Lula, junto do vice-presidente Alckmin, disse ser “inadmissível que os 5% mais ricos detenham a mesma fatia de renda que os demais 95%”. Foto / Marcelo Camargo/Agência Brasil

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Presidente e governador de São Paulo tomaram posse com discursos parecidos: dar prioridade aos problemas sociais. Lula disse que irá governar para os 215 milhões de brasileiros, não só para quem votou nele. Tarcísio afirmou que espera uma “relação de harmonia” com o governo federal

 

DA AGÊNCIA BRASIL*

Ao discursar para o povo no parlatório do Palácio do Planalto, o presidente recém-empossado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse no domingo (1º) que reassumiu o compromisso de cuidar dos brasileiros. Após ser empossado no Congresso, horas antes, disse que todas as formas de desigualdade serão combatidas durante o seu terceiro mandato.

“Reassumo o compromisso de cuidar de todos, sobretudo daqueles que mais necessitam. De acabar outra vez com a fome. Temos um imenso legado ainda vivo na memória de cada brasileiro e brasileira”, afirmou.

Ao se dirigir aos apoiadores que o aguardavam na Praça dos Três Poderes, o presidente agradeceu o voto de seus eleitores, mas afirmou que vai governar para todos os brasileiros. “Vou governar para os 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para quem votou em mim. Vou governar para todas e todos, olhando para o nosso luminoso futuro em comum, e não pelo retrovisor de um passado”, disse.

Lula se emocionou ao pedir ajuda da população para combater a fome no país. Ele citou casos de pessoas que passaram a procurar ossadas em açougues para comer e considerou “inadmissível que os 5% mais ricos detenham a mesma fatia de renda que os demais 95%”.

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“Há muito tempo não víamos tamanho abandono e desalento nas ruas. Mães garimpando lixo em busca do alimento para seus filhos. Famílias inteiras dormindo ao relento enfrentando o frio, a chuva e o medo. Fila na porta dos açougues em busca de ossos para aliviar a fome. E ao mesmo tempo, filas de espera para a compra de jatinhos particulares”, questionou.

O presidente também destacou que seu governo vai combater o racismo. “Ninguém terá mais ou menos amparo do Estado, ninguém será obrigado a enfrentar mais obstáculos pela cor de sua pele. Foi para combater a desigualdade e suas sequelas que nós vencemos a eleição. Esta será a grande marca do nosso governo”, acrescentou.

Lula falou também sobre economia. O presidente disse que seus governos nunca foram irresponsáveis com dinheiro público. Ele destacou que o Brasil foi reconhecido internacionalmente pelo combate à fome, mas com total responsabilidade” das finanças. “Nunca houve nem haverá gastança alguma. Sempre investimos, e voltaremos a investir, em nosso bem mais precioso: o povo brasileiro”, concluiu.

Antes do discurso no parlatório, Lula subiu a rampa do Palácio do Planalto e recebeu a faixa presidencial de cidadãos que representaram o povo brasileiro.

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EM SÃO PAULO

‘Primeiro vou cuidar das pessoas’, diz Tarcísio

Tarcísio tem pautas imediatas na área social, mas promete iniciar rapidamente obras no Rodoanel, trem intercidades e privatizações. Foto / Marco Galvão/Alesp

O novo governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou também no domingo, em entrevista coletiva após tomar posse no cargo, que a primeira medida de seu governo será cuidar das pessoas. Ele destacou o combate à falta de professores no estado e às filas para atendimento na área da saúde.

“Eu diria que, em primeiro lugar, nós vamos cuidar das pessoas. O esforço todo do secretariado agora está em resolver problemas, principalmente aqueles problemas que chamam nossa atenção, como a questão das pessoas que hoje estão em situação de rua”, disse o governador em entrevista no Palácio dos Bandeirantes. “Nós temos ainda uma situação para resolver, de déficit de professores, e redução de filas para cirurgias eletivas e para exames”, acrescentou.

Tarcísio afirmou também que uma pauta será construída logo nas primeiras reuniões do secretariado, com destaque para o leilão do Rodoanel que, segundo ele, deverá ocorrer até março, e o leilão do trem intercidades, que pode sair ainda no primeiro semestre.

O novo governador destacou ainda a pauta de privatizações. “Vamos iniciar imediatamente estudos para desestatizações, começando pela Emae [Empresa Metropolitana de Águas e Energia] e Sabesp [Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo].”

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Tarcísio, que teve apoio do então presidente Jair Bolsonaro (PL) em sua campanha eleitoral, disse esperar uma relação de harmonia com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Espero uma relação de harmonia com o governo federal. A união do estado de São Paulo com o Brasil é indissociável porque não existe a possibilidade, a hipótese, de o Brasil ir bem com São Paulo indo mal.”

“São Paulo representa um terço da riqueza produzida no Brasil, é fundamental que São Paulo ande bem para que o Brasil também possa andar bem. Por isso, eu acredito numa relação muito profissional, muito republicana, em que a gente consiga perceber objetivos que são comuns e que se possa caminhar em conjunto”, acrescentou.

Tarcísio foi empossado na manhã do domingo na Assembleia Legislativa. Em seguida, deslocou-se até o Palácio dos Bandeirantes, onde deu posse aos novos secretários estaduais e recebeu cumprimentos de autoridades.

 

*Com edição do SuperBairro.

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