Estou conversando com um amigo nesta noite de terça-feira, pedindo que comente os textos do SuperBairro, principalmente a coluna de Política & Políticos. São fáceis de entender? Chamam atenção? Têm qualidade? Não posso me queixar das respostas que ouço dele. Acho que o SuperBairro está no caminho certo. Me sinto feliz, apesar do cansaço da média de dez horas de trabalho por dia, até seis dias por semana.
Esse meu amigo me tranquilizou. Disse que gosta da coluna de política, que o texto é bem acessível, que lê a coluna inteira, apesar de ser bastante extensa. Tudo se encaixou perfeitamente no que eu penso. Um conteúdo denso, com muita informação, alguma interpretação, alguma análise, mas, sobretudo, o que as pessoas precisam saber.
E aí entra o grande dilema que move a todos os que produzem jornalismo atualmente. Qualidade e menos “joinhas”, comentários, elogios etc., ou fazer-o-que-a-galera-vai-curtir e ter mais “joinhas”, mais comentários, mais tudo?
Quem me conhece profissionalmente, acho que entende facilmente qual é a minha opção. Sou pela qualidade, pela contribuição com o leitor, pelo idealismo de um país melhor, sempre.
Aí um grande amigo e grande jornalista, de Taubaté, vem à minha lembrança com seus preciosos ensinamentos sobre como conseguir a cada dia mais seguidores fiéis, gente que nunca irá nos abandonar, temas que a maioria irá curtir de montão. Todos os “conselhos” são fantásticos e eu prometo seguir a maioria deles.
Mas uma coisa me incomoda. Incomoda muito. O que o projeto do SuperBairro busca realmente? Muitos “likes”, “joinhas”, apoios, comentários etc. e, é óbvio, anunciantes, faturamento, dinheiro, grana, cacau?
Tive muitos anos de aprendizado na minha carreira de jornalista para chegar a uma conclusão sobre essa encruzilhada de opção editorial em que me meti. Para mim, a resposta é óbvia.
Mas, no momento em que estou, nesta noite de terça-feira em uma mesa confortável de um bar de amigos queridos, vendo só por ver um jogo de futebol entre Juventude e Bragantino Red Bull, vem uma pontinha de dúvida: cliques e “likes”, ou conteúdo sério e projeto a longo prazo?
Não vou cobrar a memória de ninguém, até porque o SuperBairro tem oito meses desde o seu lançamento e 600 conteúdos publicados. Mas eu me lembro bem do que disse no texto de apresentação do SuperBairro. Resumindo: é claro que precisamos de apoio em quantidade, mas se for preciso abrir mão da qualidade e dos princípios éticos para isso, vamos optar por dar a você o melhor conteúdo possível.
O que eu quero, finalmente, dizer a você é que a receita dos “likes” é “joinhas” é infalível e qualquer aluno interessado conhece. Mas jornalismo não é isso. Jornalismo é um produto que entrega o que você quer saber, gosta de saber, mas principalmente o que você precisa saber.
Por isso, segue uma proposta. A gente não usa truques para conseguir “joinhas” de você, a gente não usa técnicas que escondem a informação nos títulos para obrigar você a clicar no conteúdo. Nós somos honestos, profissionais, éticos. Nós defendemos o melhor para nossos bairros –que chamamos de SuperBairro– para a cidade, o Brasil e o mundo.
A proposta é essa: a gente faz o melhor possível, sem usar todas essas técnicas com você, e você comenta, aprova, desaprova, opina, sugere, critica, aplaude, vaia…
O SuperBairro quer uma parceria séria com você. Sem apelação, sem enganação. É jornalismo. É parceria. É “tamojuntos”.
Vamos nessa?
> Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 46 anos. É editor do SuperBairro. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.