Foto / Pixabay

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Morei bom tempo no Jardim Paulista. Lá, por mais de uma década, todo dia 24 de dezembro eu e o dileto Wanderley Mira fazíamos uma turnê pela casa dos amigos e outras pessoas do nosso relacionamento.

Para nós, esse périplo era sagrado. A gente saía de casa em casa, alegre, ávida por um amplexo e uma boa prosa, finalizada com as felicitações de Natal.

Nossa visita era rápida, como a do beija-flor na ipomeia rubra. O bastante para ratificar a estima cultivada no ano. Um sentimento dedicado aos donos da casa e aos membros da família, que conhecíamos de lugares como escola ou igreja.

Eu saía por volta de 19 horas e ia de carro para a casa do companheiro de exitosa bateção de perna. De lá saíamos para a visitação levando o roteiro na cabeça, sem esquecer de ninguém, dos mais distantes aos mais próximos, radicados no bairro e adjacências.

A estada não demorava para não atrapalhar o corre-corre das famílias visitadas, entre dez e quinze. Sabíamos que naquele horário todos se aperreavam com o preparo da ceia natalina, que na ocasião acontecia depois da tradicional Missa do Galo.

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Não sei precisar quando, mas num certo ano inovamos. E a visita, de natureza simples, ganhou ares de boniteza quando resolvemos dar para a dona da casa uma rosa, mimo símbolo do nosso carinho e amizade.

A ideia da rosa foi do Mira. E o feito antes esperado, no ano seguinte passou a ser ansiado. Para aquela gente, nossa visita meteórica pouco antes da chegada do menino Jesus era como um presente, acrescido da beleza e do odor da flor.

Na recepção, não faltavam calor humano e emoção. E como gratificava ver o brilho de felicidade nos olhos daquelas pessoas, algumas de idade; de sentir no abraço apertado o coração acelerado!

Feitas todas as visitas, por volta de 22 horas corríamos nos aprontar também para a missa na igreja São Judas Tadeu, que apinhava de gente. Ao fim da celebração todos voltavam a pé para as suas casas em pequenos grupos e animada conversa.

E como tudo nessa vida passa, esse tempo também passou, deixando boas recordações. Até hoje, muitos remanescentes atinam para a singeleza daquele gesto.

Depois, para cumprir o script, passei a ligar para as pessoas próximas e familiares, desejando-lhes boas festas. Hoje, com o advento do Whatsapp e do Facebook, e as restrições ainda impostas pela pandemia, recorro a esses avanços tecnológicos para abraçar a todos por aqui, a exemplo do amigo e da amiga que me visitam neste espaço.

Como antigamente, a rosa que encima este texto é um mimo meu para você, leitor(a). É virtual, eu sei, mas a intenção é verdadeira. Só vou ficar lhe devendo o abraço.

 

Boas Festas e um Ano Novo de esperança.

 

> Carlos José Bueno é jornalista profissional (MTb nº 12.537). Aposentado e no ócio, brinca. Com os netos e as palavras.

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