O presidente Jair Bolsonaro (PL) está acostumado a viver acima dos 100 graus centígrados de temperatura política. Mas os últimos dias estão muito acima disso. Muita lenha na fogueira está levando Bolsonaro a viver um dos mais graves momentos da sua presidência e, por extensão, da pré-campanha à própria sucessão. Trata-se de um verdadeiro inferno astral. Veja.
– Vexame com Biden – Tudo começou com o encontro entre Bolsonaro e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O que deveria ser uma ótima exposição interna e externa da imagem do presidente ficou manchado pelo vazamento de que o brasileiro teria tentado obter ajuda dos gringos para o confronto com Lula. Bolsonaro até desmentiu, mas pegou mal.
– A morte de Bruno e Dom na Amazônia – Podem alegar que o governo federal não tem nada a ver com a morte do indigenista brasileiro e do jornalista inglês, mas, como se sabe, em política costuma valer mais a versão do que o fato. Uma certa liberdade dada para a ação de garimpeiros e pescadores ilegais na região, além da falta de fiscalização sobre o tráfico de drogas e as queimadas, colocaram Bolsonaro no centro desse episódio. O mundo inteiro cobra dele medidas efetivas para pacificar e controlar a Amazônia.
– O galope da inflação – A cada dia, o aumento do índice de inflação come um pouco do prestígio do presidente e de seu governo. No momento, o que se vê é o ministro da Economia, Paulo Guedes, completamente nocauteado, tomando medidas inócuas e populistas. A alta de preços aumentou a fome no país e nada indica que a solução do problema esteja próxima, apesar do aumento brutal da taxa Selic, que define os juros no país. O anúncio de aumento no vale gás e um auxílio de R$ 400 para os caminhoneiros enfrentarem a alta do diesel não irão mudar o quadro. Aliás, representantes dos caminhoneiros classificaram a ajuda como “esmola” e “deboche” e prometem radicalizar contra o governo.
– A maldição da Petrobras – Bolsonaro bem que tentou adiar o desastre com a troca de presidentes da empresa, mas o grande problema é que nem os novos executivos conseguem alterar a política de preços dos derivados de petróleo pois a pressão dos acionistas minoritários não deixa que isso aconteça. Por isso, persiste o critério de PPI (preço de paridade de importação) para definir os preços dos derivados no mercado interno. Essa camisa de força colocada na União, que é acionista majoritária da Petrobras, teria sido criada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) em 2017.
– A prisão do ex-ministro da Educação – Só faltava essa. O pastor evangélico e ex-ministro Milton Ribeiro foi preso pela Polícia Federal (PF) nessa quarta-feira (22) e juntou-se aos dois pastores já implicados no escândalo de favorecimentos e propinas no MEC. Isto coloca Bolsonaro em situação difícil pelo fato de o presidente ter colocado sua “cara no fogo” para atestar a inocência de Ribeiro. Bolsonaristas e o próprio presidente estão tentando virar o discurso para destacar que o governo não é conivente com a corrupção e defende que os culpados sejam punidos. É incerto que essa estratégia dê certo.
Crise na hora errada
A degringolada dos planos de Jair Bolsonaro fica ainda mais grave por estar ocorrendo em um momento que ele deveria estar crescendo nas pesquisas para se aproximar do líder Lula (PT). Um distanciamento maior entre os dois nomes que polarizam a disputa pela presidência em outubro pode praticamente definir a parada.
O que se prevê daqui por diante é uma tentativa de reação de Bolsonaro que, se mal calibrada, pode colocar fogo de uma vez por todas na corrida eleitoral. O pior dos cenários é o atual presidente sentir que já perdeu. Se isto acontecer, medidas ainda mais populistas poderão ser aplicadas na economia com reflexos perigosíssimos para o pós-eleição.
O inferno astral de Bolsonaro não é bom para ninguém.
PONTO A PONTO
Felicio correndo risco?
O pré-candidato a governador Felicio Ramuth pode estar correndo o risco de ficar falando sozinho e ter o tapete puxado dentro do seu partido, o PSD. Esta “bomba” foi detonada na tarde da terça-feira (21) em reportagem publicada no portal UOL, de autoria da jornalista Carla Araújo, de Brasília. Segundo o texto, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e o pré-candidato do Republicanos, Tarcísio de Freitas, teriam conversado sobre uma estratégia para obterem o apoio do PSD a Tarcísio.
