Um bom filme baseado em fatos reais da Segunda Guerra Mundial. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Passados mais de 70 anos da Segunda Guerra Mundial, o cinema traz à tona o trabalho secreto de mulheres que enfrentaram preconceitos e abdicaram da vida pessoal para sabotar o terror do nazismo. “As Espiãs de Churchill” (A Call to Spy) é um filme inspirado na vida real de três dessas mulheres: Vera Atkins (Stana Katic: protagonista nas séries “Castle” e “Absentia”), Virginia Hall (Sarah Megan Thomas: “Equity – Mercado de Capitais”, “A Garota do Parque” e também roteirista de “ A Call to Spy”) e Noor Inayat Khan ((Radhika Apte: “O Convidado”, “Parched”).

Recrutada por Winston Churchill, então primeiro-ministro do Reino Unido, a agente secreta Vera foi uma judia que coordenou uma equipe de agentes do SOE (Special Operations Executive) e a quem coube selecionar e treinar trabalhadoras comuns para se tornarem espiãs na França, numa época em que o serviço secreto era exclusividade do universo masculino. Inteligente e perspicaz, Vera utilizou Virgínia e Noor como armas, uma em solo e outra na captura e transmissão de mensagens.

Coragem, perseverança, determinação e orgulho eram seus maiores combustíveis. Com uma perna mecânica, Virgínia foi a única a atuar tanto para o Reino Unido como para a organização secreta norte-americana precursora da atual e famosa CIA, organizando e participando de atos de sabotagem.

Noor era uma princesa sufista –corrente mística do islamismo– que atuou como operadora de rádio infiltrada na França ocupada; foi a primeira heroína de guerra muçulmana do Reino Unido a receber condecoração póstuma por serviços prestados àquele país –capturada pelos inimigos, morreu num campo de concentração nos arredores de Munique. Lançado em 2019 pela Netflix, “As Espiãs de Churchill” é um filme com boas atuações e cenários que refletem o período sombrio em que o mundo vivia. Merece a atenção de quem conhece muito ou pouco de História.

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SOB O SOL DA TOSCANA

(Under Tuscan Sun)

Impossível não se encantar com este filme, baseado no livro que conta a história de sua autora. A bela escritora Frances Mayes (Diane Lane: “Infidelidade”, “Noites de Tormenta”, “Paris Pode Esperar”) vive feliz com o marido em San Francisco até que ele a trai e ocorre o divórcio. Tristeza e depressão bloqueiam sua criatividade para terminar um livro, então uma amiga lhe presenteia com uma viagem para a Toscana.

Encantada com o lugar, Frances decide fazer uma mudança radical e compra uma chácara, cuja casa está quase em ruínas. A partir daí os cenários urbanos se tornam bucólicos e a reforma física da nova moradia também restaura o interior da personagem. Paisagens que transportam para a beleza da Itália num piscar de olhos, romance, uma pitada de drama e uma boa taça de vinho: pronto, agora basta apertar o Globo Play!

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> Séries

THE GOOD FIGHT

Algumas séries captam a minha atenção pela abertura, seja cenográfica ou musical. Na maioria dos episódios de “Shawn, o Carneiro”, por exemplo, eu aumento o volume e ouso cantar junto; em “Friends”, minha vontade é de sair dançando. Em ambos, uma forte emoção me invade e o fato tem se repetido em “The Good Fight”, série exibida pelo streaming Amazon Prime Video.

O compositor britânico de trilhas sonoras David Buckley (Séries: “The Good Wife”, “Evil – Contatos Sobrenaturais”. Filmes: “Anônimo”, “Jason Bourne”, “Atração Perigosa”, “Destruição Final”), sincroniza com perfeição as vozes, os instrumentos musicais e a explosão de finos objetos (supostamente peças de decoração de um escritório de luxo com profissionais de gosto requintado) num compasso entre júbilo e arrebatamento. E, não por acaso, esses são os sentimentos que cercam “The Good Fight”, série criada em 2017 por Robert King, Michelle King’s e Phil Alden Robinson, derivada de outra famosa –“The Good Wife”, desenvolvida pelo casal King e já comentada nesta coluna (edição de 16/9/2021).

