Moro: perdendo o fôlego? Foto / Lula Marques/pt.org.com

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Embora o discurso do momento seja o de que ainda falta muito tempo para uma previsão quanto às chances dos principais pré-candidatos a presidente da República na eleição de outubro, o certo é que já é possível perceber quem está arriscado a sair do páreo. A aposta da vez é o ex-juiz Sérgio Moro.

A sensação de fracasso de Moro nem é tanto em relação ao seu percentual nas pesquisas, já que, com exceção de Lula e Bolsonaro, nenhum pré-candidato pode se orgulhar dos seus números. O problema é mais embaixo: ele vem fazendo tudo errado e tem mostrado uma fragilidade impressionante para quem pretende enfrentar uma campanha em que todos prometem atirar primeiro e só perguntar depois.

Tudo começou com o lançamento do nome de Sérgio Moro pelo Podemos, do senador paranaense Álvaro Dias, em meados de novembro passado. O ex-juiz chegou falando grosso: “Chega de corrupção, chega de mensalão, chega de petrolão, chega de rachadinha, chega de orçamento secreto. Chega de querer levar vantagem em tudo e enganar o povo brasileiro”, discursou ele no evento em que anunciou sua filiação.

A primeira impressão era a de que Moro estava chegando para ocupar uma faixa própria nas pesquisas, na terceira posição, porém mais próximo do segundo colocado Bolsonaro do que de Ciro Gomes, o quarto. Mas os primeiros números, animadores, se transformaram em uma espécie de voo de galinha, pois ele foi perdendo força nas asas e começou a despencar até ficar embolado com o ex-governador do Ceará.

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Tendência é de queda

Ora, dirão os “moristas”, a oito meses da eleição, tudo pode acontecer. Sim, tudo pode. Mas aí entram as tendências. E elas não favorecem a candidatura de Moro. Vejamos alguns indícios:

– O ex-juiz não conseguiu se explicar de forma convincente quanto ao auxílio moradia que recebeu no cargo, mesmo estando em Curitiba, sua cidade. Quanto mais fala sobre o caso, mais afunda em contradições.

– Moro buscou um embate com Lula e saiu chamuscado. Cada declaração do ex-presidente o coloca em situação ainda mais desconfortável.

– Quando vira a metralhadora para o lado de Bolsonaro, a situação do ex-ministro do “Mito” não fica melhor. Sai com fama de traidor, de quem fechou os olhos para incoerências da vida e da carreira do ex-presidente.

– O mais preocupante em tudo isso, porém, tem sido quando o pré-candidato do Podemos é levado a falar de seus planos para o Brasil caso seja eleito presidente. O discurso é pobre, frágil, chocho, vazio. Mostra simplesmente um candidato sem programa de governo. E o pior: pela falta de traquejo político, não consegue sequer fingir que tem ou que está elaborando um programa.

Por tudo isso, fica a cada dia mais claro que entre os pré-candidatos mais fortes até o momento –Lula, Bolsonaro, Moro, Ciro e Doria– o mais raquítico é justamente Sérgio Moro. Se chegar à fase de debates da campanha, vai ser difícil para ele se safar dos ataques tanto da esquerda quanto da direita. Aliás, parece que basta Ciro Gomes para colocá-lo em xeque.

A verdade é que Sérgio Moro abusou do direito de errar: errou tecnicamente no julgamento de Lula, onde muitos acham que, caso o rito processual tivesse sido seguido corretamente, o ex-presidente assistiria à eleição de dentro de uma cela; errou ao deixar a magistratura e entrar para a vida política, exatamente onde só colecionou adversários sedentos do seu sangue; errou ao se compor com o presidente Bolsonaro, o grande beneficiário da condenação de Lula para se eleger; errou ao aceitar trabalhar para clientes que tinham algum tipo de relação com sua atuação como juiz.

Sinceramente, alguém ainda aposta alguma ficha na recuperação de Moro? Ao que parece, nem mesmo no Podemos ele é unanimidade no momento. Especula-se que um grupo importante do partido já defende a retirada de sua pré-candidatura.

Se um “jingle” pode ser adaptado à atual situação do herói da Lava Jato, é algo como “lá vem o Moro descendo a ladeira”.

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 PONTO A PONTO

Deputado, não

Em entrevista de cerca de duas horas, na manhã dessa segunda-feira (31) ao “Super Jornal” da Rádio e TV Imprensa, comandado por Ferreira Leite, o prefeito Felicio Ramuth (PSD) não teve temas proibidos, respondeu a todas as questões colocadas com riqueza de detalhes. Deixou claro que, mais do que nunca, o projeto que pode levá-lo ao Palácio dos Bandeirantes está de pé.

Felicio ainda deu sua contribuição para esfriar um pouco a temperatura entre o seu projeto e os planos do deputado federal Eduardo Cury (PSDB). O prefeito garantiu que não será, de forma alguma, candidato a deputado estadual ou federal. E acrescentou que não tem vocação para cargos legislativos.

Ele também não afastou a possibilidade de não haver renúncia ao mandato de prefeito, deixando claro que o afastamento só ocorrerá se tiver garantida sua participação, de alguma forma, na sucessão do governador João Doria.

Felicio: ou entra na sucessão de Doria, ou não tem renúncia. Foto / Claudio Vieira/PMSJC

Baixa na linha de frente

A covid-19 atacou uma de suas maiores adversárias na cidade. No final da manhã de segunda-feira (31), a Prefeitura informou que a dentista Margarete Correia, secretária municipal de Saúde, testou positivo para a doença. Ainda segundo a nota, ela já recebeu três doses de vacina e, com sintomas leves, se recupera em casa.

