Paçoca escapou no dia 20 de fevereiro de uma clínica veterinária na Vila Adyana. Foto cedida

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

WAGNER MATHEUS

Na noite do dia 20 de fevereiro, o cãozinho vira-latas Paçoca escapou de uma clínica veterinária na região da Vila Adyana e nunca mais foi visto. No último sábado completaram-se 30 dias do desaparecimento e o mistério continua. Onde está o Paçoca?

O administrador de empresas Jonathas Rizzi, 38 anos, morador no distrito de Eugênio de Melo (região leste), ficou preocupado quando, na noite e madrugada do dia 18 de fevereiro para 19, um dos seus três cães, o Paçoca, RND (raça não definida), 3 anos de idade, começou a vomitar sem parar.

“No sábado de manhã levei o Paçoca ao veterinário e a médica recomendou que ele ficasse internado por um dia para descobrirem o que estava acontecendo”, relata Jonathas. “No domingo de manhã, ligaram pedindo que eu fosse até lá e, quando cheguei, me disseram que na noite do sábado uma veterinária saiu com o cachorro na rua para que ele urinasse e ele escapou.”

30 dias de buscas  

A fuga ocorreu no Anima Hospital Veterinário, na Vila Adyana, a cerca de 100 metros da portaria do Parque Vicentina Aranha. Logo que foi comunicado, Jonathas e sua esposa Aline iniciaram uma busca desesperada por todo o bairro. Nenhuma pista.

O dono do animal resolveu recorrer às redes sociais. Os internautas se comoveram com a história e compartilharam as postagens. “Desde então, recebi mais de 100 ligações de pessoas dizendo terem visto um cachorro igual ao meu, outros me enviaram fotos, mas nenhuma informação levou ao Paçoca”, conta. “Houve um dia em que cheguei a rodar mais de 200 quilômetros de carro para tentar encontrá-lo, sem sucesso.”

 

Espera angustiada: Jonathas com imagem de Paçoca no celular. Foto / SuperBairro.

Insatisfação

Segundo Jonathas, a clínica imprimiu panfletos e contratou um carro de som para comunicar os moradores das imediações. Mesmo assim, ele tem críticas ao comportamento da Anima.

“Eles cometeram erros sucessivos, não podiam ter levado o cachorro para a rua, eu avisei que o Paçoca era um cão assustado, foi resgatado das ruas” reclama. “Além disso, por que só me avisaram no domingo de manhã se o cão desapareceu no sábado à noite?”, pergunta Jonathas, resumindo que ele e a mulher não estão satisfeitos com o comportamento da clínica no episódio.

Casal abalado

O sumiço de Paçoca caiu como um raio na casa da família. “Choramos muito, muito mesmo, ficamos dias sem querer comer, com dificuldade para dormir. Minha mulher não conseguiu trabalhar durante uma semana”, relata Jonathas. “A sensação é de você levar seu filho à escola e, no final do dia, quando for buscar, ficar sabendo que a criança sumiu.”

Segundo o proprietário, os outros dois cães da casa, os filhotes Milk e Nino, também estão sentindo falta de Paçoca. Os três são RND e foram resgatados das ruas. Paçoca é o mais velho e foi o primeiro a ser adotado.

Recompensa

Após 30 dias sem notícias, o casal promete continuar as buscas. E estabeleceu uma recompensa alta, de R$ 5 mil, para quem encontrar ou devolver Paçoca. “Quero o meu cachorro de volta para ter a minha vida de volta”, resume Jonathas.

Além disso, serão publicadas postagens patrocinadas no Instagram e no Facebook para que a informação chegue ao maior número possível de pessoas.

Paçoca é descrito como um cão de porte médio, magro e alto, dourado, com focinho e olhos pretos. Tem uma região tosada em uma das pernas. Também é definido como medroso, mas dócil. As informações devem ser enviadas para Jonathas pelos seguintes telefones: 12 98118-5931 e 12 3921-9612.

 

Hospital explica

Por meio de nota enviada por e-mail ao SuperBairro no dia 24 de março, o Anima Hospital Veterinário enviou sua posição sobre o caso. Seguem as respostas, em versão resumida.

Como ocorreu a fuga do animal?

A empresa possui procedimentos rígidos de segurança em todos os níveis. Uma dessas regras é a proibição de qualquer profissional sair de nossas dependências com qualquer animal, por qualquer que seja o motivo. Por se tratar de um cão bastante medroso, Paçoca não vinha urinando na baia de interação ao longo de horas, mesmo recebendo soro. A veterinária de plantão o levou para andar um pouco na área de nosso centro de convivência/café (área interna do hospital, onde levamos todos os demais pacientes), mas sem sucesso no caso do Paçoca. A profissional acabou tendo a infeliz ideia de levá-lo até uma árvore que fica em frente ao Hospital Anima, em nosso estacionamento, onde diversos cachorros urinam diariamente, a fim de estimulá-lo para tanto. Nesse momento o Paçoca se assustou com algum barulho e deu um “tranco” de sua coleira contra a guia que estava nas mãos da veterinária, desconectando a guia da coleira peitoral, e ele saiu em disparada. Esta ideia da profissional contrariou as regras da empresa.

Qual foi o diagnóstico que levou à sua internação?

Paçoca foi trazido ao Anima por apresentar episódios de vômitos na casa de seus tutores, falta de apetite e fezes amolecidas. Independente do diagnóstico, essa condição leva o paciente à desidratação e necessita de condutas de suporte em internação, para que não haja piora do quadro (hipotensão, perda significativa de eletrólitos, entre outras consequências ao metabolismo). O diagnóstico dependia da realização de exames, que foram propostos e iniciados simultaneamente à sua reidratação e início das medicações de proteção ao estômago e controle de náusea.

O que o hospital já fez para tentar localizá-lo?                                                                                                                                   

Nossas câmeras indicam a profissional saindo com Paçoca por volta das 20h do dia 20/02. Com a fuga, ela mesma buscou localizá-lo de imediato. Diante da constatada impossibilidade, telefonou ao hospital e solicitou ajuda de outros membros da equipe, que foram imediatamente às ruas buscando localizá-lo. Os diretores da empresa foram informados por volta das 21h30 e partiram imediatamente para a busca, encerrando-a apenas ao amanhecer. Diante do insucesso, tentaram contatar os tutores do Paçoca a partir das 6h30 da manhã do domingo, dia 21/2. O contato teve sucesso por volta das 8h. Contratamos carro de som diariamente rodando praticamente todos os bairros da cidade; impressão de cerca de 90 mil panfletos e contratação de equipe de panfletagem porta a porta, a postos também em diversos bairros da cidade; colocação de cartazes em pontos estratégicos; posts em redes sociais que atingiram até aqui 103 mil pessoas e obtiveram mais de 1.700 compartilhamentos; diretores, colaboradores da equipe, seus amigos e familiares em buscas pessoais pela cidade etc.

No dia 20 completaram-se 30 dias do desaparecimento. O hospital tem outras medidas previstas para adotar?

Entendemos que a estratégia mais correta neste caso é impactar o maior número de pessoas possível com a notícia do desaparecimento do Paçoca para que essas pessoas, solidárias, nos deem pistas de seu paradeiro. Entendemos que um grande número de pessoas em SJC e região já está ciente do ocorrido e nos ajudam direta ou indiretamente nas buscas, mas continuamos ativos na divulgação. Continuamos trabalhando esperançosos no retorno do Paçoca.

 

> Texto atualizado às 14h38 do dia 24 de março para acrescentar a posição do hospital veterinário.