Emma Thompson é a estrela de Cruella, filme com figurino impecável, que apaixona os fashionistas. Foto / Disney/Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Figurino impecável, fotografia belíssima (inclusive as cenas em preto e branco, as nubladas e chuvosas de Londres) e atuação memorável de ambas Emma: Stone (La La Land, A favorita, Homem irracional) e Thompson (Nanny McPhee – a babá encantada, Dolittle, Uma segunda chance para amar). E isso não é tudo!

A Cruella (interpretada em 1996 por Glenn Close, em 101 Dálmatas) parece ter se aprimorado quando surge na tela a Baronesa von Hellman (Emma Thompson), estilista rica, viúva, famosa, excêntrica e cruel, que exibe seus três ferozes dálmatas.

Entretanto, a verdadeira Cruella surge da pequena Estella, nascida com o cabelo de duas cores e por isso sempre olhada com estranheza nas ruas e na escola, onde é vítima habitual do que hoje chamamos bullying. O instinto de defesa da menina, no estilo “toma lá, dá cá”, a leva constantemente à presença do diretor, até o momento em que sua mãe, antes de ouvir que a filha será expulsa, informa que a está retirando da escola e decide mudar de cidade.

Desde bem cedo, Estella vive entre linhas e agulhas junto à mãe, mostrando com certa agressividade suas ideias de estilista precoce. A beleza do figurino começa a despontar no tailleur da mãe, nos detalhes do uniforme escolar da filha e, já em Londres, nos trajes da festa à fantasia num castelo onde a menina vê a mãe ser assassinada. Tem início, então, a sua sobrevivência nas ruas londrinas, junto a uma dupla de garotos infratores com quem passa a morar, mas mantendo viva a lembrança da mãe.

O tempo vai passando e um dos amigos manipula uma oportunidade para Estella realizar um velho sonho: trabalhar na loja de departamentos Liberty, da Baronesa Von Hellman. Inicialmente como auxiliar de limpeza, em diferentes momentos a jovem insiste em mostrar seus dotes de estilista, sempre abafada pelo fiel servidor da modista.

Numa noite em que trabalha até mais tarde e se apodera de uma garrafa de bebida alcoólica, que bebe até o descontrole total, ela faz brotar seu talento e transforma uma vitrine chique e habitual em pop e revolucionária, chamando a atenção de pedestres, da imprensa e da Baronesa, que a torna sua assistente de novos modelos. De seus poucos e rápidos rabiscos (imediatamente apropriados pela lendária estilista) surgem peças lindas, elegantes e únicas, de sucesso absoluto nas festas e passarelas.

O diretor Craig Gillespie (Eu, Tonya e Arremesso de ouro) foi brilhante ao fazer surgir Cruella do âmago de Estella –que em parte lembraria “Coringa”, aqui, porém, com mais elegância, beleza e menos violência–, agraciando o espectador com cenários e indumentárias de tirar o fôlego a cada nova aparição da misteriosa personagem.

Depois de 2h14min de exibição, a pergunta que não quer calar: “Quando será o novo desfile de Cruella 2”?

(O filme está no canal Disney, mas talvez seja melhor os adultos assistirem antes das crianças.)

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Para o seu fim de semana

> Filme

PROFESSOR POLVO

Vencedor do Oscar 2021 na categoria Melhor Documentário, Professor Polvo (My octopuss teacher) se passa sob as águas da África do Sul e tem basicamente uma protagonista (a polvo-fêmea) e um narrador (Craig Foster), além do cenário inebriante do fundo do mar. Craig é cinegrafista e conseguiu se recuperar de um processo depressivo descobrindo a beleza e diversidade da vida marinha.

Nesses mergulhos diários, uma criatura inteligente chamou a sua atenção fazendo surgir uma inesperada amizade entre o homem e o polvo, que envolve o espectador a cada capítulo por ele narrado durante a entrevista. O alto nível de produção do documentário oferece imagens deslumbrantes e nos leva a mergulhar fundo durante 85 minutos, acompanhando cada movimento do polvo e seu amigo humano. Uma lição de respeito à natureza para ser apreendida por pais e filhos.  Disponível na Netflix.

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> Séries

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ESCOLA DE CÃO GUIA

Esta é uma apaixonante série-documentário sobre seis cães que, além do papel de “melhor amigo”, podem se tornar individualmente fundamentais para a autonomia de pessoas com deficiência visual. Criada por Dana Nachman e Don Hardy, a série é baseada no filme de mesma autoria, direção e título (Pick of the Litter, 2018) e descreve em detalhes o desenvolvimento de Paco, Pacino, Raffi, Amara, Tulane e Tartan a caminho de se tornarem cães-guias.

A par da emoção, cada episódio nos mostra cada fase de seleção e continuidade (ou não) do treinamento desse grupo durante seus dois primeiros anos de vida. Desde a seleção da ninhada (aqui, Labradores e um Golden Retriever), avaliação física, passando pelos criadores de filhotes, treinadores e o vínculo emocional estabelecido até a entrega ao deficiente visual que passará a guiar. Com seis episódios, Escola de cão guia estreou em 2019 no streaming Disney e vai encantar adultos e crianças, quiçá sensibilizando-os para o tema da inclusão.

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MANHUNT – UNABOMBER

Ao longo de quase 20 anos, Theodor Ted Kaczynski aterrorizou os norte-americanos ao realizar 16 atentados cujos alvos eram professores universitários, cientistas, empresários e companhias áreas, totalizando três vítimas fatais e 23 feridos. Esses fatos reais embasam a série Unabomber, cuja primeira temporada, disponível na Netflix, tem início com a contratação, pelo FBI, do novato Jim Fitzgerald (Sam Worthington: Avatar, A cabana, Até o último homem), especializado na construção do perfil de criminosos. Erros seguidos perseguem o responsável pela investigação, Don Ackerman (Chris Noth: séries Sex and the city, The good wife), que inicialmente não leva a sério as descrições feitas por Jim tomando por base o estudo linguístico dos manifestos enviados por Ted (Paul Bettany: Capitão América – guerra civil, O turista, O Homem de Ferro 3) aos jornais The New York Times e The Washington Post sobre os malefícios da tecnologia à qualidade da vida humana.

A utilização da Linguística na construção psicológica do terrorista dá um toque especial à narração, que vai se tornando mais instigante a cada episódio, paralelamente ao suspense criado na busca pelo criminoso antes de seus possíveis novos atentados. Fato: Ted Kaczynski foi capturado em 1996 e cumpre prisão perpétua desde então, numa penitenciária de segurança máxima no Colorado.

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> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), atua como redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há nove anos na Vila Ema.