Muito barulho por nada. Se fosse um filme, o debate da noite de quinta-feira (3), promovido pela TV Vanguarda, poderia ter este título. A verdade é que se esperava muito mais dos principais concorrentes a uma vaga no segundo turno. O que se viu foi um debate controlado por parte de Anderson Farias (PSD) e Eduardo Cury (PL) –aqui relacionados em ordem alfabética–, e uma falta de argumentos e eficácia por parte do Dr. Elton (União).
No andar mais abaixo, pelo menos segundo as pesquisas eleitorais, Wagner Balieiro (PT) e Prof. Wilson Cabral (PDT) aproveitaram a condição de franco-atiradores e tiveram ótimo desempenho no debate.
Outros pontos positivos foram o formato bem elaborado, com espaço garantido para a abordagem dos principais temas ligados a uma gestão municipal, além da condução segura, educada e objetiva do jornalista Rogério Corrêa. Os candidatos retribuíram com bom comportamento e respeito aos tempos definidos para perguntas, réplicas e tréplicas.
Veja o desempenho de cada candidato, na opinião do colunista, é claro.
Anderson Farias (PSD)
Foi muito bem. Defendeu o seu governo e o de Felicio Ramuth com tranquilidade, quase sempre usando números inquestionáveis. Enrolou quando se viu mais pressionado, como na questão das finanças do município e a situação do Instituto de Previdência do Servidor Municipal (IPSM). Ainda teve habilidade para bater no Dr. Elton e mostrar ao antigo chefe Cury que não tem medo do confronto com ele.
Eduardo Cury (PL)
Teve equilíbrio entre ataque e defesa, principalmente nos poucos momentos em que esteve frente a frente com Anderson. Mostrou propostas ambiciosas para implantar caso seja eleito. Mas se viu em situação difícil com Balieiro e Cabral, que puxaram as suas orelhas seguidas vezes. Precisa trabalhar melhor a postura corporal para os debates, pois a coluna voltada para a frente e o exagero de expressões tensas no rosto passaram a imagem de nervosismo. Talvez estivesse mesmo.
Dr. Elton (União)
Sua menor “quilometragem” na carreira política fica evidente quando o candidato sai dos vídeos gravados e editados e vai para um debate ou entrevista em que é questionado por outros políticos e jornalistas. No debate da Vanguarda, decepcionou pela falta da munição que deveria ter quando se sabia da sua necessidade de virar o jogo contra Anderson ou Cury, um dos dois, que estão à sua frente, pelo menos segundo as últimas pesquisas. Além de não bater o suficiente, ainda apanhou.
Wagner Balieiro (PT)
Se o debate tiver que ter um vencedor, o petista é um sério candidato. Esteve descontraído mesmo quando criticado e passou com facilidade a principal proposta que levou para o debate, de uma proximidade maior com o governo Lula e de pragmatismo na relação com o governo Tarcísio. Ainda surpreendeu ao bater duramente em Cury falando de corrupção. Recebeu o troco, mas ficou no lucro no embate com o ex-prefeito.
Prof. Wilson Cabral (PDT)
O professor do ITA é um bom fato novo na política joseense. É elegante, quase sempre respeitador, mas sua inteligência aguçada e treinada em sala de aula ensinando geniozinhos lhe permite levar o debate para o campo das ideias e ainda tratar alguns adversários como estudantes relapsos. Ao lado de Balieiro, foi um dos melhores do debate, ajudado também pelo fato de não poder ser acusado de nada errado como um gestor que nunca foi.
PALANQUE
Rápidos no gatilho
Enquanto rolava o debate na telinha da TV Vanguarda, os times dos candidatos com maiores recursos para suas campanhas demonstravam uma agilidade surpreendente para postar os melhores momentos de cada um. Resultado: antes do final do debate já havia vários “cortes” com imagens de Anderson, Cury, Dr. Elton e Balieiro batendo ou apanhando. A correria tinha um motivo: o prazo para a veiculação de publicidade paga sobre os candidatos terminaria à meia-noite.
A má notícia é que o eleitor que acompanhar as postagens nas redes sociais pode ser levado a conclusões erradas por não ter uma visão de tudo o que aconteceu nas duas horas do debate na TV.
Se liga nas regras
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é quem define todas as regras das eleições. Vale a pena entrar no site do tribunal e conhecer em detalhes o que pode e o que não pode ser feito por candidatos, partidos e eleitores.
Clique [aqui] para consultar. Após a tela inicial se abrir, basta clicar em “outubro”. Lá está tudo o que se refere à eleição, inclusive no segundo turno.
O joio e o trigo (1)
Os partidos e caciques políticos que os dirigem em São José dos Campos foram eficientes no trabalho de montar chapas de candidatos a vereador em que o famoso joio bíblico ganha de goleada do trigo. Na verdade, dos 364 nomes que disputam as 21 vagas na Câmara em 2025, a maioria é puro joio, nem sabe por que está ali.
O joio e o trigo (2)
O eleitor poderá perguntar: “Por que eles montariam chapas propositalmente ruins se querem ter uma boa representação na Câmara?” Boa pergunta, cara-pálida. É porque o que eles entendem por “boa representação” são eles próprios ocuparem as vagas. Então, quando um dono de partido ou candidato a reeleição escolhe quem irá compor o time, o segredo do negócio é escolher nomes que possam aumentar o número de votos na legenda –que irão determinar o número de vagas que o partido vai conquistar– mas, ao mesmo tempo, esses candidatos não podem ser tão bons que tirem o lugar dos veteranos. Sacou? Simples assim. E dá-lhe joio…
Nada não…
A campanha do Dr. Elton (União) publicou nas redes sociais nesta semana mais uma das muitas reclamações que costuma fazer em relação aos adversários, colocando o médico como um candidato contra o “sistema”. Desta vez, queixou-se que adversários estariam “comprando até fornecedores para não entregarem nossos materiais”. A coluna entrou em contato com a assessoria de imprensa do candidato pedindo mais informações e foi solenemente ignorada. Fica a dúvida: a denúncia tem fundamento ou não? Então tá…
TOQUE FINAL
“Tomara que vocês votem tão bem nas próximas eleições como sabem votar no BBB!”
Fausto Silva (Faustão)
Apresentador de TV, no site pensador.com