Definitivamente, as eleições estão chegando. Daqui até outubro de 2022, candidatos, partidos e militantes vão focar cada vez mais no seu alvo: o eleitor. Na semana passada foi a vez do pré-candidato a governador de São Paulo, Fernando Haddad, fazer, como diziam os antigos repórteres políticos, um “périplo” por várias cidades da RMVale.
Segundo o presidente municipal do PT em São José dos Campos, Wagner Balieiro –ele mesmo pré-candidato a deputado federal– o ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo veio à região para estabelecer contato com militantes, recolher propostas para o plano de governo a ser apresentado na campanha e até para conversar com líderes locais de outros partidos, como PSB, PDT, PCdoB e Psol.
“Ele também falou com gente ligada à Educação, já que os quatro institutos federais de educação da RMVale, assim como o campus da Unifesp [Universidade Federal de São Paulo] em São José foram criados por ele como ministro”, destacou Balieiro. “Além disso, também impressiona a presença forte do Haddad junto ao público mais jovem.”
Na quinta-feira (11), o petista esteve em Taubaté, Pindamonhangaba, Lorena, Cachoeira Paulista e Areias, esta última na região do Vale Histórico. Na sexta (12), foi a vez de Jacareí, Caçapava, Paraibuna e, finalmente, São José dos Campos. Haddad também fez contatos com sindicatos de trabalhadores.
“A visita a Areias teve um motivo especial porque o Fernando Haddad foi vitorioso lá contra o Bolsonaro na eleição de 2018”, lembrou Balieiro.
A plenária realizada na noite de sexta-feira relembrou os tempos áureos do PT em São José dos Campos, com o prédio da Câmara Municipal tingido de vermelho e salpicado da estrela que identifica o partido. A estimativa dos organizadores é de que entre 500 e 600 pessoas compareceram para um evento que teve “cara” de campanha eleitoral.
Já no saguão do prédio do Legislativo foi montada a exposição sobre os 40 anos do Partido dos Trabalhadores que está percorrendo várias cidades e regiões do país. O encontro dos petistas teve até música ao vivo.
Haddad falou para militantes e simpatizantes –o evento teve portas abertas– e fez uma análise da conjuntura política e econômica do Brasil atual.
Wagner Balieiro, que deve ser um dos principais articuladores da campanha do candidato na região, disse que “a visita de Haddad reforça a esperança da população em dias melhores para São Paulo e para o Brasil”. Em sua rede social, o presidente do PT joseense foi mais contundente: “Juntos, vamos lutar para reconstruir nossa cidade e nossa região com saúde, emprego e educação”.
1, 2, 3…
Bolsonaro mira o centro
Não só Bolsonaro, mas Lula também. O eleitor menos radical poderá definir quem será o presidente da República a partir de 2023. Esta é uma das observações contidas na análise do consultor político Marcelo Weiss, ouvido pela coluna Política & Políticos.
Marcelo é joseense e diretor da Tupy Company, empresa especializada em consultoria política no Brasil e até em outros países, principalmente africanos. No início deste mês ele foi reconfirmado como diretor para o Brasil da Alacop (Associação Latino-Americana de Consultores Políticos).
1 O presidente Jair Bolsonaro abandonou a pauta de costumes e passou a divulgar realizações do Governo, além de finalmente, pelo menos ao que parece, se definir por um partido para disputar a eleição. Você atribui a isso a volta do crescimento dele nas pesquisas, ou ao menos a pausa na queda?
Segundo a pesquisa que acaba de sair, da Genial+Quaest, o presidente Bolsonaro vem ampliando a rejeição na avaliação do seu governo, atingindo o patamar de 56% de negativo contra 19% positivo e 22% regular. Desde a eleição, Bolsonaro tem mantido as pautas ligadas à sua militância, “pregando para convertido” e negligenciado o restante do eleitorado. Vale lembrar que ele venceu em 2018 por pequena margem sobre Haddad e também pouco acima do “nenhum dos dois”. O trabalho deveria ter sido, desde o início, falar com esse terço da população que não votou em nenhum dos dois. A mudança da pauta de costumes para uma pauta de realizações, tentando se posicionar mais ao centro do que à direita, pode estar sem tempo de se consolidar.
2 Qual é a sua expectativa em relação ao poder eleitoral dos R$ 400 do Auxílio Brasil?
Na mesma pesquisa, vê-se claramente que a saúde/pandemia dominava a preocupação do eleitorado há vários meses. Isso mudou agora em novembro, tendo a economia ultrapassado a saúde em quase seis pontos percentuais. Pensando na economia, 73% acham que piorou, apenas 11% acham que melhorou e 14% acham que está do mesmo jeito. Com isso, o auxílio é muito importante eleitoralmente, porém o governo tem dificuldade em igualar os R$ 600 de 2020, chegando com muito esforço a R$ 400. Vai depender muito da percepção da população quanto a esse valor. Também já vemos o Lula, por exemplo, dizendo que deveriam ser os R$ 600, deixando o governo em uma saia justa.
