Catástrofe: secretário-geral da ONU disse que milhares de empresas não estão cumprindo suas metas de neutralidade na emissão de carbono. Foto / Medi2Go/Pixabay

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

A menos de duas semanas da COP27, no Egito, secretário-geral disse que temperatura global pode chegar a 2,8ºC até fim do século

 

DA AGÊNCIA BRASIL*

A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou nesta quinta-feira (27) que as políticas internacionais atuais estão levando a Terra para um aquecimento de 2,8°C até o fim do século. O secretário-geral do órgão, António Guterres, disse que o mundo se dirige para uma catástrofe.

Em mensagem de vídeo, ele cita relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) mostrando que, longe de limitar o aquecimento global a 1,5ºC ou 2°C acima dos níveis pré-industriais, a forma como os países estão agindo agora, incapazes de cumprir as próprias promessas, levará as temperaturas a atingir 2,8°C até 2100.

Se forem cumpridos os compromissos concretos assumidos na última Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), realizada em Glasgow no ano passado, a projeção apenas diminui para 2,4 ou 2,6°C até o fim do século, disse ele. O relatório lembra que atualmente a Terra já está 1,1°C mais quente do que nos tempos pré-industriais.

A menos de duas semanas da COP27, na cidade egípcia de Sharm el-Sheik, Guterres avisou que os objetivos de neutralidade de carbono “não valem nada” sem ações para honrá-los. Ele pediu aos governos, principalmente aos do G20 –o grupo das 20 maiores economias mundiais–, a grupos privados e instituições financeiras, que fechem a lacuna entre esses compromissos e o que seria necessário para respeitar os objetivos do acordo de Paris.

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Metas descumpridas

Guterres avisou que “o mundo não pode dar-se ao luxo de greenwashing”, expressão que significa a apropriação ilegítima de virtudes ambientalistas por parte de pessoas ou instituições por meio de técnicas de marketing e relações públicas.

Milhares de empresas anunciaram metas de neutralidade carbônica, mas muitas são suspeitas ou acusadas abertamente de não cumprirem o compromisso em ações ou investimentos, o que é facilitado pela ausência de estrutura internacional comum para avaliar e supervisionar os compromissos de redução de emissões.

Lembrando a necessidade de investir massivamente nas energias renováveis, o secretário apelou ainda para a criação de um “pacto histórico” entre as economias desenvolvidas e emergentes do G20 a fim de impulsionar uma transição energética justa. Segundo o relatório do Pnuma, o mundo está se afastando dos combustíveis fósseis de forma demasiadamente devagar.

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O Acordo de Paris, principal tratado de combate ao aquecimento global, concluído em 2015, estabelece o objetivo de conter “o aumento da temperatura média do planeta bem abaixo de 2°C” e, se possível, abaixo de 1,5°C em relação à era pré-industrial, quando os países começaram a usar em quantidade os combustíveis fósseis.

A COP26 convocou os quase 200 países que assinaram o acordo a fortalecer suas cartas de compromisso, detalhando planos de redução de emissões, tecnicamente chamadas de “contribuições determinadas nacionalmente” (NDC).

Até o fim de setembro, apenas 24 países haviam apresentado NDC novas ou revistas, o que só ajudaria a reduzir as emissões em 2030, em apenas um ponto percentual adicional, segundo cálculos do Pnuma.

 

*Com informações da RTP (Rádio e Televisão de Portugal) e edição do SuperBairro.

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