O filme conta a história de Antonia Brico, a primeira mulher a conduzir a Orquestra Filarmônica de Nova Iorque. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

A diretora holandesa Maria Peters reuniu quatro atores de diferentes nacionalidades para, juntos e embasados numa história real, fazerem de “Antonia: Uma Sinfonia” (The Conductor) um filme que regala aos olhos, deleita os ouvidos e nos sensibiliza pelas causas defendidas –ainda que apenas uma delas se destaque, outras são abordadas com sutileza e respeito.

Nascida Antonia Brico, em 1926 a jovem Willy Walters (Christanne de Bruijn, atriz holandesa) é uma estudiosa de música clássica, que trabalha numa sala de espetáculos da alta sociedade nova-iorquina, a cujos empregados é proibido assistir às apresentações.

Ela mora com os pais, sob a miséria do período que antecede a grande depressão norte-americana –muito bem representado, vale destacar, pela amargura nas expressões do casal, bem como pelos tons próximos ao sépia mostrados em roupas da protagonista, nas paredes de fábricas fechadas e nas mobílias dos cômodos pequenos e mal iluminados.

Somos expostos à discrepância gritante do momento econômico de Nova Iorque nas diferentes classes sociais, notória pelos trajes coloridos das fidalgas, passando pelo branco pacífico das mansões, até alcançar a verdejante grama de seus jardins.

Ousada, sagaz e obstinada, a talentosa Willy acalenta o sonho de ser maestrina, algo impensável no meio em que vive, além de frontalmente rejeitado no ambiente requintado da música erudita e das ricas famílias que a patrocinam, dentre elas a de Frank (Benjamin Wainwright, ator britânico), por quem a jovem se apaixona, mas não o bastante para desistir de sua aspiração.

A amizade de Willy com Robin (Scott Turner Schofield, ator norte-americano transgênero), que a apresenta ao desconhecido o alegre mundo do jazz nas noites de Nova Iorque, é o que possibilita o pagamento de suas aulas particulares de música e, algum tempo depois, a sobrevivência em Berlim, onde o excêntrico maestro Karl Muck (Richard Sammel, alemão: “The Head – Mistério na Antártida” e “O Nome da Rosa”), que inicialmente a rejeita por ser mulher americana, é por ela convencido de aceitar o desafio de torná-la a primeira maestrina.

A pianista holandesa Antonia Brico nasceu em 1902 e enfrentou muitos desafios até chegar à regência de orquestras como as filarmônicas de San Francisco, Hamburgo, Berlim, a Orquestra Sinfônica de Músicos de Denver, além de criar a Orquestra Sinfônica de Mulheres, com o apoio da então primeira-dama Eleanor Roosevelt, em Washington. Em seu extenso currículo, a distinção de ter sido a primeira mulher a conduzir a Orquestra Filarmônica de Nova Iorque.

O filme foi lançado em 2019 e entrou recentemente na Netflix, onde merece estar entre os “Top 10”.

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UM SENHOR ESTAGIÁRIO

(The Intern)

Alguns atores acima da média nos dão garantia de um bom filme, sem que sequer saibamos o tema ou a direção. Robert de Niro é um deles. O ator, que já nos brindou com “Taxi Driver”, “Touro Indomável” (em que precisou engordar 25kg), “Os Bons Companheiros”, “A Família Flynn”, “Máfia no Divã”, “O lado Bom da Vida”, ”O Irlandês”, dentre outros, surpreende mais uma vez. De Niro faz o papel de Ben, que aos 70 anos é viúvo e aposentado com uma vida entediante.

Ele vê uma oportunidade de mudança num anúncio para estagiário idoso numa startup de moda, empresa que alcançou sucesso em apenas 18 meses sob a direção de Jules (Anne Hathaway: “Alice Através do Espelho”, “Oito Mulheres e um Segredo”). Mostrando experiência profissional e de vida, o novo estagiário ganha a simpatia dos colegas e enfrenta com leveza o choque de gerações, tornando-se a pessoa de confiança de Jules.

Segure firme a bacia de pipoca nas cenas hilárias de Ben com a terapeuta corporal da empresa, Fiona (Rene Russo: “O Abutre”, “O Preço de um Resgate”). Diversão assegurada no Now.

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> Séries

FAUDA

“Caos” é o significado da palavra-título, utilizada pelos infiltrados durante ações em territórios palestinos. Conflitos e terrorismo, com algumas pitadas de envolvimento amoroso e ininterrupto suspense, conduzem as três temporadas desta ótima série israelense, com diálogos originais em hebraico e árabe. O protagonista Doron (Lior Raz: “Operação Final”. Série “Hit & Run”) volta à ativa para conduzir um grupo das Forças Especiais de Israel, infiltrado em territórios árabes, com o objetivo de capturar um perigoso ativista que ele julgou ter matado há alguns anos. A série faz enorme sucesso –inclusive entre palestinos e israelenses. Curiosidade: o ator Lior Raz é o criador de Fauda e encontrou inspiração no período em que pertenceu a uma unidade antiterrorismo no exército de Israel. Disponível na Netflix.

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MONK

Uma série policial criada em 2002, que tem no protagonista o ponto central e a veia cômica: assim é “Monk”. Em 125 episódios, os homicídios peculiares são desvendados de modo inusitado pelo brilhante detetive que tem TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo). Licenciado em virtude da perturbação ocasionada pelo assassinato irresolúvel da esposa amada, Adrian Monk (Tony Shalhoub: “Sob Custódia”, “Nova York Sitiada”, “Gattaka – Experiência Genética”) se torna consultor da polícia de San Francisco, sob o comando de seu capitão Leland Stottlemeyer (Ted Levine: “Ilha do Medo”. Série “Ray Donovan”) e com o apoio do atrapalhado Randall (Jason Gray-Stanford: “The Boys”, “Arquivo X”).

Destaque merecido para a assistente pessoal Natalie (Traylor Howard: “Eu, Eu Mesmo e Irene”, “O Filho do Máskara”), sempre atenta aos mínimos sinais e pronta para socorrer Adrian em seus transtornos. Disponível em streaming: Amazon Prime Video e Looke.

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> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), atua como redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há nove anos na Vila Ema.