Hoffman e Redford estão no clássico sobre o escândalo que levou à renúncia do presidente dos EUA, Richard Nixon. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Quatro dias após a morte de Dirceu Fernandes Lopes –ocorrida na última quarta-feira (22)–, o melhor professor que tive na Faculdade de Comunicação de Santos e autor de livros sobre jornalismo investigativo, presto minha homenagem trazendo à Coluna uma lista de filmes que foram baseados em fatos reais e cujos jornalistas, direta ou indiretamente envolvidos, conseguiram mudar a História.

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“Todos os Homens do Presidente”

Em 1976, “Todos os Homens do Presidente” (inspirado no livro homônimo, de 1974: “All the President’s men”, de Carl Bernstein e Bob Woodward, vencedores do Prêmio Pulitzer) trouxe em detalhes o escândalo norte-americano de Watergate, caso de lavagem de dinheiro e espionagem política ocorrido em Washington (1972) e que levou à renúncia do então presidente republicano, Richard Nixon.

O filme dirigido por Alan J. Pakula (“A Escolha de Sofia”, “Acima de Qualquer Suspeita”, “O Dossiê Pelicano”), tem como protagonistas dois repórteres investigativos do jornal “The Washington Post”: Robert Woodward (Robert Redford: “Golpe de Mestre”, “Proposta Indecente”, ”Entre Dois Amores”) e Carl Bernstein (Dustin Hoffman: “Rain Man”, “Tootsie”, “O Júri”), que carregaram o mérito da incansável busca pela verdade. Uma aula de jornalismo ainda hoje! Disponível nos streamings: Prime Video, TV Apple, Looke e HBO.

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“Spotlight – Segredos Revelados”

Em 2015, “Spotlight – Segredos Revelados” deu novo gás à profissão e homenageou as redações de jornal ao deixar clara a importância do papel do jornalismo de modo apartidário, em qualquer sociedade. Uma equipe investigativa do jornal “The Boston Globe” conseguiu desenterrar um esquema da igreja católica local (Boston, EUA) que ocultou milhares de crimes de pedofilia e abuso sexual, acobertando sacerdotes que os cometeram e dificultando o acesso da polícia às informações.

O filme ousa ao mostrar em detalhes que, havia décadas, autoridades religiosas abafavam os casos contra menores, enviando os padres criminosos para outras regiões sem denunciá-los à justiça, naquela Boston com peculiar entrelaçamento entre vida política e religiosa.

Anteriormente ignorada pela redação do jornal, a história atrai o editor recém-contratado Marty (Liev Schrieber: “A 5ª Onda”, “Um Dia de Chuva em Nova Iorque”; série “Ray Donovan”), que não é católico e se interessa pela pauta. O título do filme (Spotlight) era o nome do departamento investigativo do jornal, que exigia tempo e dedicação para o trabalho de apuração de fatos.

Brilhantes interpretações, dentre outras, dos repórteres Mike (Mark Ruffalo: “Ensaio Sobre a Cegueira”, “Terapia do Sexo”), Sacha (Rachel McAdams: “Meia-noite em Paris”, “Questão de Tempo”) e Robby (Michael Keaton: “Fome de Poder”, “Batman”, “Birdman”), sob a direção de Tom McCarthy (“O Visitante”, “Entrando Numa Fria”). Disponível em: Paramount Plus, Apple iTunes e Google Play.

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“Conspiração e Poder”

O ano era 2004, algum tempo antes da (re)eleição de George W. Bush. A então produtora do famoso programa jornalístico 60 Minutes, da emissora CBS, Mary Mapes (Cate Blanchett: “Blue Jasmine”, “Oito Mulheres e um Segredo”), recebe a abrupta e incisiva informação de que o presidente dos EUA teria se esquivado de lutar na Guerra do Vietnã, forjando sua participação.

Começa, então, a caça aos documentos e material comprobatório, com uma equipe de repórteres e a ajuda de um antigo oficial. Comprovado o engodo de Bush, coube ao jornalista e âncora veterano Dan Rathe (Robert Redford: “Proposta Indecente”, “Entre Dois Amores”, “Todos os Homens do Presidente”) anunciar o fato e levar a dúvida ao ar.

O filme “Conspiração e Poder” (Truth) foi lançado em 2016, inspirado no livro de Mary Mapes e dirigido pelo estreante James Vanderbilt (roteirista: “Conspiração e Poder”, “O Ataque”, “Independence Day”), cujo foco vai muito além dos detalhes da cobertura do escândalo. Esse “furo de reportagem” apresentava um verdadeiro esquema de favorecimento utilizado por jovens privilegiados para fugir do combate na guerra. Além de afetar as eleições presidenciais e causar prejuízos à CBS, o caso teve outras consequências perversas e frustrantes, como a destruição da carreira da produtora e do âncora. Destaque para a atuação do jovem idealista Mike Smith (Topher Grace: série “That’70 Show”, “Infiltrado na Klan”, “Superação – O Milagre da Fé”), na busca pela verdade e seu inconformismo diante do poder. Disponível no streaming Prime Video.

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> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), atua como redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há nove anos na Vila Ema.