A matéria vai além e revela que a ideia é bloquear a possibilidade de o PSD de Gilberto Kassab apoiar Lula na eleição presidencial. Para isso, Costa Neto teria sugerido que Tarcísio ofereça a vaga de vice em sua chapa ao próprio Kassab.
Caso exista algum fundamento na informação, a ideia pode “rifar” a candidatura de Felicio. A jornalista chega a dizer que “Kassab fez uma promessa de apoiar a campanha do correligionário [Felicio], no entanto, como Ramuth não tem decolado das pesquisas, o presidente do PSD já tem admitido a auxiliares que o ‘caminho natural’ pode ser compor com Tarcísio”.
Veja [aqui] o texto na íntegra.
Ainda na noite de terça-feira a coluna Política & Políticos tentou contato com Felicio, porém não recebeu retorno até o momento. Havendo uma manifestação dele, este texto será atualizado.
Tarcísio é “joseense”
Definido. O pré-candidato a governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), esperança do bolsonarismo no estado mais importante do país, teve confirmado o seu domicílio eleitoral em São José dos Campos e não deverá ter problemas para disputar a eleição.
O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo rejeitou na terça-feira a denúncia de irregularidade feita pelo PSOL. O ex-ministro da Infraestrutura apresentou contrato de locação de um apartamento pertencente a um cunhado que mora na cidade. A Câmara Municipal deu um empurrão a mais entregando a Tarcísio o título de Cidadão Joseense.
Mas não custa mencionar que, na semana passada, um veículo nacional de comunicação publicou reportagem na qual entrevistou o porteiro do prédio de Tarcísio, além de vários comerciantes vizinhos e ninguém conhecia o cidadão. Nem o porteiro.
Tiete é tiete…
Vida de pré-candidato não é fácil. A começar pelas demonstrações dos possíveis eleitores. Nessa semana, duas publicações no Facebook chamaram a atenção. Em uma delas, um conhecido apoiador ligado à região norte da cidade, para não errar na aposta vencedora, saiu-se com esta: “Com certeza, nossa região será bem fortalecida com Tarcísio e Felício no governo do estado de São Paulo”. Qual dos dois? Talvez qualquer um dos dois.
Em outra postagem, uma admiradora de Felicio Ramuth que integra a equipe de servidores comissionados na Prefeitura de São José não deixou por menos ao comentar sobre um contato recente com o pré-candidato. Referindo-se a Felicio, comentou que ele é “na minha concepção, o já governador de São Paulo”. Faltando mais de quatro meses para a eleição e Felicio não conseguindo mais de 2% das intenções de voto até agora, resta a curiosidade em conhecer a “concepção” da apoiadora.
Nada grave
O fato ocorreu no distante dia 13 deste mês, mas como a coluna Política & Políticos deu uma respirada por uma semana e só retorna agora, vale dizer que a reforma no secretariado do prefeito Anderson Farias (PSD), apesar de parecer enorme, foi motivada apenas por um fato: a saída do secretário de mobilidade Paulo Guimarães para ocupar a presidência do Observatório Nacional de Segurança Viária.
A mudança de uma peça levou às seguintes alterações na equipe: o arquiteto Gláucio Lamarca Rocha deixou a Gestão Habitacional e Obras para assumir a vaga na Mobilidade Urbana. No lugar de Gláucio, subiu o engenheiro Fábio Pasquini, que era diretor de fiscalização na Proteção ao Cidadão.
Direita latina emagrece
Parece ser cíclica a dança das ideologias nos países latino-americanos. Depois de uma onda à direita, quando o presidente Jair Bolsonaro foi um dos eleitos, a maré virou e passou a empurrar os nomes de esquerda e centro-esquerda.
A vitória de Gustavo Petro na Colômbia reforçou o time de presidentes da região considerados de centro-esquerda. Os demais nesta faixa ideológica são o também recém-eleito Gabriel Boric (Chile), Alberto Fernández (Argentina) e Andrés Obrador (México). À esquerda, estão Miguel Díaz-Canel (Cuba), Nicolás Maduro (Venezuela), Pedro Castillo (Peru) e Luis Arce (Bolívia).
Enquanto isso, o time da direita definha com Jair Bolsonaro (Brasil) e Mario Benítez (Paraguai), mesmo com o reforço da centro-direita de Lacalle Pou (Uruguai) e Guillermo Lasso (Equador).
