Foto / Charles de Moura/PMSJC.

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Minha rua é muito movimentada, um dos corredores da região da Vila Ema, Apolo e redondezas. O barulho de ônibus, carros e motos não chega a incomodar porque nosso apartamento está voltado para os fundos, onde um condomínio residencial garante sossego e muitas árvores. O que chama a atenção neste um ano de pandemia é o silêncio.

Com o menor movimento de carros, ônibus, bares e restaurantes, se sobressaem os da natureza, como a algazarra das maritacas e o canto peculiar das rolinhas que, ao amanhecer, ficam enfileiradas na grade da quadra do meu prédio. Até a frequência dos aviões caiu muito. Essa tranquilidade só é quebrada vez ou outra por alguns motoboys e seus insuportáveis escapamentos abertos (alô, fiscalização!), ainda mais agora com a explosão das entregas.

Sempre valorizei o silêncio, talvez um contraponto por estar muito ligado aos sons, música, desde criança. De vez em quando é necessário ficar quieto, contemplar, apesar de ter que conviver com um zumbido de alta frequência nos ouvidos há muitos anos. Já incorporei, tento abstrair.

Às vezes fico imaginando como vai ser essa questão do ruído dos motores dos veículos em alguns anos. Pois, como diz toda a semana meu irmão Paulo, “até 2030 você vai ter um carro ou uma moto elétrica”. Que maravilha, apenas leves zumbidos dos motores elétricos e da rodagem dos pneus em contato com o solo. Aquele barulhão (e a poluição absurda) dos motores a diesel de ônibus e caminhões, nunca mais.

Mas ainda falta maior incentivo por parte dos governos (federal e estadual) na diminuição de impostos sobre esse tipo de veículo –alguns estados dão isenção de IPVA. As montadoras precisam ter maior escala de produção e resolver alguns entraves, como o custo e a durabilidade das baterias, entre outros. Por enquanto, os carros elétricos são muito caros.

São José dos Campos já deu os primeiros passos neste sentido. Temos veículos elétricos para alugar em diversos pontos da cidade. Toda a frota da Guarda Civil Municipal é composta de carros elétricos, iniciativa pioneira no país. E a Linha Verde, corredor sustentável que vai interligar as regiões sul, leste e central, terá como protagonista o VLP (Veículo Leve sobre Pneus), um grande ônibus articulado também movido a baterias elétricas.

Silêncio.

A gente agradece.

 

> Henrique Macedo é jornalista (MTb nº 29.028) e músico. Mora há 40 anos na Vila Ema.