Cena de Um Método Perigoso: envolvimento entre analista e paciente. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Disposto a fazer uma avaliação mais complexa do ser humano, em Um método perigoso (A dangerous method – 2011) o diretor David Cronenberg (A mosca, Marcas da violência, Senhores do crime) escava os fundamentos da psicanálise e começa a trama com um caso de Histeria, que em fins do século XIX era vista como doença típica das mulheres.

O filme nos aproxima da realidade da época, em que manifestações clínicas (como a Histeria) eram tratadas alternativamente com choque elétrico, sem lugar de fala. A paciente em questão é a russa Sabina Spielrein (Keira Knightley – O jogo da imitação, Orgulho e preconceito, Anna Karenina, Piratas do Caribe), que carrega traumas entre dor e prazer.

O impacto do filme é sentido logo nas primeiras cenas –de admirável interpretação de Keira–, quando a protagonista é levada numa carruagem para uma clínica em Zurique, uivando e se debatendo como um animal, lutando contra a domesticação e confinamento de seus desconhecidos e indisciplinados desejos e emoções.

O tratamento estabelecido pelo então jovem psiquiatra suíço Carl Jung (Michael Fassbender – Bastardos inglórios, Spotlight, 12 anos de escravidão) consiste em colocar em prática a teoria da psicanálise formulada pelo neurologista e psiquiatra Sigmund Freud (Viggo Mortensen – Green Book: o guia, O Senhor dos Anéis, Um crime perfeito): a cura pela palavra.

Baseado em uma peça de Christopher Hampton (roteirista do filme), que por sua vez a embasou no livro de John Kerr (A most dangerous method: the story of Jung, Freud & Sabina Spielrein), o longa metragem coloca a jovem Sabina como fomentadora das diferenças entre Jung e Freud, principalmente no que se refere à “transferência” (vínculo amoroso paciente-analista).

Um dos fundamentos primordiais de Freud destacava o não envolvimento de analista e paciente, sob o risco de comprometer os resultados almejados na terapia; iniciado o tratamento de Sabina, gradativamente começa o envolvimento emocional e sexual dela com Jung (então casado) e quando ele tenta romper o relacionamento, a paciente é acometida por uma nova crise.

À parte da licença poética permitida pelo cinema, elementos históricos permeiam Um método perigoso, como o fato de Sabina Spielrein ter sido paciente de Carl Jung na vida real, tornando-se posteriormente sua assistente.

Paralelamente às diferenças entre as ideias de Freud e Jung, pode-se observar na trama algumas pinceladas claras ou subentendidas sobre o antissemitismo –que, à época, já era uma preocupação real do “pai da psicanálise”: quando a Áustria foi invadida pelos nazistas, a origem judaica de Freud o fez inimigo do regime; além de muitas de suas obras terem sido queimadas, dois de seus filhos foram presos pela polícia de Hitler.

O filme não é leve, como se poderia supor dos belos figurinos sob cenários vienenses, mas vale pela absorção de conhecimento, cultura e ótimas interpretações. Disponível no Now.

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Para o seu fim de semana

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ENOLA HOLMES

Sim, o sobrenome da adolescente Enola (Millie Bobby Brown, de Godzilla e Stranger things) a denuncia: é a irmã mais nova do famoso detetive Sherlock Holmes (Henry Cavill: O homem de aço, Batman x Superman, Liga da justiça), aqui apenas um coadjuvante. Diante do desaparecimento de sua mãe (Helena Bonham Carter: As sufragistas, Oito mulheres e um segredo), com quem sempre viveu, a jovem impetuosa e cativante dá início a uma investigação para descobrir o seu paradeiro, oferecendo ao espectador momentos de aventura e fantasia na Inglaterra de 1884, proporcionados pela corajosa e inteligente Enola –a versão mais jovem de Sherlock.  Filme de 2020, disponível na Netflix.

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THE BIG C

Falar sobre câncer, de modo geral, é se aproximar de um tema de que habitualmente fugimos, afinal fomos criados para a vida e não para a morte. Disponível no Now, a série conta a história da professora Cathy (Laura Linney: O show de Truman, As duas faces de um crime), que descobre um câncer em estágio muito avançado. Inicialmente escondendo o fato para o marido e o filho adolescente, a “sentença de morte” modifica o olhar da protagonista sobre a vida, motivando-a a experimentar inúmeras situações das quais ela havia se privado até então. Com o desenrolar da trama, Cathy conta a todos sobre o câncer e trava uma verdadeira batalha contra a doença, passando por diferentes fases emocionais durante as quatro temporadas da série. Entre cenas de choro e de muito riso, a mensagem que fica é de que a vida sempre vale a pena ser vivida.

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SHAUN, O CARNEIRO

Aumente o som e deixe a alegria tomar conta de você desde a abertura dessa premiada animação infantil! Britânico, Shaun the sheep conta a rotina e bagunças de uma ovelha negra que mora com o rebanho numa fazenda e está sempre atenta ao que acontece no local, pronta a ajudar (ou atrapalhar?!?) o cão pastor. O criador da série é Nick Park (Os Simpsons, A fuga das galinhas) e a cada episódio são apresentadas três pequenas aventuras que envolvem todo o grupo, o fazendeiro e outros animais ao redor. Aqui, a diversão é garantida… para todas as idades! Netflix.

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> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), atua como redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há nove anos na Vila Ema.