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Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Certa ocasião um amigo me lembrou dos versos do velho Lupa: “Felicidade foi embora e a saudade no meu peito inda mora. E é por isso que eu gosto lá de fora porque sei que a falsidade não vigora”.

Respondi de pronto:

‒ Não se iluda companheiro, se “quiser encontrar amor vai ter que sofrer, vai ter de chorar”. (Vandré-Lyra)

A vida é assim mesmo, “o correr da vida embrulha tudo, esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. Ser capaz de ficar alegre e mais alegre no meio da alegria, e ainda mais alegre no meio da tristeza”. (Guimarães Rosa)

Recorde Teresa de Calcutá, que conseguia ser alegre em meio às tragédias, pois sempre estava no caminho de Deus. “A felicidade é frágil e fugaz”, consoante o filósofo Nietzsche: “A melhor maneira de começar o dia é, ao acordar, imaginar se nesse dia não podemos dar alegria a pelo menos uma pessoa”.

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Não sou daqueles pessimistas que veem a vida apenas como mera sucessão de sofrimentos. Você sabe que a verdadeira felicidade não está nos bens, na mera satisfação dos sentidos, mas sim numa vida virtuosa, atingível por esforço e conhecimento até chegar à ideia do bem.  Caixão não tem gavetas, diz o povo.

Ademais, é um estado de espírito, vem e vai.  Confesso que acredito na felicidade eterna tentando caminhar em direção ao Senhor. Mesmo assim, vou me sentindo feliz e alegre, um bocadinho por vez, nas pequenas coisas, sem deixar para depois.

O poeta mostrou com arte a nossa procura inútil da felicidade em momento do futuro, que existe apenas na nossa mente: “Essa felicidade que supomos, árvore milagrosa que sonhamos, toda arreada de dourados pomos. Existe sim: mas nós não a alcançamos, porque está sempre onde a pomos e nunca a pomos onde nós estamos”. (Vicente de Carvalho)

Isso, se alcançar um pomo de ouro fosse a garantia de felicidade. Aliás, observe que o passado já se foi, o futuro não existe, sendo mero projeto na nossa mente; viva pois o presente. O poeta pagão Horácio, com uma motivação um pouco diversa de Jesus, revelava: carpe diem. Desfrute do momento, pois a vida é breve. Foco no hoje, pois “a coisa mais bonita que há no mundo é viver cada segundo como nunca mais!”. (Vinicius)

Aí vem a pragmática tia Filoca e me sacode do devaneio literário-filosófico:

‒ Pare aí de filosofar, Zezinho, que não é sua área. Felicidade é o pão na mesa, a família, o seu lar e Deus. De nada lhe vai adiantar essas filosofices se você não está em sintonia com o Senhor. Converta-se, peste!

 

> José Roberto Fourniol Rebello é formado em direito. Atuou como juiz em comarcas cíveis e criminais em várias comarcas do estado de São Paulo. Nascido em São Paulo, vive em São José dos Campos desde 1964, atualmente no Jardim Esplanada. Participou do movimento cultural nascido no município na década de 60.   

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