Almeida quer abrir a entidade para novos sócios e criar uma representatividade para ouvir os problemas e sugestões trazidos pelos moradores e fazer a intermediação com o Poder Público
WAGNER MATHEUS*
“A Savema é amiga dos bairros, nós não queremos ser inimigos dos bairros”, garante o novo presidente da Sociedade Amigos da Vila Ema, Jardim Maringá e Adjacências (Savema). Militar da reserva, aos 64 anos, Almeida assumiu a presidência da entidade após impedimento por motivo de saúde do presidente anterior, Marco Pires.
A Savema tem sede na avenida Heitor Villa-Lobos em uma das áreas mais valorizadas da Vila Ema, onde mantém cancha de bocha, salão comunitário e área de lazer que aluga para a realização de churrascos e eventos. Funciona dentro da área da entidade o Bar do Lugão, que promove música ao vivo principalmente nos finais de semana.
Almeida explicou nesta entrevista ao SuperBairro que, após assumir o posto, deu início a uma série de serviços de manutenção na sede. Em seguida, pretende revitalizar a entidade abrindo-a para ouvir a comunidade e realizando uma campanha para a atração de associados. Seu mandato termina em outubro de 2024, quando, segundo ele, será realizada eleição para renovação da diretoria.
A entrevista
A partir de que data o senhor tomou posse como presidente da Savema? Foi em razão de licenciamento do presidente anterior?
O presidente da Savema [Marco Pires] teve um impedimento por motivo de saúde e, em conjunto com o vice-presidente, nós assumimos. Como o vice [Clélio Cursino] também tem um problema de saúde, ele passou para que eu tomasse conta da Savema. Isso aconteceu há cerca de 60 dias.
Qual é a duração do seu mandato? Ele vai completar os três anos do mandato anterior? Quando será realizada nova eleição?
Vou completar o mandato do presidente anterior, que é de três anos. O final do mandato será em outubro de 2024, quando vai ser realizada uma nova eleição.
Qual é a composição da diretoria atual da Savema? (presidente, vice, primeiro e segundo secretários, primeiro e segundo tesoureiros)
Nós temos o presidente, que sou eu; o vice-presidente é o Clélio Cursino; Orete Cursino é a primeira-secretária; Araci dos Santos a segunda-secretária; Geraldo Majella Bustamante o primeiro-tesoureiro e Sérgio Gustavo de Melo o segundo tesoureiro. E temos três conselheiros.
Quais são os seus planos na presidência da Savema?
Nós estamos fazendo várias coisas aqui para a manutenção da Savema. A bocha da Savema vive de patrocinadores. O pouco que entra de dinheiro vem da cantina e é usado para limpeza de telhado, pintura, manutenção em geral. O capital da Savema, hoje, é esse, ela sobrevive disso.
Em sete alíneas do seu artigo 2º, o estatuto da Savema lista as atividades comunitárias que a entidade deve realizar como representante dos moradores da Vila Ema, Jardim Maringá e adjacências. A entidade tem cumprido essas finalidades? Quais foram as atividades nesse sentido realizadas nos últimos 12 meses?
Como eu estou assumindo a Savema de dois meses para cá, estou fazendo primeiro a manutenção. Quanto à questão de ser uma entidade de amigos do bairro, vamos tentar fazer essa representação. Nós estamos começando agora, do zero.
Que atividades a Savema realiza atualmente?
Tem a bocha, que é o nosso carro-chefe, disputa campeonatos. As pessoas também podem alugar o nosso salão para realizar atividades e festas; nos fundos, temos uma área de lazer à qual o pessoal dos bairros tem acesso livre se quiser alugar para seus eventos, paga somente um valor que é usado para a manutenção do espaço. Tudo aberto para uso da população. Somos uma associação, um local público do qual a população pode desfrutar.
Tem também aula de capoeira, certo?
Tem também a capoeira. Como é uma atividade ligada à cultura, nós não cobramos aluguel da capoeira.
Como a população desses bairros pode entrar em contato com a Savema para reivindicar melhorias para a comunidade?
