Ilustração / Pixabay

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Nos meus 66 anos, já vi quase tudo. Sou da época que mulher bebia pouco e não falava palavrão, que os pais mandavam e quase sempre eram obedecidos, que as crianças e jovens eram ensinados que o único caminho para o futuro era o estudo.

Hoje me sinto cansado. Como pode tudo ter mudado tão profundamente? Chegamos a um ponto em que quase ninguém acredita mais na Educação, poucos botam fé no trabalho para uma vida melhor, quase ninguém acha que adquirir cultura é importante para crescer como ser humano. E mulher bebe igual ou mais do que homem e é igualmente “boca suja”.

Percebo que, nos dias de hoje, o imediato, o instantâneo, é o que importa. Para que estudar se você não é famoso ou famosa? Para que juntar pequenas economias se tem gente que mostra riquezas quase imediatas? Por que ser humilde se quem está “vencendo na vida” são exatamente os arrogantes?

Amigos e amigas, tenho que confessar que é difícil ser velho nos dias de hoje. A maioria abriu mão de valores fundamentais para apostar numa espécie de jogatina em que coloca o seu futuro. Tudo rápido, tudo quase imediato.

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E aí vem a tal da política, que a maioria, hoje, demoniza. E demoniza por quê? Porque, o sistema e a classe política atual são exatamente o reflexo do que nós nos transformamos como pessoas e cidadãos. Eles são exatamente como nós temos sido.

E o que nós temos sido? Temos sido ignorantes, preconceituosos, negligentes, hipócritas, preguiçosos, omissos e muito mais. Tantas falhas nossas, ao longo de décadas, não foram ignoradas pelos candidatos a serem nossos representantes em prefeituras, câmaras municipais, assembleias etc.

O que você talvez não tenha percebido é que os candidatos procuram se apresentar exatamente como você deseja que eles sejam. Antigamente era o contrário. O candidato dizia o que pensava e o eleitor que concordasse votava nele.

Os tempos foram mudando, o tal marketing eleitoral se sofisticou e a maioria dos candidatos virou uma grande mentira. Institutos contratados pesquisam as aspirações dos eleitores e transformam isso em discursos e compromissos do candidato a que servem.

Pelo jeito, você não está exigindo muito para votar em um candidato. Se fosse mais exigente, receberia representantes melhores. Que tal começar a mudar o seu nível de exigência na eleição de outubro? Lembre-se: o marketing eleitoral vai orientar os candidatos a seguir exatamente o que você quer.

Aproveite a campanha eleitoral, é quando você pode exigir mudanças e ser ouvido. Ou, pelo menos, eliminar os maus candidatos. Tente, invente, idealize uma política diferente. Quem sabe dá certo.

 

> Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 48 anos. É editor do SuperBairro. Mora na Vila Guaianazes há 23 anos.

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