“Contra o poder, não há salvação.” Esta frase ficou famosa durante o segundo mandato do ex-prefeito Joaquim Bevilacqua, no final dos anos 80 e início dos 90, quando, coincidentemente, ele renunciou ao cargo para embarcar em um projeto que o levaria a ser candidato a vice-governador do cabeça de chapa Silvio Santos.
A julgar pelo movimento de políticos com mandato, de pretendentes a candidatos e de militantes variados na recepção ao presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, nesta segunda-feira (7) no salão de eventos do Colinas Green Tower, vai faltar lugar para tanta gente que pretende entrar no partido.
E o desembarque, ao que parece, não vai se limitar aos tucanos do PSDB. Havia no salão gente de vários partidos, inclusive vereadores. Isto sem falar em secretários municipais, diretores de departamentos e funcionários comissionados em geral. Conclusão: os últimos que saírem dos partidos da base de apoio ao prefeito Felicio Ramuth (PSD), apaguem as luzes.
Mas é evidente que não vai haver lugar para todos. Então, neste momento os políticos e assessores de plantão devem estar fazendo contas e traçando estratégias para avaliar se é melhor sair do partido atual e mergulhar na incerteza dos espaços que irão se abrir, ou ficar nas legendas em que estão, ainda que continuando a apoiar o governo municipal.
Convite público
A vinda de Kassab teve um primeiro momento público, quando, em meio a uma concorrida entrevista coletiva a dezenas de veículos de comunicação, o presidente do PSD fez o convite a Felicio Ramuth para que ele seja o candidato do partido a governador de São Paulo nas eleições de outubro.
Kassab deixou claro que o PSD não deixará de lançar candidato no primeiro turno, afastando a possibilidade de acordos nesta fase. “Não vamos procurar ninguém para coligação”, disse.
Referindo-se ao prefeito, afirmou que São José dos Campos é um modelo de boa gestão e que o prefeito, apesar de não tão novo, representa uma renovação. “Ele une o bom gestor e o bom político”, resumiu o pessedista.
Ouvir o cidadão
O prefeito respondeu que mais um passo foi dado nesta segunda-feira no caminho de uma candidatura a governador. Mas avisou que, a partir de agora, irá consultar o cidadão para se decidir. Perguntado sobre como será essa consulta, afirmou que será pelo contato direto com as pessoas nas ruas.
Kassab lembrou que a data para uma decisão final de Felício é o final de março.
Federais e estaduais
Perguntado sobre a estratégia do partido, em São José e no restante da RMVale para as eleições proporcionais que irão escolher os novos deputados estaduais e federais, Gilberto Kassab assegurou que a ideia é que o PSD lance candidatos próprios em todas as cidades onde tiver nomes competitivos, especialmente em São José dos Campos.
Ele elogiou o fato de que, pela segunda eleição consecutiva, as coligações para eleições proporcionais –vereadores, deputados estaduais e federais– estão proibidas. Disse esperar que o mesmo venha a ocorrer com as eleições majoritárias, que escolhem prefeitos, governadores, senadores e o presidente da República.
Vi & ouvi
– A ex-vereadora Renata Paiva, que vinha liderando o PSD local até a chegada da dupla Felício-Anderson e cia. Ilimitada, não confirmou, mas também não desmentiu se será candidata a deputada pelo partido. Por via das dúvidas, lembrou que foi a quarta mais votada para prefeito em 2020 e, em 2018, conseguiu uma montanha de 40 mil votos para deputada estadual.
– O nome do deputado federal Eduardo Cury (PSDB) não podia deixar de ser mencionado na coletiva de imprensa. “Eu e o Cury concordamos mais do que discordamos”, resumiu Felicio Ramuth.
– Entre os notáveis presentes na Green Tower do Colinas Shopping estava o médico Ricardo Nakagawa, que foi vice-prefeito no primeiro mandato de Felicio Ramuth. Disse que sua ida ao local era uma atitude pessoal, sem nenhuma vinculação partidária, ele que, até onde se sabe, é filiado ao MDB.
PONTO A PONTO
Olha o nível…
Não é o nível dos rios com as últimas chuvas, não. É o nível da campanha eleitoral de 2022, que, queiram ou não, já começou a cair faz tempo. O presidente Jair Bolsonaro (PL) mostrou como deve usar a famosa “caneta Bic” daqui por diante. Ao assinar portaria aumentando em 33,24% o piso nacional dos professores da educação básica, ele comprou briga com governadores e prefeitos de todo o país.
Para quem não sabe, salário de professor está relacionado à Lei de Responsabilidade Fiscal. E tudo indica que muitos municípios e estados não terão como pagar esse reajuste. Bolsonaro diz que a União dá o dinheiro para o pagamento via Fundeb, prefeitos e governadores dizem que não é bem assim.
O assunto pode terminar na Justiça. O menos provável é que os professores passem a receber, de uma hora para outra, com base em um piso que subiria de R$ 2.886,24 para R$ 3.845,63. Não por falta de merecimento, é claro.
De novo, as fake news
Falando em nível da campanha eleitoral, vêm aumentando as denúncias de grupos empenhados em espalhar fake news nas redes sociais envolvendo principalmente os pré-candidatos Lula e Moro. A mais grave dos últimos dias foi contra Lula: uma montagem na qual ele estaria de “mãos dadas” com o capeta. A fake fez sucesso no meio evangélico.
Ou o TSE fica de olho, ou teremos mais uma eleição manchada pelo mau uso das redes sociais.
Não é oposição…
O vereador Thomaz Henrique (Novo), que faz questão de dizer que não é oposição ao governo Felicio Ramuth (PSD) –humm… – usou nesta semana a sua formação jornalística para apontar cinco erros que teriam sido cometidos pela Prefeitura no processo de licitação e na contratação das duas empresas do Grupo Itapemirim para operar o transporte coletivo no município. O enredo da história foi feito com base em notícias publicadas na Imprensa. Se foram cometidas mesmo todas essas irregularidades e omissões, o caso é grave, gravíssimo.
[Veja aqui] os erros apontados pelo vereador.
De qualquer forma, na sexta-feira (4) a Prefeitura publicou nos diários oficiais da União e do Estado –em seguida publicaria no Boletim do Município– a rescisão unilateral dos contratos. No mesmo dia, o SuperBairro tentou ouvir o Itapemirim. A resposta da assessoria de comunicação foi curta: “Estou aguardando posição da Diretoria. Tão logo saia tal posicionamento, imediatamente enviarei nota”.
Vão desistir ou vão querer judicializar a questão?
TOQUE FINAL