Pode ser diretamente com o presidente, com algum membro da diretoria ou conselheiro. Qualquer membro da Savema pode encaminhar o que a população precisar.
Quantos associados a Savema possui atualmente? Quantos em cada categoria (moradores, comerciantes, contribuintes e beneméritos)?
Nós tínhamos uma carteira de sócios aqui, mas com o novo presidente não houve tanto interesse em sócios e agora nós estamos pretendendo voltar com o pessoal da bocha e com quem quiser se associar. Vamos fazer as carteirinhas e cobrar uma mensalidade irrisória.
Então no momento está praticamente zerada a carteira de associados?
Está zerada.
Como deve fazer quem quiser se associar à Savema? Qual é o valor da mensalidade? É preciso ser morador na Vila Ema, Jardim Maringá e adjacências (raio de 1.500 metros da sede)? Quem deve ser contatado por quem quiser se associar?
É só entrar em contato com a gente. Tem que ser morador aqui da região. Quem for de fora da região pode se associar normalmente, mas não terá direito a voto
Qual é a sua avaliação sobre os bairros que a Savema representa? Quais são os principais problemas desses bairros?
A meu ver, estão entre os melhores bairros de São José dos Campos. Eu moro na Vila Betânia, já morei na Vila Adyana, Vila Zelfa, Vila Ema, acho que continuam estando entre os melhores bairros da cidade para se morar.
Se o senhor tivesse que apontar os três principais problemas que afetam os bairros que a Savema abrange, quais destacaria?
O maior problema é a quantidade de prédios que estamos tendo aqui. Daqui a pouco nós não vamos conseguir desafogar. É muito importante dar um basta nessa questão da verticalização. Nesse ritmo, vamos virar um novo Aquarius [bairro da região oeste da cidade]. Na Vila Ema também temos o problema do cheiro de esgoto em algumas ruas, principalmente na época de calor. A segurança, não vejo muito problema, onde moro eu lavo o carro na rua sem problema, a polícia passa direto, tem os bombeiros, tem a Polícia Federal…
E a questão da vida noturna aqui na região? A Vila Ema já é um bairro com bastante vida noturna, o Jardim Maringá está indo pelo mesmo caminho, a Vila Adyana também… como o senhor vê isso?
Vejo da seguinte maneira. Por exemplo, no Jardim Maringá tem o pessoal do copão [bares que vendem bebida para consumo nas ruas], as pessoas dos prédios próximos sofrem com aquilo porque eles vendem a bebida em copões, as pessoas urinam na rua, acho isso um erro. O grande erro é de quem deu alvará para funcionamento.
O correto, nesse caso, seria fiscalizar e punir quem merecer ser punido?
Exatamente. Está todo mundo sendo punido [no lugar] de quem está fazendo a algazarra.
Então é legítimo esse movimento dos moradores exigindo providências da Prefeitura?
Isso seria o ideal. Fiscalizar e punir aqueles que estão causando os problemas, não aqueles que trabalham direito. Às vezes tem um sujeito tocando um violão e tem gente que acha que é barulho. O problema da denúncia é que ela globaliza, atinge o todo porque a lei é para todos. O importante é separar quem tem culpa de quem não tem.
A entrevista está terminando. Há alguma coisa que o senhor gostaria de acrescentar?
Sim. O que nós pudermos fazer aqui na Savema para levar melhorias à comunidade, nós vamos fazer. Já conversei outro dia com o síndico de um condomínio próximo de nós, falamos sobre a questão de barulho, estou aqui muito disposto a conversar, vamos ver o que nós podemos fazer para melhorar a vida das pessoas. A Savema é amiga dos bairros, nós não queremos ser inimigos dos bairros.
Perfil
Celso de Almeida tem 64 anos e nasceu em Cambará (PR). É militar da reserva da Aeronáutica, tendo atuado no CTA (atual DCTA) como assessor do então comandante, brigadeiro Hugo de Oliveira Piva. Mora atualmente na Vila Betânia e frequenta a Vila Ema desde 1987. Convive na Savema desde o início da década de 1990.
*O jornalista Wagner Matheus é o criador e editor do portal de notícias SuperBairro. Vive há 22 anos na Vila Ema.