Foto / Pixabay

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Foi em julho do ano de 1969, o homem finalmente havia chegado à Lua. Houve transmissão pela TV, péssima, pois era branco e preto e havia grande dificuldade técnica. Pudera, era um filme na Lua, gente. Além do televisor primário da casa, no qual assistíamos, um chuvisco só. Na verdade, mal dava para ver direito.

O curioso é que muita gente não acreditou. Alguns até hoje, inclusive aqueles da teoria da terra plana. Um parente não dizia abertamente, mas não acreditava nadinha naquilo. Eu me divertia com isso.

Aliás, este foi o mês em que me casei, dias antes do evento inusitado. A graça continuou: fomos de lua de mel para o Rio de Janeiro, aquilo que meu dinheirinho permitiu. Ficamos num hotel em Ipanema, comíamos numa lanchonete simples, mas muito boa e barata. Não existe mais, nem o hotel.

Daí resolvemos visitar o Cristo Redentor, no Corcovado. Pegamos o tal trenzinho que leva até lá em cima. Quando descemos da estação, veio logo um moço dando ordens, fazendo que todo o grupo de passageiros se aglomerasse num canto. Todos obedeceram. Supuseram, como nós, que se cuidava de um funcionário do local dando ordem na casa.

Qual o que, de repente aparece outro rapaz munido de uma grande máquina fotográfica e tira fotos do grupinho. Ele vendia as fotos na volta aos tontos dos turistas. A nós restou um sorrisinho constrangido.

Quando fomos embarcar de volta no trenzinho, aparece o tal fotógrafo vendendo cada retrato por doze cruzeiros, um bom dinheiro na época. Para não ficar sem nenhuma lembrança do passeio e do mico, pagamos o preço. Só que o valor anunciado pelo insistente vendedor ia diminuindo à medida que o tempo passava e o trem estava prestes a sair.

Não é que, no finzinho, ele estava vendendo a fotografia por dois cruzeiros? Dois ingênuos de São José dos Campos, mas o passeio valeu. Sempre olho para a foto velha e esmaecida, com raiva e saudade.

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No dia seguinte, fomos a Copacabana, a praia icônica do Rio. Não era uma época muito propícia para um banho de mar, a água fria, o mar agitado. Entrei com cautela e vi que a onda era grande, perdia o pé, era preciso ficar no alto, no chamado balancinho, não deixar levar você quando quebrava.

Expliquei isso para a mulher, que de resto não estava nem querendo entrar, com pavor da onda.  Ela via as mulheres apenas enchendo uns baldinhos para se molhar, na espuma final das ondas, já na areia. Por fim ela concordou, entramos e ficamos só no balancinho por uns segundos.

Acontece que, quando subíamos ao topo do balancinho, a mulher, apavorada, quis voltar. Não deu outra: a bendita onda a engoliu e eu fiquei ali procurando por ela, já me achando o viúvo mais prematuro da história. Nisso, a maledeta também me pegou e me levou girando dentro d´água. Resultado: os dois caipirinhas foram rolando até a beira, engolindo água e assustados.

Patético, desistimos da praia, voltamos para melhor lazer no hotel.

 

> José Roberto Fourniol Rebello é formado em direito. Atuou como juiz em comarcas cíveis e criminais em várias comarcas do estado de São Paulo. Nascido em São Paulo, vive em São José dos Campos desde 1964, atualmente no Jardim Esplanada. Participou do movimento cultural nascido no município na década de 60.

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