Justiça? Sei não. Foto / Ekaterina Bolovtsova/Pexels

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Eu já falei aqui sobre alguns deputados estaduais que trabalham firmes junto à causa animal do estado de São Paulo, não vou citar nomes porque estamos em época de eleições e não quero usar esse espaço para fazer campanha política. O que eu quero falar, na verdade, é que de nada adianta fazer projetos que viram leis se essas leis não são respeitadas, se não é possível se fazer justiça.

Eu não sei explicar o que acontece com essa tal justiça do nosso país, mas ela tem um problema seríssimo: pode estar documentado, gravado, ter testemunhas que o “canalha”, “bandido” “delinquente”, “malfeitor”, “marginal” consegue se safar. E na causa animal isso fica ainda pior, porque o safado é solto e, na maioria das vezes, o animal que foi vítima de maus-tratos é devolvido para esse infeliz. Como se explica isso, meu Deus!

Fiquei sabendo disso por meio de um vídeo que assisti em uma rede social de um desses deputados. Das centenas de prisões que ele realizou envolvendo desde tráfico de animais, espancamento, tortura, até zoofilia, todos os canalhas –absolutamente todos– estão em liberdade. E pasme: alguns conseguiram recuperar seus animais mesmo depois de comprovados os maus-tratos e ainda processaram o deputado.

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Não dá pra entender, por exemplo, o porquê de uma família filmar um parente praticando sexo com a cachorrinha, divulgar o vídeo para que providências sejam tomadas e, depois que esse homem é preso, essa mesma família –que fez a denúncia, que gravou, que testemunhou– entrar com um processo contra quem prendeu o desgranhento. Afinal, que raios de justiça é essa? Por que tantas brechas permitem que o caso dê um giro de 360 graus, ou seja, fica tudo no mesmo lugar?

Tampouco dá pra entender que um animal vítima da fúria de um imbecil, que foi filmado dando sopapos e mais sopapos no seu cachorrinho (pequenininho, tadinho…), desferindo chutes, fazendo a guia de chicote, ter o direito de reaver esse bichinho depois de deixar a prisão.

O que é preciso fazer para provar que essa pessoa não tem a mínima condição de ter um animal de estimação? Até porque, fica bem claro que essa pessoa não estima absolutamente nada nem ninguém, vive nas cavernas, luta com seus demônios e desconta em quem estiver por perto.

Os animais devem ser respeitados e amados por nós. Foto / Ian Kevan/Pixabay

E aí podemos encontrar um dos vários “x” da questão que precisa urgentemente ser melhor analisado. Uma pessoa que maltrata um bicho, que faz horrores com um cachorro ou um gatinho (eu nem vejo esses vídeos para não passar mal), com certeza pode fazer o mesmo com um ser humano, de preferência tão indefeso quanto o animalzinho, uma criança ou uma mulher, por exemplo. São pessoas que não possuem sentimentos, e essas podem ser as piores…

Diante dessa patacoada, só há um sentimento diante de tantos malfeitos e malfeitores sem uma real punição: a indignação. De que adiantam as leis? De que adianta se debruçar em cima de minutas de projetos, fazer plebiscitos, se reunir com a comunidade, tudo isso para resolver questões relacionadas à causa e ao bem-estar animal, sabendo que os canalhas são sempre soltos e ainda podem processar quem fez isso?

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Dá uma preguiçaaaa! Mas como sou otimista por natureza, acredito que mesmo que eles sejam soltos, mesmo que a justiça ainda não aconteça como deveria, a situação seria bem pior se esses embaixadores pelo bem da causa animal não existissem.

Estamos no caminho e, apesar da montanha de pedras, quem sabe um dia a gente chegue num nível em que não precisaremos nem mesmo de leis porque as pessoas saberão respeitar e amar todo ser vivo. Depois dessa você deve estar pensando: tadinha, ela acredita em milagre. Verdade, tadinha mesmo…

Adote

> Edna Petri é jornalista (MTb nº 13.654) há 39 anos e pós-graduada em Comunicação e Marketing. Mora na Vila Ema há 20 anos, ama os animais e adora falar sobre eles.

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