A informação foi dada pelo ministro Flávio Dino, que não detalhou a ação; ele também falou sobre atos violentos em unidades escolares, dizendo que a maioria tem a ver com a proliferação de discursos de ódio
DA REDAÇÃO*
A Polícia Federal está investigando a hipótese de uma rede terrorista buscar se instalar no Brasil. A informação é do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que participou nesta quarta-feira (8) da cerimônia de assinatura do Acordo de Cooperação Técnica para a criação do Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra).
A Operação Trapiche foi deflagrada hoje para interromper atos preparatórios de terrorismo e obter provas de possível recrutamento de brasileiros para atos extremistas no país. Segundo a PF, foram cumpridos dois mandados de prisão temporária e 11 mandados de busca e apreensão nos estados de Minas Gerais, São Paulo e no Distrito Federal.
Nota divulgada pela PF informou que recrutadores e recrutados devem responder pelos crimes de “constituir ou integrar organizações terroristas” e “realizar atos preparatórios de terrorismo”. Se somadas, as penas máximas para tais crimes podem chegar a 15 anos e 6 meses de prisão.
Segundo publicou a “Folha de S.Paulo” em sua edição desta quarta-feira, a apuração que deu origem à ação investigou atos preparatórios que estavam em andamento para ataques a prédios da comunidade judaica no Brasil. A operação contou com a parceria do Mossad, a agência de inteligência de Israel.
O ministro reforçou que ainda não há confirmação, mas a investigação mostra o trabalho do governo federal para desarticular no Brasil eventuais redes internacionais voltadas ao terrorismo. “Vejam que é uma hipótese. Quando for possível, a Polícia Federal vai divulgar os detalhes sobre isso”, assegurou.
Segurança nas escolas
Flávio Dino também falou sobre as operações para apurar a violência nas escolas. De acordo com o ministro, as ações partem da possibilidade de que atos violentos nas unidades escolares têm a ver com a proliferação dos discursos de ódio, e não com a as narcomilícias.
“Infelizmente há quase sempre a localização de artefatos ou livros que evocam o nazismo ou neonazismo”, detalha. “Isso está mais relacionado com os abusos de plataformas digitais envolvendo adolescentes ou jovens adultos. Anteontem teve uma operação em Santa Catariana que estava vinculada ao ataque em Sapopemba, em São Paulo, mostrando que é uma rede que ultrapassa as divisas de cada estado”.
O ministro aproveitou o tema para divulgar o site De Boa nas Redes, lançado pelo Ministério da Justiça, um dicionário de como as famílias podem proteger crianças e adolescentes exercendo monitoramento e prevenção.
“Não significa que o Estado se desonera das suas responsabilidades”, destacou, acrescentando que o Laboratório Contra Crimes Cibernéticos do Ministério da Justiça está trabalhando em conjunto com os governos estaduais nesse tipo de crime.
*Com informações da Agência Brasil.