Lançado em São José no início do mês pela autora, Fernanda Soares, e pelo SindCT, o livro relata o desenvolvimento da urna eletrônica no Brasil
WAGNER MATHEUS
No próximo dia 29 será realizada uma mesa-redonda em Brasília, durante a 74ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), para abordar a urna eletrônica brasileira. O evento terá a presença do ministro Carlos Velloso, que era o presidente do TSE durante a implantação da urna no país.
Criada há 25 anos, a urna eletrônica brasileira foi desenvolvida com a participação de especialistas e técnicos do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do Poder Executivo, dentre eles servidores do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial).
Em um momento em que o sistema informatizado de votação no Brasil está sendo bombardeado por críticas, fake news e desinformação, o SindCT (Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial) resolveu convidar a jornalista Fernanda Soares Andrade –também assessora de imprensa da entidade– a escrever um livro contando a história da urna eletrônica no Brasil.
Lançado no dia 1º deste mês na Câmara de São José dos Campos, o livro tem edição impressa com tiragem de 1.000 exemplares e também está disponível para download gratuito no site do SindCT. Para ler, [clique aqui].
Sobre a urna
Fernanda é jornalista há 25 anos e já escreveu o livro “A Solução Brasileira – História do Desenvolvimento do Motor a Álcool no DCTA”, além de ser autora de nove livros paradidáticos. O SuperBairro entrevistou a jornalista sobre seu novo livro.
Na pesquisa para o livro você encontrou situações reais de suspeita de mau funcionamento da urna eletrônica?
A pergunta gera duas interpretações: mau funcionamento do equipamento em relação aos componentes ou em relação ao registro do voto. Com relação ao equipamento, como qualquer componente eletrônico, se há um mau funcionamento significa que a urna não irá ligar. Neste caso, a urna é substituída e não há nenhum problema nisso. Com relação à discrepância em registro do voto do eleitor ou a apuração dos votos (que é feita na própria urna) nunca existiu, mesmo havendo denúncias. O TSE investiga todas as denúncias. Até a Polícia Federal participou de investigações de denúncias sobre a urna eletrônica. Também foram realizadas auditorias externas. Não houve, até hoje, nenhum registro de fraude eleitoral com a utilização da urna eletrônica brasileira.
Críticos da urna eletrônica brasileira alegam que ela não é usada nas eleições pelas principais democracias do mundo. Como você vê essa questão?
Atualmente, 46 países utilizam “máquinas de votar”. Destes, 16 são similares às urnas brasileiras, sem impressão do voto em papel. A urna brasileira foi desenvolvida para as necessidades do Brasil. O sistema de segurança da urna conta com criptografia própria, não comprada. Isso impede que outros países acessem o conteúdo das nossas votações e garante a soberania nacional. A utilização das urnas eletrônicas brasileiras por outros países já ocorreu. Porém, isso implica em utilizar recursos financeiros e humanos do Brasil para realização de eleições em outros países, pois o TSE teria que configurar as urnas para o outro país. Não gostaríamos que outro país comandasse as eleições no Brasil, correto?
Comparado com o sistema de voto em papel, quais são as vantagens do sistema que utiliza a urna eletrônica? Há desvantagens?
É na votação com cédulas em papel que ocorriam as fraudes eleitorais. Na apuração de votos em papel, o ser humano está sujeito ao erro, principalmente decorrente do cansaço, já que a apuração durava horas. Além disso, durante a apuração em papel também pode haver fraude, transferindo votos brancos e nulos para algum candidato, preenchendo cédulas em branco a favor de um candidato, retirando votos de um candidato e passando para outro. Por isso havia tanta recontagem de votos. E a cada recontagem o resultado era um. A urna eletrônica, além de facilitar e agilizar a apuração –pois é ela quem apresenta os resultados assim que a votação é encerrada, através do boletim de urna– trouxe também inclusão, já que a votação passou a ser numérica, possibilitando aos analfabetos (pois conhecem os números e podem conferir o voto através da imagem do candidato) e cegos (através de braille no teclado e conferência do voto por áudio) votarem. Isso amplia a democracia e garante que a vontade de todo o povo brasileiro seja ouvida.