Margarete: nem a secretária da Saúde escapou. Foto / PMSJC/Divulgação

Leticia: no PL e na reeleição

Nem havia tanto mistério sobre isso, mas a deputada estadual Leticia Aguiar (PSL) já revelou, na semana passada, que está de malas prontas para o PL, o Partido Liberal, que agora hospeda o presidente Jair Bolsonaro. “Só estou aguardando a janela partidária que se inicia no próximo dia 3 de março”, disse ela. “No atual partido eu não tenho, hoje, total liberdade de apoiar o presidente Bolsonaro”, completou.

Segundo sua assessoria, Leticia deve tentar a reeleição. Ela foi eleita em 2018 com 60.909 votos.

Capital do Avião pra valer

Leticia: inspirada por Ozires Silva. Foto / Divulgação

Falando em Leticia Aguiar, ela continua comemorando o seu “achado”, a ideia que oficializou, em nível estadual, o título de Capital do Avião, que São José dos Campos merecia há quase 50 anos. Leticia apresentou projeto com essa intenção em 2019 e, no final de outubro do ano passado, o governador João Doria (PSDB) sancionou a lei. O título oficial é ainda mais pomposo: Capital Estadual da Indústria Aeroespacial e Capital do Avião.

A deputada revelou que foi inspirada por uma conversa com o engenheiro Ozires Silva, um dos fundadores da Embraer: “Ele me disse que se sentia frustrado pelo Governo não reconhecer oficialmente a vocação de São José dos Campos, então apresentei o projeto como uma forma de homenageá-lo, mas principalmente para criar uma nova oportunidade para o polo aeroespacial do município”, explicou a deputada.

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NA CÂMARA

Depois da tempestade…

… vem a bonança, ou vem mais tempestade? A verdade é que o retorno das sessões da Câmara de São José dos Campos após o recesso de janeiro, a partir das 16h desta terça-feira (1º), promete um clima de novidade como não se via desde 2017, quando o prefeito Felicio Ramuth (PSD) foi eleito para o primeiro mandato, pelo PSDB, protegido por uma base de apoio com nada menos que 14 vereadores em um total de 21.

Na prática, pouco deve mudar. Mesmo porque, todos os 14 vereadores estarão lá para defender o governo, talvez uns mais satisfeitos, outros menos. O PSDB irá “relaxar” na defesa do Governo? O único representante do PSD, Zé Luiz, vai fazer pose de “líder do prefeito”?

Vale a pena assistir à primeira sessão com o Poder Executivo nas mãos de um outro partido.

Polêmica à vista

Nesse retorno da atividade legislativa, um projeto que promete discussões acirradas é o 513/21, que proíbe a adoção da linguagem de “gênero neutro” no ensino e em editais de concursos públicos no município. O autor da proposta, vereador Thomaz Henrique (Novo), defende a preservação do uso da língua portuguesa nas comunicações e nos documentos oficiais, de acordo com o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) e os termos da gramática em vigor no país.

“Além da linguagem [neutra] não ser aceita e reconhecida, também pode prejudicar aqueles que estão em processo de aprendizagem ou com dificuldade de aprendizado”, argumenta Thomaz, opinando que “a adoção do gênero neutro não contribui para o combate à transfobia e para a inclusão social de minorias”.

Thomaz: não à linguagem neutra. Foto / Divulgação

GESTÃO

Sai o licenciamento da Jaguari

Aleluia! Depois de quase três anos, a Cetesb expediu o licenciamento ambiental que permite o início das obras da via Jaguari, na região norte da cidade. Na noite de segunda-feira (31), o prefeito Felicio Ramuth comemorou a notícia com uma “live” no seu gabinete. Em uma das mãos, abanava uma simples folha tamanho A4 contendo o licenciamento tão aguardado.

O prefeito previu que o início da obra pode ocorrer ainda no primeiro semestre. A providência mais urgente será a publicação de edital para realizar uma nova licitação, já que a primeira, feita em 2019 pelo valor de R$ 30 milhões, ficou totalmente defasada.

A via Jaguari é parte de uma espécie de anel viário expandido em torno de várias regiões da cidade. Com extensão de quatro quilômetros, a nova via vai sair das proximidades da antiga fábrica da Petybon, transpor o rio Paraíba e se juntar à via Norte, na região central.

[Veja aqui] o vídeo do prefeito.

Você vai ser o fiscal

A Prefeitura de São José dos Campos anunciou, nesta terça-feira (1º), o projeto “De olho na obra”, que vai permitir, inicialmente, a visualização das obras da Secretaria de Gestão Habitacional e Obras (SGHO) em andamento no município. Em breve, serviços das demais secretarias também poderão ser acompanhados, segundo informou a assessoria de comunicação.

O programa disponibiliza fotos dos canteiros de obras, informações contratuais, prazos e percentuais de execução. Quando a obra é concluída, fica visível o relatório final.

A novidade já está ao alcance de toda a população. É só acessar o sistema GeoSanja, clicar na seta em uma barra verde na parte inferior da tela e clicar novamente, agora no ícone “homens trabalhando”. A partir daí, surge um mapa com as obras em andamento e as já concluídas.

[Clique aqui] para entrar no portal Geosanja. E boa fiscalização!

Geosanja permite visualizar obras prontas e em andamento. Foto / PMSJC/Divulgação

TOQUE FINAL

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> Texto atualizado às 17h48 do dia 1º/2/2022 para correção da formação profissional da secretária municipal de Saúde, Margarete Correia. Ele não é médica, é dentista.