Nestor Soriano e o que a Prefeitura já fez ou fará para solucionar o problema. Nenhuma das duas secretarias respondeu os questionamentos.
No final da tarde de quinta-feira (21), a reportagem foi informada de que deveria encaminhar as perguntas ao Departamento de Fiscalização e Posturas Municipais (DFPM), subordinado à Secretaria de Proteção ao Cidadão. Às 14h44 desta sexta-feira o SuperBairro recebeu a seguinte nota do DFPM:
“A Prefeitura de São José dos Campos informa que as equipes da fiscalização vistoriaram o local e verificaram que a empresa Aço Vale possui Inscrição Municipal e alvará de funcionamento válidos. Não foram constatadas outras irregularidades no funcionamento do local passíveis de ação fiscal.
Quanto ao lixo e entulho despejados na via pública ao longo da Rua Nestor Soriano nossas equipes vão intensificar monitoramento para tentar flagrar os responsáveis.”
[Veja no final deste texto todas as perguntas do SuperBairro enviadas às Secretarias de Manutenção da Cidade e Gestão Habitacional e Obras.]
PERGUNTAS & RESPOSTAS
Perguntas do SuperBairro à Secretaria de Saúde
1 – Agentes de combate a endemias já estiveram no local?
2 – Qual é a avaliação quanto ao risco de estarem se formando na lagoa criadouros para o mosquito Aedes aegypti e outros insetos?
3 – Por que ainda não foi executado nenhum serviço para remover a água parada do local?
4 – Quantos casos de dengue já foram registrados no bairro? Alguma morte?
5 – Como a Secretaria de Saúde pretende resolver o problema?
6 – A Secretaria já fez inspeções buscando criadouros de Aedes aegypti na Vila Guarani neste ano? Quantas e em que datas? Quais foram os resultados?
Resposta da Secretaria de Saúde:
A Prefeitura de São José dos Campos tem intensificado as ações de combate à dengue em todas as regiões da cidade.
Desde a última segunda-feira (18), está sendo realizada nebulização no Monte Castelo e adjacências, abrangendo a Vila Guarani. O trabalho prossegue até a próxima segunda-feira (25).
Entre os dias 11 de março e 15 de março, foram realizadas ações de controle de criadouros, nebulização e aplicação veicular de larvicida biológico na Vila Guarani. No dia 16, também teve nebulização no bairro.
Força-tarefa
A Prefeitura tem feito uma força tarefa de combate ao mosquito Aedes aegypti em toda a cidade, com Operações Casa Limpa, recolhimento de materiais inservíveis que podem ser focos do mosquito, controle de criadouros, visitas nas residências, nebulização nas casas e locais com casos confirmados e ações de orientação e conscientização em praças e escolas.
Já estão sendo realizadas ações conjuntas, envolvendo equipes das secretarias de Saúde (agentes de combate às endemias e agentes comunitários de saúde) e Proteção ao Cidadão (representantes da Defesa Civil e fiscais de posturas que realizam fiscalizações em áreas particulares).
As secretarias de Manutenção da Cidade e de Apoio Social ao Cidadão colaboraram com caminhões para recolher os materiais inservíveis.
Guardas civis municipais têm colaborado com drones, que sobrevoam e gravam imagens de imóveis aos quais os agentes de combate às endemias não têm acesso por estarem fechados.
A Prefeitura também está divulgando a programação diária de ações contra a dengue na página Campanha Contra a Dengue (https://www.sjc.sp.gov.br/servicos/saude/vigilancia-epidemiologica/campanha-contra-a-dengue/).
Colaboração
É essencial a colaboração dos munícipes, redobrando os cuidados e sendo cordiais com os agentes, que trabalham para garantir a saúde de todos, deixando-os entrar na casa para avaliação dos quintais, vasos de plantas e ralos.
E caso identifique terrenos abandonados ou locais que possam ser criadouros do transmissor da dengue, o munícipe deve entrar em contato pela central 156 (telefone, site e aplicativo).
Perguntas do SuperBairro à Secretaria de Manutenção da Cidade
1 – Qual foi a obra pública executada no local?
2 – A Secretaria de Manutenção da Cidade tem conhecimento da lagoa que se formou no local? Qual é a causa?
3 – Por que ainda não foi executado nenhum serviço para remover a água parada do local?
4 – Como a Secretaria de Manutenção da Cidade pretende resolver o problema?
5 – Quanto ao acúmulo de lixo e entulho no local, já foi feito algo para resolver o problema? Se não, o que pode ser feito?
Resposta da Secretaria de Manutenção da Cidade:
A reportagem foi encaminhada à Secretaria de Proteção ao Cidadão, pois o assunto seria de responsabilidade do DFPM (Departamento de Fiscalização e Posturas Municipais).
Perguntas do SuperBairro à Secretaria de Gestão Habitacional e Obras
1 – Qual foi a obra pública executada no local?
2 – A secretaria tem conhecimento da lagoa que se formou no local? Qual é a causa?
3 – Por que ainda não foi executado nenhum serviço para remover a água parada do local?
4 – Como a secretaria pretende resolver o problema?
Resposta da Secretaria de Gestão Habitacional e Obras:
Não houve resposta.