Sandra Bullock é uma ex-presidiária que volta às ruas e não encontra perdão. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Quem acompanha esta coluna já sabe: alguns atores e atrizes possuem tamanho grau do meu respeito e admiração que, independentemente do título, enredo ou direção, seu filme terá a minha audiência. Sandra Bullock pertence a tal seleto grupo.

Quem não riu com a desajeitada agente policial Gracie em “Miss Simpatia” (“Miss Congeniality)? Ou com a rígida editora Margaret, de “A Proposta” (“Proposal”)? Como não gostar da excêntrica criadora de palavras cruzadas Mary Horowitz em “Maluca paixão” (“All About Steve”) e torcer por um final feliz? Impossível não ter se emocionado com a missão espacial da Dra. Ryan em “Gravidade” (“Gravity”) e as trágicas perdas da mãe e esposa Linda, naquele fatídico 11 de Setembro, em “Tão Forte e Tão Perto” (“Extremely Loud and Incredibly Close”).

Neste mês de dezembro, a Netflix nos brinda com “Imperdoável” (“The Unforgivable”). Sandra Bullock é a protagonista Ruth, de expressão neutra, gélida e maltrapilha após cumprir pena de 20 anos por homicídio. Das feridas que purgam na alma, apenas uma a mantém viva: reencontrar Kate (Aisling Franciosi: série “Game of Thrones”), a irmã caçula que teve sob seus cuidados desde bebê e de quem perdeu contato ao ir para a prisão.

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Durante as duas décadas em que permaneceu encarcerada, Ruth escreveu cartas para a irmã, na esperança de se manter viva em sua memória; ao sair, é fortemente advertida para não se aproximar dela, que foi adotada por uma família. Baseado em minissérie de mesmo nome, “Imperdoável”, é um filme que nos escancara a realidade (nos EUA, como no Brasil) da reinserção social com que se deparam as pessoas que passam pelo sistema carcerário –diferentemente do que muitos supõem, inclusive as mulheres, de pele branca e cabelos lisos.

Ruth não recebe o perdão dos filhos da vítima, tampouco dos policiais de quem o xerife assassinado era companheiro de profissão; ela sequer é perdoada pelos novos colegas de trabalho, ao descobrirem seu crime e condição de presidiária sob liberdade condicional.

Dirigido por Nora Fingscheidt (“Transtorno Explosivo”), com a participação de Viola Davis (“A Voz Suprema do Blues”, “Vidas Cruzadas”), Vincent D’Onofrio (“Desejo de Matar”. Série “Law & Order: Criminal Intent”) e Richard Thomas –o inesquecível primogênito John-Boy, da série “The Waltons”, 1972, de quem leitores mais experientes hão de lembrar!–, adentramos por caminhos por vezes tortuosos, num enredo muito bem traçado, com situações e desfechos inesperados, que emocionam e deixam a porta aberta para uma possível continuação. Confira!

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Série

The Affair’

O que me conquistou nesta série (inicialmente exibida pela Netflix e mais recentemente no Canal Paramount –disponível para assinantes Prime Video– e HBO Max, foi a narração dos mesmos fatos, separadamente, pelos principais personagens envolvidos a cada episódio.

Magnífica essa ideia de não permitir julgamentos prévios, mas dar ao telespectador a oportunidade de tirar suas próprias conclusões depois de olhar uma situação sob os diferentes pontos de vista dos que a viveram. Relacionamentos é o tema central de “The Affair” –assim, no plural, já que mostrado em todas as suas formas: relacionamento amoroso, familiar, profissional, de amizade etc.

Os caminhos de uma família nova-iorquina e aparentemente perfeita se cruzam com os de outra, que tenta se reestruturar depois de uma tragédia. Na primeira, Noah (Dominic West: “O Mestre dos Gênios”, “O Sorriso de Monalisa”; série “The Hour”) é o pai que trabalha como professor e vai com a esposa e filhos para a casa de praia do sogro rico –famoso autor de best-sellers–, buscar inspiração para escrever seu segundo livro.

Na segunda, Alison (Ruth Wilson: série “Mrs. Wilson” e “Luther”) é garçonete no restaurante da cidade litorânea de Montauk e sobrevive recolhendo os fragmentos do casamento para refazer a vida, depois da morte do único filho do casal. Se for maratonar “The Affair”, tire as crianças da sala, pois nessa excelente série há tórridas cenas de sexo, drogas e brigas de casal.

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> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), atua como redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há nove anos na Vila Ema.

 

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