Com pesar, fiquei sabendo hoje da morte do nosso querido Claudio Nardelli, o padre Tarzan. Aos 91 anos, padre Claudio descansou após 72 anos de vida religiosa salesiana. Depois de muitos anos atuando na Paróquia Sagrada Família (então Oratório), o religioso mudou-se para o sul do país.
Na minha coluna do dia 13 de abril, relembrei com carinho a saudável convivência com o carismático padre Tarzan. Confira!
Padre Tarzan e seus discípulos
O ano? 1973, ou 1974, não me lembro com exatidão. Deveria ter uns 11, 12 anos de idade. Durante as férias, eu, meu irmão mais novo, Paulo, e três primos –Zé Carlos, Igor e Jorge–, íamos quase todos os dias passar as tardes no Oratório, atual Paróquia Sagrada Família, na Vila Ema.
Morávamos no centro, na Francisco Paes. Dali, seguíamos até a Casa dos Padres, um casarão em frente ao atual prédio do INSS, na avenida Dr. João Guilhermino. Grande portão verde de metal, um terreirão na entrada e lá vinha ele. Padre Claudio Nardelli, ou padre Tarzan, assim chamado por conta do seu porte atlético, era o nosso guia na aventura de ir de bicicleta até o Oratório para brincar, praticar esportes.
A ida já era o máximo. Pegávamos a Anchieta, às vezes um trecho da São João, de terra ainda! Padre Tarzan puxando a fila com sua bicicleta com marchas, uma novidade tecnológica incrível na época. Tempos depois, ele apareceu com um ciclomotor Maxi Puch (parecido com uma Mobylette Caloi). Tinha paciência com a molecada e ia devagar, acompanhando nosso ritmo mais lento nas bikes (Caloi Berlineta, Monark Tigrão, entre outras).
Carismático, um jeito assertivo de falar com todos e forte sotaque, o italiano Nardelli não dava moleza para a criançada. Punha todo mundo para colaborar nas tarefas do Oratório. Meu irmão lembrou como ajudamos até a recolher folhas e galhos dos eucaliptos que foram cortados para dar lugar ao campo de futebol do Cejuvem, área atual do estacionamento da Sagrada Família. Padre Tarzan também gostava de brincar de braço de ferro com a moçada. Batia todo mundo.
Depois do futebol e do jogo de queimada (alguém se lembra?), pausa para um lanchinho. Todos suados, aquela algazarra. Hora de partir. E lá ia nosso guia, puxando a fila pela avenida São João ou Nove de Julho, de volta para casa. Saudade, bons tempos de infância.
> Henrique Macedo é jornalista (MTb nº 29.028) e músico. Mora há 40 anos na Vila Ema.