Placar, até o momento, de 7 a 4 para a esquerda e centro-esquerda. E o que vai acontecer em outubro ou novembro, alguém arrisca um palpite?
RAPIDINHAS…
> Desde essa terça-feira o vereador Zé Luís (PSD) é o novo líder do prefeito na Câmara de São José. O posto era ocupado pelo vereador Juvenil Silvério, que está cuidando da sua pré-campanha a deputado estadual. Zé Luís foi secretário municipal no governo do prefeito Carlinhos Almeida (PT) quando era filiado ao DEM.
> O joseense Nelson Borges Moreira lança entre 2 e 10 de julho, na Bienal Internacional do Livro que irá acontecer no Expo Center Norte, em São Paulo, o livro “Brasil, Uma Democracia Doente”. O autor estará autografando a obra nos dois finais de semana, em período integral, e de segunda a sexta, das 17h às 22h.
> De olho no seu nicho, representado pelas áreas de ciência & tecnologia e ensino superior, o pré-candidato a deputado federal pelo PSD em São José, Luís Vieira, promoveu na noite de terça-feira uma “live”, em parceria com a Fundação Espaço Democrático, abordando o tema “Como aprimorar a representatividade no Congresso Nacional?” O encontro teve como convidado o cientista político Rogério Schmitt.
> A deputada estadual Leticia Aguiar (PP) não deve ter ficado muito satisfeita. Depois de fazer campanha pela contratação do atleta Maurício Borges pela equipe de voleibol que representa a cidade, viu justamente o maior desafeto de Maurício nas denúncias de prática de homofobia, Douglas Souza, ser o contratado pelo Farma Conde São José. De qualquer maneira, são dois grandes atletas e espera-se que deixem de aparecer no noticiário político e brilhem nas quadras do país e do mundo.
> O São José Esporte Clube, que tem o presidente da Câmara, Robertinho da Padaria (Cidadania), como um dos incansáveis apoiadores, seguiu nessa semana o caminho que vários clubes estão adotando. Em assembleia, os associados com direito a voto aprovaram a transformação do clube em SAF (Sociedade Anônima do Futebol). Detalhe: os interessados nesta “privatização” irão encontrar uma dívida estimada em R$ 26 milhões.
GESTÃO
O SIM está de volta
Na terça-feira (21), o prefeito Anderson Farias entregou a um açougue no Jardim América (região sul) o selo do SIM (Serviço de Inspeção Municipal). Foi o sexto selo do certificado emitido, que serve para atestar a qualidade de produtos de origem animal, assim como faz o SIF (Serviço de Inspeção Federal) em nível nacional.
O certificado do SIM pode ser requerido por produtores rurais que tenham empresa constituída e vendam produtos como leite, queijo, mel, carne e peixes. Atendimento nas unidades do Ponto Rural do Alto da Ponte (rua Alziro Lebrão) e de São Francisco Xavier (rua XV de Novembro, 900), ou na Sala do Empreendedor, no Paço Municipal (rua José de Alencar, 123 – 4º andar).
As 4.789 vagas do Qualifica
O Programa Qualifica São José, da Prefeitura, abriu nessa semana 4.789 vagas em 34 cursos de capacitação profissional. Alguns deles: Organize seu Negócio, Como Turbinar suas Vendas, Pronto para Crescer, Custos para produzir no campo e White Belt, cada um com 500 vagas.
Na área de informática, destacam-se Linux Básico (350 vagas) e AutoCad Básico (300). Outros cursos: Reparos e Reformas Prediais, Instalações Elétricas Residenciais, Marketing, Disc Jóquei, Edição Profissional de Fotos e Vídeos, Estratégias para Vendas Online.
Para informações e inscrições, clique [aqui] ou entre em contato com a Central 156 da Prefeitura.
TOQUE FINAL
“Ele que responda pelos atos dele, eu peço a Deus que não tenha problema nenhum. Se a PF prendeu, tem um motivo, e o ex-ministro vai se explicar.”
Jair Bolsonaro
(Na “Folha de S. Paulo”, em 22/6, sobre a prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro.)
> Texto atualizado às 19h20 do dia 22/6/22 para correção de duas informações: 1 – O vereador Zé Luís nunca foi filiado ao PT, foi secretário no governo Carlinhos Almeida (PT), mas era filiado ao DEM; 2 – O partido atual da deputada estadual Leticia Aguiar não é o Patriotas, é o PP (Progressistas).