Foto / Racool Studio/Freepik

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Quando recebi do colega jornalista Wagner Matheus o convite para escrever uma coluna semanal no SuperBairro, confesso ter experimentado uma pitada de felicidade, preocupação e expectativa.

Fiquei contente porque, depois de muito tempo, teria a oportunidade de publicar meus textos num veículo de comunicação sério e honesto, marcas registradas dos produtos jornalísticos de iniciativa do meu atual editor. Apesar da pouca afeição pela mídia digital, sinalizei positivamente por acreditar no projeto, que conhecia de visitas quase diárias ao portal, já a todo vapor.

A dose de aflição foi por saber que teria potencializada a responsabilidade pela companhia –igualmente agradável– de bons e experientes jornalistas. Até aquele instante, no campo digital, tinha como limite rabiscar textos com começo, meio e fim, e publicá-los despretensiosamente no meu perfil no Facebook. Daquele momento em diante, os submeteria ao crivo de seleto e significativo grupo de leitores, que tinha, no timaço gabaritado de profissionais, excelente parâmetro de comparação. Está explicado o frio na barriga?

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E por um átimo de tempo vivi a expectativa do que escrever para conquistar espaço num veículo que, aos poucos, amealhava a confiança de um público ávido por novidade. Foi quando meu interlocutor propôs que me ativesse a temas e estilo empregados em minha página no Face, que, enfatizou, estava de bom tamanho; e sugeriu, quando possível, me desviar da desgastante e tensionada política, assunto fartamente abordado pelos sites especializados.

Assenti, lendo nas entrelinhas, um consentimento para brincar com as palavras, como na página sob meu domínio. Combinei um dia da semana para lhe mandar os escritos; ele me ensinou o caminho das pedras para achar uma foto ilustrativa da abordagem, e de pronto coloquei a mão na massa, entusiasmado.

Estava no ócio, no apartamento de minha filha, acompanhando os serviços de uma empresa especializada em confeccionar e montar móveis planejados. Mais cedo, tinha feito minha caminhada nos arredores, de onde tirei, logo que desliguei o telefone, os subsídios para “O alegre voo do pardal”, crônica inaugural aqui. Saí com o texto por burilar.

Como escrevo sobre o que me dá na telha –desde que não pise no campo minado da política–, publiquei depois o primeiro capítulo de um conto que tinha no prelo, cujos seis capítulos somam 4.368 palavras. E, até “Ah, esses ipês!..”, na semana passada, entabulei dois ou três textos sobre assuntos mais densos; tentativa de me certificar do que melhor gosta o leitor, nos limites de minha capacidade dissertiva.

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No quebra-cabeças que tento montar para saber o que agrada a quem está na outra ponta da linha, ainda não tenho um retrato claro; mas, pelo feedback, desde minha estreia no SuperBairro, sei que o cotidiano é sempre um panorama a se descortinar por um escrevinhador obstinado como eu.

O problema é que, com esta pandemia –que dá trégua ao mesmo tempo em que amedronta com novas cepas–, o meu cotidiano, portão afora, está restrito aos rolêzinhos pró-saúde do coração e a ida a lugares como supermercado, feira livre, padaria… nada além, pois não sou mais criança e nem tenho histórico de atleta.

Por isso, vou continuar escrevendo sobre variados tópicos, alguns momentosos; outros não, como este. Hoje, muito me apeteceria deitar o guatambu sobre um septuagenário arrogante e mentiroso, a ouriçar a gangue da rapinagem; ou sobre um doido varrido, que de louco não tem nada, mas…

Desculpe a escorregadela, chefe! É que eu precisava de um fecho para este texto. Na próxima semana prometo embriagar meus seis seguidores aqui discorrendo sobre a queridinha do Brasil. Talkey?

 

> Carlos José Bueno é jornalista profissional (MTb 12.537). Aposentado e no ócio, brinca. Com os netos e as palavras.