Foto / Reprodução

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

 Júlio Saraiva

 

o poema descansa num cômodo

desta casa inabitável

foge das palavras frias e gastas

que sem pedir licença insistem

em lhe quebrar o santo sono

 

o poema pede sossego apenas

não devemos perturbá-lo com

metáforas e rimas muito menos

casos de amor mal resolvidos

luas de noites passadas em claro

estrelas dos versos de bilac

disto tudo o poema quer distância

 

o poema deseja que nos afastemos

levando conosco as vozes declamadoras

o poema deseja apenas o desprezo

dos cemitérios abandonados

das mulheres que perderam a beleza

nas lágrimas choradas pelos maridos

que disseram volto já

mas nunca mais voltaram

 

o poema quer ficar longe do poeta

não adianta insistir não adianta

o poema nada tem a dizer ou declarar

amanhã talvez mude de ideia

por enquanto pede apenas que o deixemos

quieto e intocável

em sua absoluta e total solidão de poema

 

Júlio Saraiva foi jornalista e poeta. Nasceu em São Paulo (SP) em 6 de agosto de 1956 e morreu em São Paulo (SP) em 22 de fevereiro de 2013. Teve passagens, entre outros, pelos jornais “Notícias Populares”, “Diário Popular”, “Diário da Noite” e pela Radiobrás, cobrindo especialmente grandes casos policiais. Distante das redações, viveu nos últimos anos de free lances e de sua poesia, muito apreciada em Portugal.

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> Júlio Ottoboni é jornalista (MTb nº 22.118) desde 1985. Tem pós-graduação em jornalismo científico e atuou nos principais jornais e revistas do eixo São Paulo, Rio e Paraná. Nascido em São José dos Campos, estuda a obra e vida do poeta Cassiano Ricardo. É autor do livro “A Flauta Que Me Roubaram” e tem seus textos publicados em mais de uma dezena de livros, inclusive coletâneas internacionais.

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