Nessa bifurcação, “A Boa Luta” tem como protagonista Diane Lockhart (Christine Baranski: filme “Mamma Mia!”. Séries: “The Good Wife”, “The Big Bang Theory”), uma das principais sócias da empresa de advocacia de Chicago, que pede demissão e decide se aposentar, mas sofre um golpe financeiro que escandaliza o país e lhe é negado o retorno ao escritório.

Branca, de olhos claros, cabelos loiros e bem relacionada no mundo empresarial, ela é convidada por Adrian Boseman (Delroy Lindo: “Caçadores de Emoção – Além do Limite”, “60 Segundos”) a fazer parte de um grande grupo jurídico constituído exclusivamente por advogados e funcionários afro-americanos.

Isso causa incômodo nos demais associados e a situação piora quando Diane traz duas mulheres brancas para comporem a equipe: a ótima assistente Marissa (Sarah Steele: “The Good Wife”, “Permission”) e a advogada principiante Maia (Rose Leslie: “Morte no Nilo”, “Honeymoon”), cujo pai é o responsável pelo golpe financeiro descoberto pelo FBI.

Vários personagens e excelentes atores vêm da série anterior, mas “The Good Fight” tem uma trama e diálogos diferenciados, o que a enriquece sobremaneira, abordando temas delicados como racismo, traição, homossexualismo, ciúme profissional, preferências político-partidárias, entre outros.

Destaque para o perfil irônico de vários juízes togados, as frases ácidas de alguns personagens quando se referem a Donald Trump (então presidente recém-empossado) e para o foco profissional dos advogados afro-americanos em condenar e expulsar da polícia os oficiais que perseguem, agridem e incriminam vítimas pela cor de sua pele. Em sua 6ª temporada, essa é uma ótima luta. Experimente!

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FRIENDS

Poucas séries resistem ao tempo. Há o desgaste da imagem ou demissão de atores, a falta de inspiração da equipe de roteiristas ou redução de verba, enfim, inúmeras razões definem o número de temporadas de uma série. Premiada várias vezes, “Friends” teve 10 temporadas, de 1994 a 2004. A música “I Will be There for You” é uma daquelas que me faz querer sair dançando com o elenco na abertura, mas não foi o único motivo pelo qual eu a maratonei por mais de uma vez.

Os autores David Crane e Marta Kauffman criaram situações inusitadas, cômicas e emotivas, factíveis de acontecer em qualquer relação de amizade –uma das razões que gera empatia da série com o público. O elenco fixo não poderia ser melhor para interpretar os seis amigos: a rica e fútil Rachel (Jennifer Aniston: “Mistério no Mediterrâneo”, “Esposa de Mentirinha”, “Quero Matar Meu Chefe”), a chef maníaca por arrumação e limpeza Monica (Courteney Cox: “Pânico”, “Golpe Baixo”, “Minha Mãe e Eu”), que é irmã do desajeitado paleontólogo Ross (David Schwimmer: “A Lavanderia”, “Faces da Verdade”, “Hotel”), a avoada e desafinada Phoebe (Lisa Kudrow: “Casal Improvável”, “A Máfia Volta ao Divã”, “Ponto de Partida”), o irônico e complexado Chandler (Matthew Perry: séries “The Good Fight”, “Go On”. Filmes “17 Outra Vez, “Duas Vidas”) e Joey (Matt LeBlanc: séries “O Chefe da Casa”, “Web Therapy”. Filmes “As Panteras”, “Perdidos no espaço”), ator de papel único.

Morando juntos ou muito próximos em Nova Iorque, o grupo é unido por laços familiares, românticos e de amizade, cada qual com suas características, distintas personalidades e modo de viver. O ponto de encontro, invariavelmente, é o Café Central Perk (uma alusão ao famoso Central Park da cidade), onde trabalha o enrijecido Gunther (James Michael Tyler), personagem hilário mesmo sem texto. Nos mais de 200 episódios, “Friends” recebeu celebridades como Tom Selleck, Elliott Gould, Bruce Willis, Brad Pitt, Reese Witherspoon, dentre outros.

Assista ao primeiro episódio… e resista aos demais, se for capaz! Disponível na HBO Max.

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> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), atua como redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há nove anos na Vila Ema.