3 Dá para afirmar que Bolsonaro voltou a ter chance de vencer em 2022, corrigindo os rumos logo após o auge do “golpismo” do dia 7 de setembro? Como ele está no jogo eleitoral? Tem chances, apesar do índice de rejeição que ainda carrega com ele?
A pesquisa mostra também que a recondução de Bolsonaro enfrenta uma séria rejeição, sendo que 69% acham que Bolsonaro não merece mais quatro anos, contra 26% que acham que ele merece. A recém entrada de Moro como possível concorrente à presidência em 2022 deve complicar o cenário, em especial para Bolsonaro, pois Moro tira votos dele e não de Lula. A aproximação de Lula com Alckmin mostra também a preocupação do ex-presidente em se colocar mais ao centro, saindo da tradicional polarização e indo buscar votos no centro. A pesquisa mostra o porquê disso. Na pergunta “quem você prefere que vença”, Lula fica com 46% e Bolsonaro com 22%, mas o segundo lugar é “nem Bolsonaro, nem Lula”. O problema da terceira via é não ter um rosto e correr o risco de se fragmentar. Por isso Bolsonaro e Lula buscam o centro, pois, somado às suas bases, pode ser o diferencial para a vitória. Mas tudo está ainda muito aberto e muito pouco definido. Tudo pode acontecer.
PONTO A PONTO
De quem foi a ideia? (1)
Que o PSDB já não era aquele bloco monolítico do final dos anos 80, quando foi criado para defender a social-democracia e o parlamentarismo, todos já sabiam. Mas quem teve a ideia de fazer prévias no partido para escolher um candidato à presidência?
Se isso aumentou a visibilidade tucana na corrida eleitoral, ao mesmo tempo expôs as vísceras do partido, mostrando o quanto ele mudou desde a sua concepção pelos líderes de “alta plumagem” Montoro, Covas, Serra, Fernando Henrique, entre outros.
Como todas as vísceras, as do PSDB não estão cheirando bem. Mostram uma ala direitista –e taticamente bolsonarista– muito maior do que se supunha, a ponto de a maioria, 21 deputados em um total de 31, votar a favor da PEC dos Precatórios. A própria orientação da liderança da bancada recomendou o voto a favor da PEC, ou seja, o apoio ao projeto do Governo.
A análise dos intestinos do partido mostra também pressões acima do normal na disputa entre Doria e Eduardo Leite nas prévias que escolherão o candidato tucano à presidência, no próximo dia 21, com exonerações, desentendimentos e ameaças de todos os tipos.
O PSDB que sair das prévias será um partido irremediavelmente, e agora publicamente, rachado.
De quem foi a ideia? (2)
Estava tudo muito favorável para o ex-governador Geraldo Alckmin na sua busca por voltar a comandar o maior estado do país. Até que, nessa semana, surge a grande novidade: o PT resolve lançar um balão de ensaio com a chapa Lula/Alckmin para a presidência em 2022.
Para o PT, nada mal. Se fica um certo mal-estar na militância mais aguerrida por causa de uma aliança com um de seus adversários mais tradicionais, as vantagens são visíveis: ganha algum espaço em uma ampla faixa de eleitores que vai da centro-direita, passa pelo centro e até “esbarra” na centro-esquerda. Além disso, engorda um pouco mais a candidatura de Fernando Haddad ao governo de São Paulo.
Alckmin, por enquanto, não ganha nada. Até perde, por ser considerado palatável pelo lulopetismo. Como um dos mais mineiros dos paulistas na política brasileira, Alckmin não descartou conversar com o PT. Mas, se tiver juízo, fugirá dessa aliança como o diabo foge da cruz.
De quem foi a ideia? (3)
A propósito, na semana passada, o deputado Eduardo Cury (PSDB-SP), disse ao SuperBairro que o motivo do descontentamento dos tucanos joseenses com o partido foi justamente a declaração de FHC admitindo que poderia votar em Lula no segundo turno. E agora, como Cury, Felicio e o grupo local, historicamente alckmista, encarariam um acordo entre Alckmin e Lula? Pois é.
Facada ou “feicada”?
Para comprovar que o debate político nas mídias sociais veio para ficar, o principal assessor da deputada estadual Leticia Aguiar (PSL) e candidato a prefeito derrotado em 2020, Anderson Senna, aproveitou para cutucar Fernando Haddad por um trecho do seu discurso na sexta-feira em São José, quando o petista insinuou que a facada recebida pelo então candidato Jair Bolsonaro teria sido, na verdade, uma “feicada”.
Depois de exibir o trecho da fala de Haddad, Senna dirigiu-se aos militantes e simpatizantes bolsonaristas: “Fake, Haddad, é ter Lula na presidência e você no governo do Estado de São Paulo. Em 2022 é Bolsonaro de novo, é melhor você ‘Jair’ se acostumando, ‘talkey’?
[Veja aqui] o vídeo com Haddad.
Ao vivo e com público
A sessão da Câmara de São José dos Campos desta terça-feira (16), com início às 16h, marca o retorno da presença de público na galeria do plenário. Constam da pauta 35 documentos para votação e 80 para leitura e ciência dos vereadores.
