Bem que um colega e leitor me avisou outro dia para não me meter nesses assuntos sérios e me limitar a falar aqui dos buracos de rua e vazamentos de água da região do SuperBairro. Mas como sou teimoso, não vou seguir o seu sábio e prudente conselho. Vou voltar a falar hoje do assunto do momento, que é um só: Donald Trump.
Aí eu lhe pergunto. Desde a posse deste cidadão lá em Washington e o tsunami de barbaridades disparadas por ele contra o planeta todo santo dia, não lhe dá a impressão de que, de repente, nós fomos jogados em uma dessas superproduções de Hollyhood que gira em torno de planos perversos e doentios para o extermínio da Humanidade?
Na minha mente, surgiu um roteiro baseado em um certo império do mal que resolve usar seu grande poder para subjugar outros povos. E como todo império do mal deve ter uma cara, nada mais apropriado que dar a Donald Trump a imagem fria, cruel e maligna de Darth Vader. Ele mesmo, o vilão de “Star Wars”.
A diferença entre Vader e Trump é que o primeiro já atua em uma escala interestelar, enquanto o segundo se conforma em querer “apenas” dominar o planeta.
Há quem diga: “Deixa de ser bobo, o cara só está aproveitando os primeiros dias de governo para tocar o terror, mas o que ele quer mesmo é negociar”. Também há quem diga: “Que bom seria se o Brasil tivesse um Trump para lutar assim pelos nossos direitos”. E eu digo: “Quanta ingenuidade”.

Não é preciso pesquisar muito nos sites de notícias para concluir que o país mais poderoso do mundo caiu nas mãos de um maluco da pesada, um sujeito que poderá deixar Nero, Júlio César, Calígula e seu Império Romano no chinelo. Vou citar apenas algumas fantasias delirantes do loiro cabeludo, por ordem decrescente de insanidade:
– Não quer que os palestinos retornem a Gaza e não tem a menor ideia de para onde eles poderão ir. Comenta-se que visualiza um grande projeto turístico para a região, destinado a milionário, é claro.
– Acha que resolver a crise que levou Rússia e Ucrânia à guerra é muito fácil. Basta chamar Putin e Zelenski para um café –que por lá não deve estar tão caro– e dizer quais territórios os ucranianos darão para os russos. Simples assim. E ainda teve a coragem de dizer que um dia a Ucrânia deve voltar a fazer parte da Rússia.
– Continua a bravatear com as ideias criminosas de anexação do Canadá e da Groenlândia, como se fosse uma simples grilagem de terras onde não vive quase ninguém e como se estivessem todos ansiosos para se tornarem o 51º e 52º estados e passarem a cantar o hino dos Estados Unidos.
– Distribui sobretaxas a torto e a direito, esquecendo-se de que, parafraseando a citação bíblica, quem com taxa fere, com taxa será ferido. Prefere o ataque traiçoeiro de desarrumar economias mundo afora do que praticar o velho e bom hábito de negociar, se é que os Estados Unidos estejam levando desvantagem em alguma coisa na relação comercial com outros países.

Não vou me estender demais nos absurdos do nosso Trump Vader em seu projeto de dominação do mundo. Até porque, certamente, outros virão, talvez ainda mais espantosos.
Para não dizerem que eu só detono o rapaz, que eu não simpatizo com ele, digo aqui que uma das suas centenas de assinaturas como presidente, no meu modo de ver, foi bem dada. Ao definir que competições esportivas sejam disputadas por equipes geneticamente masculinas e femininas, acho que ele mandou bem, apesar de não ser um assunto da magnitude de um presidente dos Estados Unidos. O fato é que não tem o menor sentido atletas femininas terem que enfrentar atletas trans nascidas homens com seus corpos absurdamente desiguais.
Quanto à sua política de imigração, por mais antipática e autoritária que seja, é um direito de cada país receber quem bem entenda e fechar as portas para quem não seja bem-vindo. Porém, tem o dever de respeitar os direitos humanos dos candidatos a deportação. Por exemplo, separar crianças de seus pais em “campos de concentração” diferentes, é desumano e asqueroso. E vem mais por aí: querem enviar imigrantes ilegais para umas “férias” em Guantánamo antes de tomarem um pé na b…
Como diz o ditado, “o futuro a Deus pertence”. Não sabemos se as diabruras de Donald Trump e seus colegas bilionários e trilionários a quem a administração do país foi entregue continuarão em escala crescente ou atingirão um limite para que o voo siga em velocidade de cruzeiro até o seu final.
Enquanto isso, a população mundial terá que se acostumar a acordar a cada dia com uma nova ação do império do mal contra os seus inimigos criados na cabeça do maligno Donald Trump, nosso Darth Vader, movido por planos de dominação. O inacreditável em tudo isto é que o homem fala como se fosse presidente do planeta, esquecendo-se de que todos, do maior ao mais insignificante, devem ter sua soberania respeitada.
Um pequeno alívio que podemos perceber nestes primeiros dias, é que, apesar de tudo, as instituições norte-americanas, como a Justiça, têm exercido seu papel de conter alguns abusos mentais de Trump. Mas, até quando?
O que faz o mundo tremer é perceber que os Estados Unidos –antes o garantidor da democracia no mundo– caminha rapidamente para ser uma país antidemocrático. E o pior é que não termos um Super-Homem para dar uma surra neste Darth Vader que ocupa a Casa Branca.
> Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 49 anos. É editor do SuperBairro. Mora na Vila Guaianazes há 24 anos.