As redes sociais dos internautas de São José dos Campos e Vale do Paraíba começaram a ser “invadidas”, a partir da noite dessa quinta-feira (2), e até o momento em que escrevo esta crônica especial –meu dia aqui no SuperBairro é a terça-feira– o tsunami de amor, carinho, amizade, respeito e solidariedade não perdeu a força.
Pensa em um cara querido por todos: descobri que esse cara era o Abel Freitas. Era ou é? Acho que é. As pessoas continuam falando dele, do seu jeito de falar, da sua simpatia, da sua competência, da sua trajetória e, agora, da sua passagem para o plano espiritual, como se tudo fosse uma continuidade sem fim. E penso que é.
Se a essa altura alguém ainda não sabe, Abel Freitas era jornalista, radialista e editor de conteúdo. Apresentava, atualmente, um programa na TV Band Vale no período da manhã.
Abel morreu na tarde da quinta-feira (2), aos 36 anos, por complicações da covid-19. Ele estava internado há cerca de 30 dias. A família mobilizou os amigos, conhecidos e seguidores nas redes sociais e promoveu uma corrente de orações pela recuperação de Abel na terça-feira (30 de novembro), às 23h. Foram dezenas e dezenas de compartilhamentos.
Não conheci pessoalmente o Abel Freitas, nossos caminhos profissionais não se cruzaram. Mas tive alguns contatos por Facebook com ele, creio que outro por telefone atendendo a alguma demanda como assessor de imprensa da Prefeitura de São José.
Mas também fui atingido pelo seu estilo descontraído e suave que agradava a tanta gente. Tenho divulgado a coluna semanal de política do SuperBairro entre os meus contatos no WhatsApp. Penso que as pessoas precisam voltar a gostar de se informar sobre política, só assim vamos construir uma política melhor e mais útil para o país.
Mas ele, depois de receber quatro ou cinco colunas, me enviou uma mensagem supereducada: “Lindão, tudo bem? Pode me excluir da sua lista de transmissão, por favor? Grato”. Ao que eu respondi: “Tudo bem, Abel? Claro que sim. Abraço”. Esse foi o nosso breve e último contato, no dia 17 de setembro.
Também conheci pouco a jornalista e radialista Maria Silene, mãe do Abel. Foram breves contatos pessoais, mas acompanhava o seu trabalho nos veículos pelos quais passou. E pude perceber, em várias das mensagens publicadas agora para o Abel, uma homenagem à mamãe Maria Silene pelo esforço que fez para criar os filhos e pela presença sempre próxima do Abel junto dela. Até que ela morreu, de câncer, e pouco tempo depois o menino assumiu o lugar da mãe na mídia regional.
Vou concluir este registro com uma outra constatação, mais objetiva, se me permitirem. Até na sua passagem para o outro plano Abel Freitas cumpriu a missão do profissional de comunicação: levou uma mensagem importante para nós que ficamos aqui, sabe-se lá até quando.
A morte de alguém conhecido por muitas pessoas e admirado por elas, dependendo da causa, cumpre um papel educativo e serve para alertar a quem ainda não se convenceu de que, com a saúde, não se brinca. Neste momento em que o número de mortes e casos de covid-19 está despencando em todo o Brasil, as pessoas precisam saber que, mesmo assim, a covid ainda não foi totalmente vencida, a pandemia ainda existe, ainda morrem, em média, mais de 200 pessoas por dia no país pela mesma causa da morte de Abel Freitas.
Que o Abel descanse em paz. Aliás, descanse não, mas tenha breves férias para, em seguida, recomeçar a conquistar pessoas lá onde seu espírito estiver. Pelo que me disseram, a vida “nas várias moradas” do Pai é feita de muito trabalho e muitas missões. E o Abel, com certeza, gosta disso.
> Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 46 anos. É editor do SuperBairro. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.