Não há explicações para esses encontros felizes. Foto / Freepik

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Ela pensou assim: estou com 64 anos e seria uma irresponsabilidade da minha parte adotar um filhote de cachorro. Imagina eu, com quase 80, tendo que passear com o dog? Nem pensar!

Mas o destino, caprichoso como sempre, colocou no caminho da Lourdes Buozzi uma cachorrinha da raça shih-tzu, com cerca de oito anos, cega, com as tetinhas cheias de leite e muito maltratada. Não demorou nada para ela se apaixonar e levá-la para casa.

Batizada de Susy Maria, a cachorrinha (que muito provavelmente foi descartada depois de ser explorada como matriz em algum canil clandestino), foi devidamente coroada para, segundo Lourdes, reinar feliz e absoluta em seu lar, já que ela chegou bem no dia em que a rainha Elizabeth havia morrido.

Susy Maria devidamente coroada para reinar absoluta. Foto / Facebook

Reféns

Esse é mais um encontro feliz entre um ser humano e um animalzinho, e nesse mundão de meu Deus esses encontros acontecem aos montes, com histórias surpreendentes de cães e gatos, principalmente, entrando na vida das pessoas sem pedir licença e promovendo grandes mudanças.

Aliás, foi mais ou menos isso o que aconteceu com um casal de amigos que foi passar um final de semana na praia. Eles estavam comendo uns petiscos num quiosque à beira-mar quando um cachorrinho se aproximou, e a mulher, olhando aquela carinha pidona, não resistiu e começou a jogar pedaços de tudo o que comia para o bichinho. Claro que ele foi ficando, ficando, até que chegou a hora de voltarem para o apartamento.

O casal realmente ficou na dúvida do que fazer, mas o cachorrinho nem titubeou, ficou esperando para acompanhá-los. Os dois começaram a caminhar e o cachorro foi andando um pouco mais à frente e, para total surpresa do casal, o danado parou exatamente na porta do prédio onde ficava o apartamento. Eles caíram na risada e colocaram o bonito pra dentro. Nessa hora, o cachorrinho deve ter pensado: perdeu playboy, agora vocês são meus reféns.

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Banho, ração fresca (meu amigo saiu para comprar), soninho no sofá e depois um passeio, com a intenção de perguntar se alguém tinha perdido o cachorrinho, mas o que eles ficaram sabendo acabou selando o destino de todos. Uma pessoa tinha parado o carro na pista e colocado o cachorro para fora, ou seja, ele tinha sido covardemente abandonado para, quem sabe, morrer. A sorte é que ele andou até a faixa de areia.

O casal voltou para casa com um “pepino” para descascar, porque a única coisa que eles queriam era passar uns dias na praia, e não adotar um cachorro, mas chegou o domingo, a hora da partida e uma decisão a ser tomada.

Quando desceram na garagem o cachorro já foi na direção do carro deles, o que acabou, novamente, surpreendendo aos dois. Quando começaram a guardar as coisas, o digníssimo, sem qualquer cerimônia, subiu e se deitou no banco de trás, esperando seguir viagem para o seu novo lar. Segundo meu amigo, foi nesse momento que eles descobriram que não tinha mais volta, que, oficialmente, eles tinham um cachorro.

Isso aconteceu há mais de sete anos. Hoje, Luke, nome do digníssimo, é um cão quase idoso, que continua sendo paparicado ao extremo pelo casal que ele escolheu para passar toda a sua vida.

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Trouxe uma amiga

Já os gatos são ainda mais abusados. Uma amiga que tem dois gatos conta que, do nada, apareceu uma gata na casa dela, o que a deixou bastante intrigada já que o seu quintal é todo telado para impedir que seus gatos fujam.

Ela resolveu fazer uma varredura e descobriu que tinha uma pequena falha na tela, e pensou ter sido por ali que a gatinha esperta entrou. Alguns dias se passaram e a gata sumiu, então minha amiga pensou que ela deveria ter dono e voltou para sua casa.

Um belo dia, ela entra em casa e dá de cara com quatro gatos dormindo no seu sofá. Dois ela sabia bem quem eram, a terceira era a gata fujona, que quando olhou para ela só faltou dizer: olha, eu trouxe uma amiga pra morar com a gente. Sim, a gata intrusa trouxe uma outa gata, afinal a casa já era dela, certo? O jeito foi fechar rapidamente o buraco na tela –antes que a gatinha resolvesse trazer mais amigos– e assimilar a ideia de que o número de gatos morando em sua casa simplesmente havia dobrado –e ela que lutasse pra colocar ração nos potinhos.

Enfim, não há explicação para esses encontros aleatórios entre bichos e humanos. Sabemos apenas que o único sentimento que os une é o do amor. Não tem como explicar uma pessoa que não queria ter mais cachorro se apaixonar por uma cachorrinha cega e velha; ou um casal passar um final de semana na praia e voltar com um cachorro a tiracolo; ou ainda uma pessoa adotar uma gatinha que resolve trazer um outro bichano pra morar junto.

Nada disso tem explicação, a não ser que esses encontros já estão marcados por Deus, que sabe de absolutamente tudo.

Adote

> Edna Petri é jornalista (MTb nº 13.654) há 39 anos e pós-graduada em Comunicação e Marketing. Mora na Vila Ema há 20 anos, ama os animais e adora falar sobre eles.

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