Foto / Luciana Iamamoto

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Domingo marquei presença na festa de aniversário da Otávia, que carinhosamente chamo de Tavinha por seu jeito doce e meigo e sua estatura.

Um festão, reputou o Wandeco, pertinente. Teve música ao vivo, fartura de comida e bebida e muitos amigos. Alguns eu não via há anos. A comilança foi no Clube de Campo Santa Rita, de onde matei saudade do tempo em que oferecia meus préstimos para a Associação Esportiva São José, a gloriosa Vermelhinha.

Com 60 anos, Tavinha é uma das mais novas do grupo do cachimbo incandescente, que compareceu em peso, exceto Nenê e Alzira, impedidos por compromisso em Conceição dos Ouros, onde moram.

Cheguei animado com a possibilidade de encontrar um contemporâneo do clube. Nada! Mas topei com o Paulo, irmão do ex-vereador Cristóvão Gonçalves, que disse ser meu aficionado aqui. Fiquei feliz.

Na véspera, num coquetel, tinha encontrado o seu outro irmão, Donizetti, que me sugeriu reunir minhas crônicas numa antologia, o que já me passou pela cabeça.

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A festa seguia animada no amplo quiosque 18. Em dado momento, a mesa da veiarada ficou vazia dos homens. O Manuel tinha saído num rolê com a neta; o Laércio foi na captura de uma breja; o Assis, marido da Tavinha, anfitrionava; eu fui relembrar com um amigo os tempos de futebol de salão na quadra da Vila Vicentina; e o Wan dançava leve e solto, de molhar a camisa, chamando mais atenção na pista de dança do que o pixuleco na Paulista.

Foi quando, entre as luluzinhas, surgiu a ideia de trocar o cardápio do próximo encontro da turma, convencionado anteriormente no sítio Providência. Em vez de churrasco, comida de boteco, com mandioca frita, carne de sol, torresmo, moela…

Retomada a conversa depois, argumentei que, nos nossos encontros, a preocupação é sempre deixar as mulheres com menos afazeres possível; que esses petiscos são gostosos, mas a mulherada teria que esquentar o umbigo no fogão; além do que poderia acontecer de alguém torcer o nariz para um ou outro tira-gosto.

Disse que, se fizessem questão, a gente poderia marcar de se encontrar um dia no bar do Mané ou do Fumaça, especialistas nesse tipo de comida; e propus trocar a moela e etcetera por um filé-mignon sapecado no disco de arado, com arroz branco quentinho, vinagrete ou maionese, prato simples, fácil e do agrado de todos os paladares. Laércio meneou a cabeça em aprovação.

Quando dei de amparar os motivos da sugestão, ajuntou-se os convivas para cantar o tradicional parabéns, sendo que em seguida foi servido o bolo. Era o fim da festa.

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Um pouco antes, Bruna, sete anos de pura sapequice, neta do casal Margarida e Manuel, aproximou-se para mostrar uma foto minha que ela tinha capturado do celular. Expandiu a imagem com os minúsculos dedos polegar e indicador e exibiu-a próxima do meu rosto.

–– Tio, você estava dormindo?, perguntou. Pego de surpresa, inventei que tinha fechado os olhos porque, de tão boa, estava rezando para a festa não acabar.

––  Rezaaando!!! Tá querendo me enganar, é? –retrucou, abrindo um sorriso banguela. E saiu serelepe para mostrar a foto para a avó que, mais do que ninguém, sabia que eu não dormia, nem rezava; e a festa não estava acabando. Só seria pausada para continuar no próximo final de semana com comida de boteco, filé-mignon na chapa ou até churrasco, como antes combinado, mas com boa prosa, cerveja e muita alegria.

 

> Carlos José Bueno é jornalista profissional (MTb nº 12.537). Aposentado e no ócio, brinca. Com os netos e as palavras.

 

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