Devido às medidas de prevenção contra a covid-19, desde março do ano passado as reuniões do Legislativo vinham sendo realizadas com a galeria vazia. Até a circulação no plenário –onde ficam os vereadores– sofreu restrição. Para se ter acesso à galeria será obrigatório o uso de máscara cobrindo nariz e boca, além da higienização das mãos com álcool em gel.
Para quem não vai pessoalmente, as sessões são transmitidas pela TV Câmara (canais 7 da Net e 9 da Vivo), no site e nas redes sociais do Legislativo.
PASSADO & FUTURO
Tempo de confraternizar
O feriado de segunda-feira (15) quase transformou o Clube de Campo Santa Rita, na região oeste, em um plenário ao ar livre da Câmara Municipal. Pela primeira vez, ex-vereadores resolveram promover uma confraternização para relembrar os velhos tempos com muito churrasco e, é claro, muitas histórias.
O critério para os convites foi quem exerceu mandato de 1996 para trás. Compareceram ex-prefeitos, como Antonio José Mendes Faria e Carlinhos Almeida; ex-presidentes da Câmara, como Amélia Naomi, Florivaldo Rocha, Jorley do Amaral e Lindonice de Brito; e os ex-vereadores Antonio Alwan, Braz Cândido, Carlos Sebe Petreluzzi, Danilo Cesco, João Bosco da Silva, João Moura, José de Castro Coimbra, José Clementino de Faria, José Laurindo Portela, José Raimundo Romancini, Luiz Paulo Costa, Miranda Ueb Machado, Natanael Amaral, Riosaku Sanefuji, Roberti Costa, Teresa Degasperi e Valdir Alvarenga.
A ideia partiu do ex-vereador Bosco, o “Irmãozinho”. Além da confraternização, foi feita uma homenagem aos que já morreram. Ficou combinado e “aprovado por unanimidade” que novos encontros serão realizados, sendo que o próximo irá avançar um pouco mais para trazer ex-vereadores mais “jovens”.
Câmara jovem
Na quarta-feira (10), foram diplomados e tomaram posse os 21 vereadores mirins de São José dos Campos que cumprirão um “mandato” no biênio 2021/2022. Eles foram escolhidos com base na apresentação de propostas de projetos de lei em áreas diversas, como esporte, meio-ambiente, saúde mental, inclusão social, alimentação e bem-estar.
O programa atingiu 43 escolas municipais de ensino fundamental de São José. Cada unidade escolheu a melhor proposta de seus alunos e a seleção final ficou por conta de uma comissão de orientadores de ensino da Secretaria de Educação e Cidadania e de servidores da Câmara Municipal. No total, os estudantes elaboraram mais de 600 propostas.
O Programa Vereador Mirim foi criado pela lei 9.609/2017, a partir de projeto de autoria do vereador Fernando Petiti (MDB).
A cerimônia de posse foi bastante concorrida. Compareceram o prefeito Felicio Ramuth (PSDB), o vice-prefeito Anderson Farias (PSDB) e o secretário de Educação e Cidadania, Jhonis Rodrigues Almeida Santos, além de 12 dos 21 vereadores.
O presidente Robertinho da Padaria (Cidadania) destacou que “o programa aproxima a Câmara das escolas” e que os alunos terão a oportunidade de vivenciar o trabalho dos parlamentares.
Fernando Petiti disse que o objetivo do programa é “estimular o exercício da cidadania e fazer com que os jovens participem da vida da comunidade”.
GESTÃO
Acervo preservado
O arquiteto Ricardo Veiga, presidente da Sociedade de Amigos do Parque Roberto Burle Marx –nome oficial do Parque da Cidade– tem um motivo a mais para comemorar a decisão do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) de declarar o tombamento definitivo de todo o conjunto da Tecelagem Parahyba como patrimônio histórico e cultural do país.
A decisão foi tomada com base em um perímetro ampliado, que passou a considerar elementos que não estavam tombados pelos órgãos municipal (Comphac) e estadual (Condephaat). “Agora também estão protegidas a usina de leite [da Fazenda Sant’Ana do Rio Abaixo], que é propriedade particular, e a capela [situada do outro lado da avenida Olivo Gomes].
“A segurança que o tombamento pelo Iphan proporciona é importante para que sejam elaborados projetos sérios para o conjunto, tanto pelo Poder Público quanto em caso de privatização”, reforça Veiga.
O arquiteto esclareceu que todas as atividades hoje existentes no patrimônio que foi tombado podem continuar a ser realizadas normalmente. Porém, esse não é o caso da Coopertextil, cooperativa formada por ex-trabalhadores da Tecelagem Parahyba que passaram a produzir com as máquinas da fábrica anos depois que ela fechou as portas.
Consultada sobre a situação da cooperativa, a Prefeitura de São José dos Campos respondeu ao SuperBairro que “o caso está na esfera judicial”. Explica-se: a Prefeitura, permissionária do imóvel de propriedade do Governo do Estado, determinou a desocupação sob a alegação de que ele estaria sendo ocupado de forma irregular. Fala-se em cobrança de “aluguel” de empresas e entidades que ocupavam o mesmo local. A Coopertextil negou as irregularidades e o assunto está na Justiça.
TOQUE FINAL
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