Anderson X Cury: vale a pena uma briga no primeiro turno? Fotos / Facebook/Reprodução (Anderson), Sindmetal SJC/Reprodução (Cury) 
A coluna Política & Políticos está de volta e vai levar até você os principais lances da campanha eleitoral, além de outros fatos que movimentem a política local, regional e nacional
Enquanto o ritmo da política nacional, neste ano eleitoral de 2024, é ditado pela velha polarização entre esquerda e direita, em São José dos Campos o bate-boca nesta pré-campanha envolve velhos amigos. Ou seriam novos inimigos?
Acompanhe a sequência: 1 – Felicio Ramuth e Anderson Farias deixam o PSDB e migram para o PSD. Eduardo Cury, no PSDB, desce o bambu nos ex-aliados; 2 – Emanuel Fernandes, como bom tucano, descansa em berço esplêndido, ignorando a crise. 3 – Cury deixa o PSDB e vai para o PL. Felicio bate pesado na mudança. 4 – Emanuel arregaça as mangas e promete entrar de sola na disputa do Paço Municipal em outubro.
Como se vê, os antigos amigões Felicio, Anderson, Cury e Emanuel não precisam de inimigos para colocar fogo na política joseense. Mas, a não ser que esta já seja uma questão (mal) resolvida, romper relações no primeiro turno pode não ser uma boa ideia para um possível segundo turno, quando quem chegar lá poderá precisar do apoio de quem ficar pelo caminho.
Talvez o mais prudente seja uma mistura de cautela e pragmatismo. Algo como, “inimigos, pero no mucho”.
PALANQUE
General eleitoral
O pré-candidato a prefeito pelo União Brasil, Dr. Elton, não faz questão de esconder, muito pelo contrário, exibe sempre que pode a sua ligação umbilical com o pastor Carlito Paes, líder da Igreja da Cidade. No aniversário do religioso, a chapa Dr. Elton/Dulce Rita fez questão de posar para fotos, todos bem juntinhos. Afinal, o homem é muito mais que um cabo eleitoral.
Caminho livre
Quem não está nem aí para o baixo nível da pré-campanha joseense nos últimos dias é o petista Wagner Balieiro. Ele garantiu ao colunista, dias atrás, que está se mexendo para fazer uma boa campanha como candidato do partido em outubro. Provavelmente, será outro candidato a apostar na polarização, já que deverá ser o principal nome da esquerda, com possibilidade de atrair também eleitores de centro e centro-esquerda.
Cego em tiroteio
E quem ficou no meio do fogo cruzado que antecedeu o término do prazo para troca de partido foi o vereador Fernando Petiti. Ele conseguiu a proeza de, num dia, aparecer em redes sociais apoiando a candidatura de Dr. Elton, do União Brasil, e no dia seguinte mudar para o então tucano Eduardo Cury, agora no PL.
Procurado, o vereador disse à coluna que não postou nada em suas redes sociais em relação ao Dr. Elton e que, quando compareceu ao seu evento, ainda não havia definido em qual partido entraria. E manteve o que disse: “acho que [a candidatura] é realmente uma oxigenação na política joseense, além de ser um companheiro de Câmara”. Petiti se definiu logo depois pelo PSDB e gravou apoio a Cury.
Eleito em 2020 pelo MDB para um quinto mandato, com 7.711 votos, Fernando Petiti foi o segundo mais votado.
PONTO A PONTO
Pé no acelerador
Quando o prefeito Anderson Farias (PSD) lançou o programa Prefeitura Mais Perto de Você, a sensação foi de uma só tacada para matar dois coelhos: na gestão pública, levar a estrutura do governo para bairros de todas as regiões da cidade em um dia (sábado) que o munícipe pode correr atrás dos seus interesses; na política, fazer uma espécie de governo itinerante –os mais antigos se lembrarão de Paulo Maluf quando governador de São Paulo– e chegar bem perto do eleitor.
Pois agora, quando o Prefeitura Mais Perto terá que ser interrompido em razão do período eleitoral, a Prefeitura resolveu engatar uma quinta marcha e fazer nada menos que seis visitas a bairros em pouco mais de dois meses. No próximo sábado (27) será a vez do Parque Interlagos, na região sul.
Detalhe: o programa foi lançado para acontecer uma vez por mês.
Vara curta…
O vereador Thomaz Henrique (PL) parece gostar de cutucar onça com vara curta. Depois de dizer, em uma sessão da Câmara, que “quem sabe se o governo militar tivesse matado mais comunistas, mais terroristas, tinha evitado o que está acontecendo hoje no Brasil”, Thomaz atraiu a ira das correntes e entidades de esquerda.
Até agora, nada menos que três pedidos de cassação do seu mandato foram protocolados na Câmara. Bem ao estilo “tô nem aí” do governador Tarcísio, Thomaz replicou: “Sobretudo agora, véspera de período eleitoral, é natural que a esquerda joseense e pré-candidatos em geral procurem projeção em cima do vereador que mais se opôs à esquerda e ao sistema, fazendo pedidos sem pé nem cabeça”. E disse encarar a situação “com serenidade”.
Vara longa…
Pedir, é uma coisa. Ganhar, é outra. Com absoluta maioria conservadora, será muito difícil esses pedidos terem sucesso na Câmara de São José. Isto se um dia chegarem a plenário, pois o caminho é longo: o presidente Roberto do Eleven (PSD) teria que enviar ao menos um processo à Comissão de Ética, que teria de aceitar a denúncia. Quase impossível, apesar de a palavra “impossível” não existir no dicionário da política.
Quem diria, o PSD…
Quem era pequeno, virou gente grande, quem era grande pode virar pequeno. Após o fechamento do prazo de mudanças partidárias, no último dia 6, o PSD do impressionante Gilberto Kassab tem hoje o maior número de prefeitos no país. São 1.040 governantes –eleitos pelo partido ou que se transferiram depois de 2020–, contra 916 do MDB, o segundo colocado. Em 2020, o PSD elegeu 657 prefeitos.
Quem diria, o PSDB…
Enquanto isso, o PSDB, partido que comandou a cidade de São José dos Campos entre 1997 e 2022, quando Felicio Ramuth e Anderson Farias abandonaram o barco, vem despencando em queda livre no país. Depois de eleger 523 prefeitos em 2020 –o quinto com maior número de eleitos–, chegou a abril deste ano com 310 tucanos nas prefeituras. Até o mais que provável candidato Eduardo Cury pulou para o PL. Sobra ao PSDB joseense a possibilidade de eleger um vice-prefeito. Melhor que nada…
TOQUE FINAL
Puxão de orelhas
“O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem que, ao invés de ler um livro, perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara.”
presidente Luiz Inácio Lula da Silva
“Esqueci meus livros, estou liberado.”
Ministro da Economia, Fernando Haddad
