Graças a Deus estou na minha cidade! É gostoso viajar, mas voltar é tudo de bom! Assim ouvi, outro dia, de uma amiga, satisfeita de estar em casa, na sua São José dos Campos. É verdade, como paulistano-joseense também me sinto imensamente feliz em retornar de belas viagens e depois contemplar ruas e prédios familiares da minha cidade.
Há um bom momento ao sair, outro igualmente feliz ao voltar. Logo ao deixar a Rodovia Dutra, já observo o bonito anel viário, as silhuetas dos profusos prédios do Jardim Aquarius e da Vila Ema, com a Serra da Mantiqueira ao fundo: estou de bem com a vida, já em casa. No casario pacato do Esplanada −onde nos escondemos do barulho−, no dia seguinte, mal desarrumadas as malas saio numa volta encantada pelas ruas da cidade.
Um sobrevoo pela Vila Ema, pela feira das sextas com direito a pastel, após pelo Mercado Municipal, o querido Mercadão da Rua Siqueira Campos. Não sem passar pela indefectível Avenida Nove de Julho das comemorações e da padaria famosa, com uma parada no agora indispensável Parque Vicentina Aranha. Enfim, como é bom voltar a São José dos Campos! Algumas vezes, retornando de uma mera ida a São Paulo ou ao litoral.
Essa ideia de retorno, de volta às raízes, ao útero materno, como querem alguns, é muito reconfortante para o espírito. Agora vão começar as festas juninas, logo no final do mês de maio, a primeira, a da Capela de Nossa Senhora de Fátima, no Jardim Nova América; a segunda, na festiva Paróquia da Sagrada Família, com seu delicioso bolinho e os docinhos da Dona Regina. Tem ainda o Arraiá do Frederico e a concorrida quermesse da Catedral de São Dimas.
Superada ficará a Semana Santa, com seus tapetes de flores e pó de café, procissões de velinhas acesas, celebrações católicas que encantam os fiéis. Desde que convertidos, ressalve-se. Depois é um tal de comer paçoca, bolinhos, espetinhos e pastéis, pamonhas e pés-de-moleque, em seguida ao Sábado de Aleluia, culminando com o Domingo de Páscoa. Encerra-se, assim, com alguns prazeres populares, a Quaresma do jejum e da conversão.
Voltando ao assunto de viagens, recordo-me do que dizia o velho mestre José Cretella Junior –de quem os veteranos se lembram pelos livros de latim e português no ginásio. Homem culto e viajado, dotado de prosa precisa e divertida, escreveu interessante livro intitulado “Viajando pela Europa e pelo Mundo”, onde descreve as delícias e os pequenos dissabores dos viajantes.
Ele dizia uma frase que marcou muito o meu espírito: os três maiores encantos da vida são ler, amar e viajar. Não necessariamente nessa ordem. Eu acrescentaria outro: o retorno ao lar. Atualmente, ainda consigo ir e voltar de minhas viagens, depois de ler e amar muito. Mas o bom mesmo é voltar a São José dos Campos! E fim de papo!
> José Roberto Fourniol Rebello é formado em direito. Atuou como juiz em comarcas cíveis e criminais em várias comarcas do estado de São Paulo. Nascido em São Paulo, vive em São José dos Campos desde 1964, atualmente no Jardim Esplanada. Participou do movimento cultural nascido no município na década de 60.