Policiais federais iniciam ações para erradicar o garimpo ilegal praticado nas terras dos ianomâmis. Foto / Polícia Federal/Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Inutilização da infraestrutura visa interromper a logística criminosa; PF também deflagra operação contra esquema de lavagem de dinheiro do comércio de ouro ilegal

 

DA AGÊNCIA BRASIL*

A Polícia Federal começou nesta sexta-feira (10) a implementar as ações de erradicação do garimpo em terras ianomâmi, de forma a interromper a logística do crime, “com foco na inutilização da infraestrutura utilizada para a prática do garimpo ilegal, bem como a materialização das provas sobre a atividade criminosa”. As ações ocorrem no âmbito da Operação Libertação.

“O foco principal, neste momento, é interromper a prática criminosa e proporcionar a total e efetiva retirada dos não indígenas da Terra Ianomâmi, preservando os direitos humanos de todos os envolvidos”, informou a PF, que conta com a ajuda de Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Fundação Nacional do Índio (Funai), da Força Nacional e do Ministério da Defesa.

Em nota, o chefe da Diretoria de Meio Ambiente e Amazônia da PF, Humberto Freire, informou que as ações focam “a logística do crime e o registro da materialidade delitiva, e não nas pessoas envolvidas, de modo a evitar que haja dificuldades na saída dos não índios da Terra Ianomâmi”.

Segundo ele, há que se ter cuidado em evitar problemas devido ao fato de alguns garimpeiros não estarem conseguindo deixar a área. A preocupação do diretor é evitar que eles acabem sem meios de subsistência mínima. “Não podemos esquecer que o foco principal da operação é a desintrusão total dos não índios da Terra Ianomâmi”, justificou.

De acordo com a PF, a Operação Libertação será mantida até que a legalidade seja restabelecida na Terra Ianomâmi.

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Lavagem e ouro ilegal

A Polícia Federal deflagrou também nesta sexta-feira operação contra esquema suspeito de lavagem de dinheiro de comércio de ouro ilegal em Roraima e em Pernambuco. Estão sendo cumpridos oito mandados de busca e apreensão e bloqueio de bens, autorizados pela 4ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal em Roraima.

Um dos alvos da ação, chamada Operação BAL, é a irmã do governador Antonio Denarium, Vanda Garcia de Almeida. Além de Vanda, outros parentes do governador estão entre os investigados. Em nota, Denarium disse que recebeu a notícia e desconhece o teor da investigação contra a irmã. Ele espera que eventuais responsabilidades sejam apuradas na forma da lei. Ele afirmou ainda que está à disposição para esclarecimentos e continuará colaborando com as ações em conjunto com o governo federal para a solução da crise ianomâmi.

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Empresas de fachada

De acordo com a PF, o esquema teria movimentado R$ 64 milhões em pouco mais de dois anos. O grupo criminoso usava empresas de fachada para lavar dinheiro da compra e venda de ouro extraído ilegalmente na região.

Conforme as investigações, os suspeitos recebem os valores de diversos financiadores pelo Brasil e sacam ou transferem o dinheiro para pessoas e empresas em Roraima responsáveis pela compra de ouro ilegal.

O grupo foi descoberto pela Polícia Rodoviária Federal durante uma operação nas estradas. “Durante a ação de rotina, os policiais verificaram inconsistências na narrativa dos passageiros de um veículo, os quais tentaram ocultar uma viagem recém-realizada a Rondônia e encaminharam os fatos à Polícia Federal”, diz nota da PF.

O nome da operação (BAL) é uma alusão a um composto utilizado para tratar o envenenamento por ouro (British Anti-Lewsite).

 

*Com edição do SuperBairro.

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