Brasil está entre os três países da América Latina com maior concentração de renda nas mãos de uma minoria
ANA LÍGIA DAL BELLO
Brasil, Chile e México são os três países com maiores níveis de concentração de renda na ALC (América Latina e Caribe), segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).
Quase 60% da riqueza do país está limitada aos 10% mais ricos, segundo os cálculos do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) apresentados no relatório divulgado no último dia 22. Isto faz do Brasil o segundo país mais desigual do mundo, atrás apenas do Catar, no Oriente Médio.
Se de um lado da balança os países latino-americanos ficaram mais pobres e problemáticos, do outro, o número de bilionários aumentou 40% durante a pandemia, segundo dados da revista Forbes. Com isso, as disparidades nos países em desenvolvimento ficaram ainda maiores. Entre esses bilionários estão os brasileiros, que se apoderam de 75% do dinheiro do bloco latino.
Ricos x pobres
A desigualdade social inclui a disparidade de salários entre homens e mulheres, baixo acesso aos serviços públicos, violência, entre outros. Com a pandemia de covid-19, essas diferenças negativas foram acentuadas, como a violência doméstica e os baixos níveis de educação.
No caso da educação, o ensino remoto ficou marcado pela dificuldade que já existia de acesso dos mais pobres a ferramentas tecnológicas e acadêmicas e pela falta de apoio dos tutores.
Quanto maior a disparidade entre pobres e ricos, maiores também são os níveis de violência, seja física, criminal, psicológica ou sexual, já que isto afeta o crescimento econômico e o capital humano.
Segundo especialistas, as possíveis soluções para esses problemas são de longo prazo e precisam ser contínuas. Incluem mudanças como revisar as regulações do mercado para acabar com as que favorecem interesses privados, em vez do bem comum, aplicar medidas antimonopólio e prover sistemas universais de proteção social.