Cacaso
Minha pátria é minha infância.
Por isso vivo no exílio.
Talvez o barco contasse
deste percurso no tempo.
De como seria o escafandro
isento de tal mergulho.
Minha pátria é sob a pele:
Cargueiro no mar de névoa.
Antigamente os conflitos
não aspiravam a ser.
De como fiquei trancado
na torre em que era dono.
E a certeza como faca
engolindo a própria lâmina.
De como se libertaram
os mitos presos na forca,
e o exato espanto vindo da terra,
dos gestos do imperador.
Antônio Carlos de Brito, conhecido como Cacaso, foi professor universitário, letrista e poeta. Participou de movimentos estudantis contra o regime militar e é considerado o tutor da “poesia marginal” brasileira, tendência que contestava os poetas concretos e buscava apenas falar de poesia e fazer poemas. Nasceu em 13 de março de 1944, em Uberaba (MG), e morreu em 27 de dezembro de 1987, no Rio de Janeiro (RJ). Fontes: Wikipédia e Armando Freitas Filho, na revista Cult
> Júlio Ottoboni é jornalista (MTb nº 22.118) desde 1985. Tem pós-graduação em jornalismo científico e atuou nos principais jornais e revistas do eixo São Paulo, Rio e Paraná. Nascido em São José dos Campos, estuda a obra e vida do poeta Cassiano Ricardo. É autor do livro “A Flauta Que Me Roubaram” e tem seus textos publicados em mais de uma dezena de livros, inclusive coletâneas internacionais.